Entrevista

Aposta no diálogo e multiplicidade de abordagens

Aposta no diálogo e multiplicidade de abordagens

A professora Luisa Severo Buarque de Holanda explicou as opostunidades oferecidas pelo Instituto. Foto: Thaiane Vieira

O Instituto de Estudos Avançados em Humanidades da PUC-Rio (IEAHu) oferece editais de apoio financeiro com o objetivo de fomentar a interdisciplinaridade dentro da Universidade. A terceira edição dos editais, cujas inscrições abrem em julho, vai contemplar, pela primeira vez, não só o corpo docente, como também o corpo discente e grupos de pesquisa da PUC-Rio. Coordenadora do Instituto, a professora Luisa Severo Buarque de Holanda conta sobre a proposta da busca pelo diálogo entre diferentes perspectivas que já apoiou projetos como a Mostra Bosque e o Movimento Longevidades, realizados no campus da Universidade.

Como surgiu a iniciativa dos editais?

Luisa Severo Buarque de Holanda – Nós compomos um conselho consultivo grande, composto de professores que atuam em alguns departamentos do CTCH, e outros que atuam no CCS. Começamos a implantar uma política de editais, o Instituto também propõe iniciativas e traz professores, minicursos, organiza eventos, mas resolvemos implantar essa política de editais, simultaneamente, porque damos chance aos professores da PUC de realizar atividades interdisciplinares, um apoio financeiro. A interdisciplinaridade é a única condição necessária, já que o Instituto foi criado para fomentar a interdisciplinaridade dentro da PUC-Rio, de resto, os professores propõem os eventos dos mais variados, já tivemos ações ligadas a arte cênicas, por exemplo, com literatura, são propostas bem variadas.

O Instituto já realizou outras edições desse edital?

Luisa – Nós já fizemos duas edições desse edital para realização de eventos por professores, está no site a terceira edição, que vai abrir em julho. Nós estamos conseguindo apoiar eventos de excelência acadêmica com grande apelo e público, com bastante conversa também com instituições de fora da Universidade, o que é interessante para nós essa abertura da PUC, não só para outras universidades como para sociedade em geral. Temos algumas outras atividades de caráter extra acadêmico, trazendo pessoas que não são nem estudantes, nem professores universitários, mas que se interessam pelo tema.

Quais são as novidades dos editais deste ano?

Luisa – Este ano resolvemos arriscar nos novos editais, um deles é de apoio a grupos de pesquisa, grupos que já sejam interdisciplinares. Há aqui uma série de grupos que juntam professores de vários departamentos porque precisam mesmo dessa conversa entre diferentes perspectivas. Muitos desses grupos têm registro nos diretórios acadêmicos do CNPq, ou seja, eles são oficiais e precisam de um apoio financeiro para uma série de iniciativas, as mais variadas como, por exemplo, a confecção de um site, a tradução de artigos ou aquisição de bibliografia. Nós também resolvemos, num ato que eu considero bastante ousado, a proposta de que alunos, de graduação ou pós-graduação, também apresentem projetos de eventos.

Por que abrir também para alunos e grupos de pesquisa?

Luisa – A parte da docência é evidente, toda a nossa política de apoios financeiros vai para iniciativas de docentes, já que somos um instituto de estudos avançados e é entre eles que queremos estimular essa interdisciplinaridade e, através desse estímulo, chegar aos discentes. Mas ao mesmo tempo, começamos a perceber, uma demanda por parte dos próprios discentes de terem sua autonomia e começar a se arriscar no campo da organização de eventos, que é ampla o suficiente para abarcar vários formatos. Por isso, além da autonomia, o objetivo é estimular assuntos que atualmente interessam ao discente e também possam atrair a atenção do docente, isto é, que possibilite um caminho inverso. O importante é que pessoas conversem entre perspectivas disciplinares diferentes, e que esta experiência possa ser bastante enriquecedora, que cada um possa ficar cada vez mais permeável ao discurso do outro. Estamos apostando nesse diálogo entre uma certa unidade de temas, mas uma enorme multiplicidade de abordagens.

Há pretensões de continuar o projeto?

Luisa – É tudo ainda experimental, muitas vezes precisamos mudar um pouco o edital, porque só na prática percebemos o que funciona e o que não funciona. Sim, a ideia é que isso possa ser uma política constante, de preferência anualmente.

Quais são os impactos e resultados deste edital na vida acadêmica dos contemplados?

Luisa – Ao ser contemplada pelo edital, a pessoa ganha, ao menos, uma grande experiência de confecção, formulação, redação e organização de projeto que, eventualmente, ela usará para o resto da vida. Não só isso, como também as horas complementares e o aprendizado de trabalhar em grupo em tudo isso. Além disso, o grande impacto são as discussões e debates que esse encontro vai gerar, ainda mais se ele vier por vontade dos discentes, acredito que, dessa forma, as pessoas estarão muito mais envolvidas e engajadas.