Entrevista

Aluno ganha Prêmio Verde da Sociedade Botânica do Brasil

Por: João Jorge

Aluno ganha Prêmio Verde da Sociedade Botânica do Brasil

Lucas Leal e professora Jakeline Prata

O aluno de Ciências Biológicas da PUC-Rio Lucas Leal ganhou, em julho, o Prêmio Verde 2021 da Sociedade Botânica do Brasil com o trabalho científico sobre a Fenodinâmica de Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos (Bignoniaceae) ex-situ, na cidade do Rio de Janeiro, como indicadora de efeitos antropogênicos. Orientado pela professora Jakeline Prata, do Departamento de Biologia, Leal desenvolveu o estudo para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que busca entender o comportamento das espécies de ipê inseridas na arborização urbana do Rio de Janeiro. Além da satisfação pela conquista acadêmica, Leal e Jakeline acreditam que o prêmio evidencia a excelência da pesquisa desenvolvida pela PUC-Rio no ramo da Botânica. Eles falaram também sobre o desenvolvimento do trabalho científico e a importância do Prêmio Verde para os alunos da graduação em Ciências Biológicas.

Qual o objeto de pesquisa do TCC?
Lucas Leal:
O meu TCC no curso de Ciências Biológicas é um desdobramento da pesquisa desenvolvida durante a minha iniciação científica, que começou no início de 2018. O objeto de estudo foi entender como é o comportamento reprodutivo das espécies de ipê – árvores famosas pela grande florada no meio do ano – inseridas na arborização urbana da cidade do Rio de Janeiro. E, a partir disso, quais elementos climáticos do ambiente urbano influenciam na floração e na frutificação destas espécies.
Jakeline Prata: O Lucas trabalhou com a fenologia de plantas. É um trabalho que requer longo período de observação e exige tenacidade. No TCC, nós pesquisamos o padrão de floração de espécies de Bignoniaceae em diferentes locais da cidade do Rio de Janeiro e como o comportamento fenológico das espécies está relacionado aos elementos climáticos.

Explicando para os leigos, o que seria Fenodinâmica de Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos (Bignoniaceae) ex-situ, na cidade do Rio de Janeiro, como indicadora de efeitos antropogênicos?
Lucas Leal: Na natureza, há eventos biológicos que ocorrem continuamente entre os diferentes seres vivos, relacionados ao seu ciclo de vida. Por exemplo, uma árvore adulta possui períodos do ano em que ela troca de folhas; em outros, expõe as flores; e ainda, em outro momento, pode formar os frutos. São estes eventos que chamamos de fenofases. A Fenologia é o ramo da Ecologia que estuda as causas das fenofases em relação aos fatores ambientais e biológicos. Já a fenodinâmica é o comportamento das fenofases ao longo do tempo. Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos, que pertence à família botânica Bignoniaceae, é o nome científico de uma espécie de ipê, conhecida popularmente como ipê-roxo, bastante utilizado na arborização urbana de várias cidades do Brasil. Dessa forma, o objetivo do estudo do meu TCC é entender o comportamento dos eventos biológicos recorrentes – as fenofases – de indivíduos de ipê-roxo em um dado ambiente.
Jakeline Prata: A fenodinâmica é o comportamento da espécie ao longo de um ano. Por exemplo: quando a planta perde folhas, quando ela vai florescer, quando ela frutificou. No TCC, Lucas trabalhou com os Ipês na cidade do Rio de Janeiro. Os ambientes urbanos, como a cidade do Rio, são grandes laboratórios para estudar o comportamento fenológico das plantas frente às mudanças climáticas. O objetivo do TCC foi, portanto, pesquisar como essa espécie se comporta na cidade do Rio de Janeiro, sabendo das alterações do ambiente urbano

Qual a importância de ganhar o Prêmio Verde da Sociedade Botânica do Brasil?
Lucas Leal:
O objetivo do prêmio é estimular a formação de recursos humanos e a pesquisa científica na botânica. Além da honra de ter o trabalho reconhecido por grandes pesquisadores na área, ganhar o prêmio é uma forma de representar a minha instituição de formação dentro da comunidade brasileira de pesquisa botânica. O curso de Ciências Biológicas da PUC-Rio é considerado recente e há poucos dias comemorou dez anos de formação. Portanto, é importante exercer a representatividade nas mais diferentes áreas, evidenciando a excelência das pesquisas desenvolvidas pela PUC-Rio.
Jakeline Prata: Essa foi a primeira vez que a PUC-Rio concorreu ao prêmio. O Prêmio Verde é importante, pois estimula o estudante a mostrar a sua pesquisa para o público do Congresso de Botânica, que reúne anualmente os botânicos do Brasil. O Prêmio Verde é importante para incentivar os alunos a seguirem a carreira acadêmica. Vale pela visibilidade e pela experiência de ser sabatinado por pesquisadores no ramo da Botânica.

Qual a importância de estar numa faculdade que valoriza o estudo e a pesquisa da biologia e do meio ambiente?
Lucas Leal:
A formação em Ciências Biológicas foca nas questões ambientais e no olhar para as áreas urbanas. Isso me auxiliou muito a desenvolver minhas hipóteses para a minha iniciação científica durante as próprias aulas obrigatórias do curso. Além disso, a equipe técnica me auxiliou muito na coleta dos materiais vegetais para a identificação das plantas. A estrutura do Herbário Friburguense da PUC-Rio também foi importante, pois permitiu que eu trabalhasse com estas coletas, que foram essenciais para o desenvolvimento da minha pesquisa.
Jakeline Prata: A PUC-Rio sempre incentivou a pesquisa. Além disso, a questão ambiental pertence à universidade, tanto pela natureza do campus quanto pelas linhas de pesquisa dos cursos, que vão além do Departamento de Biologia. Tratar da Ecologia na cidade e da cidade, porque precisamos entender melhor o que acontece no nosso quintal. O incentivo da PUC-Rio à pesquisa científica faz com que a universidade tenha bons alunos e bons professores.