Entrevista

Design em dois tempos

Design em dois tempos

A 8ª edição da Semana de Design, que ocupará os pilotis do Kennedy desta segunda, 3, a sexta-feira, 7, dividirá espaço com outra comemoração: o aniversário de 20 anos da Pós-Graduação de Design. Na quarta-feira, 5, às 9h, haverá uma mesa de abertura, no auditório do RDC, para marcar a data. O programa, criado em 1994 e pioneiro no Brasil, terá sua história relembrada na exposição 20PósDesign, que estará aberta à visitação a partir da quarta-feira, 5, às 16h. Em entrevista, o diretor do Departamento de Artes & Design, professor Cláudio Magalhães, fala sobre o perfil de interdisciplinaridade das pesquisas de mestrado e doutorado e sobre como elas acompanham as mudanças do mercado.

Há alguma programação especial para a comemoração dos 20 anos da Pós-Graduação de Design?

Cláudio Magalhães: São 20 anos da primeira pós-graduação de Design do Brasil, quando criamos o mestrado em 1994. Estamos em um momento de revisão da produção dos egressos da Pós-Graduação, de que conhecimento que foi produzido na área de Design. Dentro da exposição dos trabalhos dos alunos de graduação na Semana de Design, teremos a apresentação do portal da Pós-Graduação e lançamento de livros de pesquisas de professores. Vamos fazer uma homenagem ao primeiro coordenador da pós, professor Luiz Antonio Coelho, e ao professor emérito do Departamento José Luiz Mendes Ripper. Também homenagearemos o primeiro aluno de mestrado e o primeiro aluno de doutorado. A programação está no nosso site, www.dad.puc-rio.br.

Aos 20 anos, qual o perfil da Pós- -Graduação?

Magalhães: Esta é uma pergunta que não tem resposta. O perfil é ser amplo. Trabalhamos muito com interdisciplinaridade na pesquisa. Nós temos três áreas, e duas delas são muito genéricas: Ergonomia e Comunicação, Cultura e Artes. Abordamos temas muito variados, desde o social até um viés mais tecnológico. O perfil mesmo é a multiplicidade. De um modo geral, o Departamento tem uma abordagem social muito forte no DNA do curso. Mas hoje também temos uma pegada tecnológica, o que se vê aqui nos laboratórios, que estão mais bem equipados. Agora temos um movimento de voltar ao projeto, à pesquisa através do projeto.

O mercado de Design cresce muito no país. De que forma a pós-graduação está acompanhando essa mudança?

Magalhães: Um dos objetivos do portal que iremos lançar é justamente identificar o que está acontecendo no nosso programa. Nós não visamos a acompanhar as mudanças no mercado diretamente, mas como recebemos muitos alunos com questões de diversas áreas, temos que estar sempre conectados. Mas não é necessariamente uma intenção, é uma abertura que o programa dá para diversas áreas. Recebemos aqui médicos que estão buscando nossa maneira de simular e representar, para ajudá-los na visualização de alterações para cirurgias. Alguns fundamentos do design são aplicados em diversas áreas do conhecimento. Durante a Semana de Design, faremos um planejamento estratégico da Pós-Graduação. Será um ponto de partida para uma reflexão do nosso programa. Estamos fazendo uma avaliação das teses, das dissertações, com a colaboração de professores e colaboradores.

Tim Marshall, reitor da Parsons School for Design, e Jamer Hunt, professor da mesma instituição, estarão na Semana de Design. Como surgiu a oportunidade do convite?

Magalhães: O pessoal da Parsons fará duas inserções. Uma será no nosso planejamento estratégico da pós, e outro será uma palestra aberta. Fizemos um evento chamado Dream: In, de um ex-aluno nosso de graduação e mestrado, que hoje é professor na Parsons, o Carlos Teixeira. A parceria nasceu daí. Hoje temos muito intercâmbio de alunos e já temos outros projetos com eles. Jamer Hunt fará uma palestra sobre transdisciplinaridade, e o reitor, Tim Marshall, falará sobre como “desenhar” uma escola de design, e vai participar do planejamento estratégico. A Parsons é uma escola bem diferente da nossa. Para ter uma ideia, eles têm 5 mil alunos só em design. Aqui, temos 1.800, com arquitetura. Dos alunos deles, 3 mil são de pós. Eles têm mestrados profissionais e aqui nós temos as especializações. Através das diferenças, queremos nos localizar. Elas vão nos ajudar a pensar a pesquisa globalmente.