Entrevista

Campanha visa conscientizar alunos sobre plágio

Campanha visa conscientizar alunos sobre plágio

Diante do aumento da quantidade e variedade de informações que são espalhadas por tecnologias como a internet, o plágio tornou-se um problema universal. Com o  preocupante crescimento desta prática no meio acadêmico, a Vice-Reitoria Acadêmica realiza uma campanha de conscientização sobre o plágio a partir desta segunda-feira, 6. A coordenadora-central de Graduação, professora Daniela Vargas, e a assessora em Ética em Pesquisa Ilda Lopes explicam a importância do projeto no ambiente universitário a fim de incentivar a criação e a originalidade dos trabalhos dos alunos.

Como é a campanha?

Daniela Vargas: É uma campanha pedagógica, não punitiva, para que as pessoas identifiquem os comportamentos que não são corretos e consigam atuar de acordo com as normas. A ideia é mais do que divulgar a regra da ABNT, porque fazer isso é muito árido. A Agência.com fez essa campanha em cima de situações do dia a dia e justificativas que as pessoas dão para comportamentos e atitudes que, até inadvertidamente, estão fazendo.

 Ilda Lopes: A ideia é pensar sobre o plágio em diversas situações, e depois trabalhar isso nas orientações, nos debates com os professores, que vão acompanhar seus alunos, quer seja em disciplinas específicas, tais como metodologia de pesquisa, ética, ou nas orientações de trabalhos de conclusão ou de pesquisas. A campanha, que vai ser trabalhada no decorrer do ano, inclui os professores e vai discutir o plágio tanto do ponto de vista ético quanto jurídico e institucional.

Quando surgiu a ideia?

Daniela: Surgiu em cima da ideia da campanha da Laudato Si’ e do lançamento da nova disciplina de Cultura Religiosa, que vai discutir valores éticos e socioambientais. A Universidade tem um papel muito importante na formação de pessoas que vão atuar como profissionais no seu local de trabalho, que precisam levar um conjunto de valores. Um tipo de plágio que repercute na mídia é o do campo da arte, como na música, mas tem aparecido também em trabalhos acadêmicos.

Quais são os principais pontos que a campanha vai tratar?

Ilda: Incentivar as pessoas a serem originais em seus trabalhos, mas também a saber lidar com as formas de documentar uma fonte e mostrar a responsabilidade de se apropriar de textos e ideias sem o devido crédito. Provocar um pensar crítico e criativo a respeito desse tema. A campanha começa com uma carta do Vice- -Reitor Acadêmico, professor José Ricardo Bergmann, dirigida aos professores da Universidade e aos alunos de pós-graduação, convidando- os a fazer esse percurso de reflexão sobre um fenômeno tão complexo quanto o plágio.

Daniela: Vamos usar muitas mídias: cartaz, TV Pixel, campanha na Biblioteca – que é um lugar propício para esse assunto – marcador de livros, adesivos nas mesas do Bar das Freiras. A produção das peças foi muito enriquecedora porque trabalhar com a agência significou que os alunos tiveram que pensar sobre a campanha e apresentar situações para as pessoas pensarem se têm tido aquele comportamento.

Qual a importância dessa consciência para a comunidade universitária?

Daniela: No último ano da escola, o trabalho acadêmico tende a ser mais de preparação para os exames seletivos. Na Universidade, espera-se outro tipo de trabalho. Sendo um espaço de produção de conhecimento, se as pessoas ficam sempre copiando o que os outros já fizeram, elas não desenvolvem seu próprio pensamento. É um problema, pois a grande razão de ser de uma universidade é a busca da verdade e a criação. Não adianta tratar o plágio só no fim do curso. Nós queremos fomentar a originalidade. Por exemplo, em publicidade, a originalidade é fundamental. Se a conduta ética não for reforçada enquanto o aluno está experimentando, pode ter consequências na sua vida profissional. Queremos que os alunos sejam reconhecidos pelo mercado não só pela excelência acadêmica, mas também pela excelência de valores.

Ilda: A campanha é uma oportunidade para abrir os olhos para a responsabilidade de um comportamento ético. Desejamos que os alunos levem esse comportamento para sua vida futura. Ler, ver e se influenciar faz parte do aprendizado – só não se pode deixar de dar crédito aos autores. A campanha quer provocar um processo de amadurecimento, firmar uma atitude preventiva e pedagógica da Universidade, dando ao aluno a oportunidade de se conhecer e se qualificar, e da comunidade universitária de refletir sobre o assunto.