Entrevista

Avaliação interna: benefícios e desdobramentos

Avaliação interna: benefícios e desdobramentos

Marco Antonio Casanova, Carla Leitão e Patrícia Villela

A cada dois anos, a PUC-Rio realiza uma avaliação interna na qual participam alunos, funcionários e professores. Com base nos dados coletados, estratégias e ações podem ser traçadas e desenvolvidas em proveito do aperfeiçoamento das atividades já oferecidas. Marco Antonio Casanova, coordenador da Coordenação Central de Planejamento e Avaliação (CCPA), esclareceu os benefícios da pesquisa para a comunidade. Carla Leitão e Patrícia Villela, ambas assessoras de planejamento e avaliação, participaram da conversa.

Como a avaliação interna pode contribuir para a PUC?

Marco Antonio Casanova: Existem coisas que são óbvias e que não precisam de avaliação interna para sabermos se funcionam. Por exemplo, simplesmente olhando podemos perceber se o elevador precisa ou não de manutenção. Precisamos de uma avaliação interna para saber, por exemplo, se os professores concordam que o currículo do curso é adequado. São eles que fazem o currículo, mas são muitos, então é muito bom saber qual é a avaliação dos professores do próprio curso que eles ministram. Qual é a avaliação dos alunos no que diz respeito às cadeiras que são oferecidas? A disciplina, a ementa… É uma ementa atualizada? É aquilo que eles esperavam? Se você não fizer uma pesquisa de opinião, será muito difícil ter uma ideia razoavelmente precisa sobre o que as pessoas pensam sobre as atividades que lhes são pertinentes. A importância da pesquisa reside no fato de que ela nos dará uma percepção muito mais precisa dos aspectos que não são necessariamente óbvios.

Carla Leitão: É um momento, de dois em dois anos, em que nós conseguimos ver as várias facetas da comunidade olhando para o mesmo problema. Nós conseguimos um olhar integrado sobre a PUC. Diferentes perfis veem diferentes pontos da universidade e assim você começa a estabelecer prioridades. Um bom tratamento depende de um bom diagnóstico. E a avaliação é o momento do diagnóstico. Todos diagnosticando a Universidade. Essa avaliação nós fazemos com prazer, porque ela é útil.

Patrícia Villela: É também interessante o fato de o próprio professor avaliar seu local de trabalho, dizendo se é ou não adequado. Também os funcionários podem avaliar e dizer se o local onde atuam é apropriado.Por que é importante participar?

Marco Antonio: Existem aspectos que são muito difíceis de serem avaliados quando olhados de fora. Sobre os cursos, por exemplo, existe uma percepção do aluno sobre a utilidade do curso para si? Essa avaliação é um instrumento de exteriorizar a percepção sobre o objeto. Eu considero a biblioteca ótima, mas e os alunos? Eu não sei se todos os alunos acham a biblioteca ótima. A partir dessas questões, que foram elaboradas cautelosamente, poderemos ter ideias mais precisas das dimensões que não são óbvias de avaliar.

Carla: É questão de pergunta e resposta. Nós perguntamos por que não sabemos a resposta. É importante participar porque queremos respostas. Essa avaliação traça um retrato atual e um retrato comparativo. Devido ao fato de utilizarmos as mesmas questões ao longo dos anos, podemos estabelecer uma linha cronológica. Ou seja, estamos melhorando ao longo do tempo ou estamos piorando ao longo do tempo? Em quê?Quem será o maior beneficiado?

Marco Antonio: Em última instância o beneficiado é sempre o aluno. Nós somos uma universidade, prestamos serviços e o principal é a educação. Mas, em suma, queremos é aperfeiçoar a qualidade do ensino.A comunidade tem acesso aos resultados?

Marco Antonio: Sim, tem. Nós iremos publicar os resultados no início do ano que vem. Os dados serão coletados agora, visando à manutenção dessa série bianual, e no começo do ano que vem analisaremos os resultados e montaremos um quadro. Assim teremos um retrato tanto dessa avaliação quanto um retrato comparativo com as demais.

Carla: O aluno é a razão de existência da universidade, então ele deve ser o beneficiado.Na última avaliação, houve algum resultado inesperado?

Carla: Algo que eu considero sempre inesperado é que nós sempre nos avaliamos muito bem. É inesperado no sentido de que a avaliação é um momento de crítica, mas os resultados são sempre muito positivos, logo, acabamos por nos perguntar o que está “menos ótimo”. Inesperado é o nosso mérito de podermos sempre falar excessivamente bem de nós mesmos.