Entrevista

Ação contra a fome e a favor da justiça social

Ação contra a fome e a favor da justiça social

Professora Ana de Almeida Ribeiro: leitura freiriana (Foto: JP Araujo)

Até o dia 15 de dezembro, a comunidade PUC-Rio pode participar da Campanha “Café Solidário: porque a fome não espera”, iniciativa do grupo Café com Paulo Freire na PUC-Rio. A professora Ana de Almeida Ribeiro, que integra o Núcleo de Educação de Adultos da PUC-Rio (NEAd), conta sobre o trabalho que é feito pela equipe. Ela explica que a temática da fome faz parte de um plano de ação definido pela Rede Internacional Café com Paulo Freire. A ideia é que a atividade seja desenvolvida a partir de uma leitura “freiriana”. A professora lembra que o Natal é tempo de encontro e de partilha: “Juntos podemos muito”. Para contribuir com esta campanha é só entrar no site (clique aqui). A doação poderá ser feita por boleto bancário ou cartão de crédito.

O Núcleo Café Paulo Freire na PUC-Rio promove na Universidade, até o dia 15 de dezembro, a campanha “Café Solidário: porque a fome não espera”. A arrecadação de alimentos vai para três instituições cariocas: Casa de Cultura Cidade de Deus, Tamo Junto Rocinha e Coletivo Favela Vertical, no Gardênia. Qual é a importância e a urgência desta ação solidária?
Ana de Almeida Ribeiro:
Neste ano de 2022, a Rede Internacional Café com Paulo Freire definiu “coletivamente” no seu Plano de Ação (2022-2024) que todos os núcleos deveriam, de alguma maneira, trabalhar a temática da fome, a partir de uma leitura freiriana. A fome é um tema atual, que cresceu muito nos últimos tempos e desafia a sociedade brasileira. Em sintonia com esta proposta, o Café Paulo Freire na PUC-Rio no semestre 2022.1 fez o estudo do livro À sombra dessa mangueira. Nele, Paulo Freire faz referência à fome em vários capítulos. Para além do estudo teórico deste tema, o núcleo Café com Paulo Freire na PUC-Rio teve o desejo de realizar uma ação concreta de combate a este mal que vem, nos últimos tempos, maltratando a população mais empobrecida residente nas comunidades em que a PUC-Rio está representada por algum trabalho na área social. Esperamos que esta ação possa, de alguma maneira, ajudar a minimizar a fome de comida e também a fome de justiça social e de consciência política.

Em que momento a PUC-Rio resolveu fazer parte da Rede Internacional Café com Paulo Freire?
Ana:
Em 2021, o Departamento de Educação realizou diversas ações com o intuito de celebrar o centenário de Paulo Freire. No mundo inteiro esse centenário foi celebrado. Como parte da programação, o Departamento de Educação organizou um Café Com Paulo Freire, integrando-se assim a um movimento que iniciou em 2018 no Rio Grande do Sul em defesa do legado de Paulo Freire, em um momento em que sua imagem como patrono da educação brasileira estava sendo duramente atacada. O movimento desde 2018 vem crescendo e hoje conta com cerca de 40 núcleos em diversos estados brasileiros. Além disso, já existem Cafés com Paulo Freire na Suécia, em Londres, na Grécia e na Argentina. O núcleo da PUC-Rio é organizado por dois professores do Departamento de Educação, Maria Inês Marcondes e Renato Pontes; o doutorando da área de educação, professor Carlos Oliveira, e eu.

Vocês já promoveram outras campanhas em diferentes comunidades. Como vocês escolhem e priorizam a ajuda? A compra dos produtos das cestas também ajuda a movimentar o comércio local?
Ana:
Esta é a primeira campanha realizada pelo Núcleo Café com Paulo Freire da PUC-Rio. Porém, o NEAd já desenvolve outras ações nas áreas de arte, cultura e educação na Casa de Cultura Cidade de Deus, desde 2011. Ali foram realizadas outras campanhas de combate à fome, e a metodologia utilizada sempre foi priorizar as famílias, das quais já foi organizado um cadastro, com maior número de filhos, pessoas desempregadas, condição de moradia. A compra das cestas é feita nas redes de supermercados locais, com o objetivo de fortalecer a economia nas periferias da cidade.

O espírito natalino inspira a comunidade PUC-Rio. O que cada pessoa deve fazer para ajudar o próximo em um momento tão difícil como este em que vivemos?
Ana:
O Natal é tempo de encontro e de partilha. É também momento de diálogo e de ação concreta em favor da vida, que deve ser o centro de nossa ação como seres humanos. Momento de preservar a vida e reconstruir a humanização. Juntos podemos muito. Na sociedade atual é importantíssimo que se enfrente o problema da fome de comida, mas também de consciência e de transformação social.