Entrevista

A religião como promoção do ser humano

A religião como promoção do ser humano

Religiões e Direitos Humanos – A Paz é Fruto da Justiça é o tema da VI Semana de Cultura Religiosa da PUC-Rio, que será entre terça, 16, e quinta-feira, 18. O Coordenador de Cultura Religiosa (CRE), padre João Geraldo Machado Bellocchio, conta os principais objetivos e temas do encontro, que terá como base de discussão a influência da Segunda Guerra Mundial e da Ditadura Militar no Brasil na luta pela garantia dos direitos humanos e a participação das religiões nesse processo.

Por que a escolha do tema Religiões e Direitos Humanos?

Padre João Geraldo Machado Bellocchio: Esse tema tem estado em evidência na sociedade nos últimos tempos. Sobretudo porque estamos vivendo, no decorrer deste ano, os 100 anos da Primeira Guerra Mundial e também os 50 anos do Golpe Militar no Brasil. Por esta razão, nós buscamos, a partir dessas experiências e com o intuito de demonstrar o significado do livre arbítrio, que os direitos adquiridos pelos homens sejam respeitados.

Qual a relação entre religião e direitos humanos?

Padre João Geraldo: A experiência que a CRE tem dentro da Universidade é pelo conceito religioso. A Cultura Religiosa tem a função de promover o indivíduo, conservando a integridade, naquilo que ele é. Por este motivo, temos que focar nessas diretrizes, a fim de buscar um ponto histórico, a partir da conscientização dos direitos humanos. Precisamos refletir sobre como que as igrejas cooperaram e continuam a cooperar ainda hoje sobre o assunto. Em nosso caso, por trabalharmos na Universidade, também queremos saber como a PUC pode ajudar na promoção dos direitos humanos.

Quais as principais questões da VI Semana de Cultura Religiosa?

Padre João Geraldo: Começamos pelo diálogo interreligioso, a partir da ação da Arquidiocese do Rio com a PUC, e como ela está trabalhando a questão dos direitos humanos. Vamos falar também sobre o tráfico humano, pois ele se refere à Campanha da Fraternidade deste ano, que foi desenvolvida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Também abordaremos a respeito da contribuição dos jesuítas e protestantes para a formação dessa conscientização. Não poderíamos deixar de abordar as questões do Golpe Militar e dos 100 anos da Primeira Guerra Mundial, que são dois marcos importantíssimos. Nós também fizemos uma proposta aos departamentos da PUC para que eles tivessem a oportunidade de apresentar o que cada um estaria fazendo em prol dos direitos humanos. O objetivo da sugestão é que não fique algo apenas teórico, mas em questões práticas que possam demonstrar ao aluno o que cada departamento está fazendo em relação a isso. Por fim, encerraremos com o legado dos alunos. Porque nós trabalhamos primeiro com a instituição em si, depois com a instituição como um serviço religioso, e também como universidade. É necessário também que os alunos tenham algo a dizer. O que os alunos têm a nos apresentar é a conscientização deles em relação aos direitos humanos.

Como o senhor avalia o papel da mídia nos direitos humanos?

Padre João Geraldo: Ela tem um papel muito importante, pois a mídia pode ser uma grande promotora e conscientizadora, como também, por outro lado, uma destruidora. É uma faca de dois gumes. Por isso que vamos trabalhar com a mídia, dando enfoque no elemento da violência como espetáculo. O filme Jogos Vorazes, que abordaremos em um dos temas das palestras, é um exemplo claro da violência como espetáculo. Será esse o caminho do nosso futuro? Uma sociedade espelhada na Roma Antiga, onde matávamos pessoas em arenas? Não é isso que queremos.