Entrevista

Comunidade acadêmica a serviço da Amazônia

Comunidade acadêmica a serviço da Amazônia

Juliano Assunção e Jorge Lopes: para os curadores, a PUC-Rio pode dar contribuições efetivas para a Amazônia. Fotos: JP Araujo e Caio Matheus

No dia 29 de maio, o Projeto AMAZONIZAR será o primeiro passo que a PUC-Rio pode dar para melhor compreender a complexa realidade de uma das maiores florestas do mundo. O fórum inaugural, que leva o mesmo nome da iniciativa, reunirá importantes personalidades do cenário nacional com o objetivo de discutir os olhares, as oportunidades, a cultura e os desafios do território amazônico. A proposta da Universidade é criar um ambiente de escuta, pesquisa e ensino com a finalidade de colocar a comunidade acadêmica a serviço da região. O diretor do Departamento de Economia, professor Juliano Assunção, e o professor Jorge Lopes, do Departamento de Artes & Design, são os responsáveis pela curadoria do Fórum AMAZONIZAR PUC-Rio. Eles consideram que a instituição, com sua forte ênfase em pesquisa, pode dar contribuições efetivas para a Amazônia. As conferências no Auditório do RDC, das 9h às 18h, serão também transmitidas na plataforma ECOA. Para assistir às palestras: ecoa.puc-rio.br

Um dos mais importantes objetivos do Projeto Amazonizar seria o de sensibilizar a comunidade acadêmica da PUC-Rio e a sociedade sobre a urgência da questão da Amazônia?
Juliano Assunção:
Sim, a importância da Amazônia transcende seus limites geográficos. Seja por sua biodiversidade, importância na regularização do regime de chuvas ou por ser um imenso repositório de carbono, sua integridade é fundamental. A floresta é um patrimônio brasileiro que enfrenta vários desafios. Por outro lado, a PUC-Rio é uma instituição de ensino com forte ênfase na pesquisa e longa tradição em contribuir para grandes temas nacionais. O Amazonizar é um esforço de trazer os temas da região para dentro da universidade. É um passo inicial de escuta, essencial para que a comunidade possa descobrir caminhos pelos quais podemos contribuir.
Jorge Lopes: Sim, a PUC-Rio é uma instituição de ensino que desenvolve pesquisas em diversas áreas da ciência, reconhecidas no Brasil e no exterior. Ouvir as necessidades e possibilidades na diversidade da região amazônica permitirá iniciativas em pesquisas, envolvendo alunos e professores da graduação e pós-graduação, em parcerias entre instituições de ensino e pesquisa das diferentes regiões do Brasil, que possam trazer contribuições reais para a Amazônia.

O fórum reúne diferentes vozes que lutam em prol da Amazônia. Quais pontes a Universidade pode criar a partir de discussões como essas?
Juliano:
O fórum marca o início de um processo de escuta. Os quatro painéis oferecem diferentes perspectivas sobre a região. O primeiro painel conta com o relato de observadores muito qualificados que estão em uma posição semelhante à da PUC-Rio, externos à região, mas com muito interesse em conhecer e se aproximar da área. Já o segundo painel traz instituições que operam na região há décadas com o objetivo de discutir desafios e oportunidades. Cultura e sensibilização serão o tema do terceiro painel, discutindo como a junção entre a tradição dos povos originários e cultura pode ser usada como instrumento de mobilização e inspiração. O quarto painel fechará a programação discutindo a ciência na Amazônia. Ou seja, é um primeiro passo, mas um grande salto para a nossa compreensão sobre a região.
Jorge: Nos quatro painéis de discussão, uma vez apresentados os panoramas atuais de cada assunto, acredito que as pontes serão criadas naturalmente entre palestrantes, alunos, professores e o público que participará virtual ou presencialmente, devido ao interesse comum para o bem da Amazônia.

A preservação da floresta e o cuidado com as populações da Amazônia podem levar o Brasil a ter uma melhor posição nos fóruns mundiais?
Juliano:
Sim, a preservação da floresta e o respeito aos povos originários, além de obrigação moral e constitucional da sociedade brasileira, isso é o que nos coloca no mundo. Há uma percepção bastante bem consolidada sobre a importância da Amazônia. Em vários fóruns, a Amazônia se tornou maior que o Brasil. A sociedade brasileira tem muito o que se beneficiar deste processo, mas há ainda enormes desafios e um longo caminho a ser percorrido. Por outro lado, dispomos de importantes instrumentos de política pública e arranjos institucionais que podem alavancar um salto de qualidade para a região.

Como a sociedade pode pressionar os políticos em prol da preservação da Floresta Amazônica?
Juliano:
Acreditamos que as pessoas lutam por aquilo que conhecem, com o que se identificam. Infelizmente a Amazônia ainda é pouco conhecida pelos brasileiros. Na medida em que a sociedade conheça o que é a floresta, sua grandeza e o que representa, teremos uma melhor tradução política da importância de sua conservação. A nosso favor, temos o fato que a floresta é deslumbrante. Há várias formas de se conectar a ela. O desafio de cada um de nós é justamente esta conexão. A PUC-Rio, pelo Amazonizar, vai traçar caminhos para a nossa comunidade.