Entrevista

Despertar o gosto pela reciclagem

Despertar o gosto pela reciclagem

Implantada há mais de dois anos, a coleta seletiva na PUC-Rio entrou em nova fase: a de conscientização. O objetivo agora é convencer alunos, funcionários e professores sobre a importância em despejar no local correto o resto do que foi consumido, porque, segundo o professor Luiz Felipe Guanaes, diretor do Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente (NIMA), qualquer resíduo jogado em local errado implica na perda total do material reciclável. Guanaes conta ao PUC Urgente o destino dos resíduos recolhidos na Universidade pela coleta seletiva e a parceria entre as empresas que levam o material.

Como funciona a coleta seletiva dentro da PUC?

Luiz Felipe Guanaes:
 As caixas distribuídas pelo campus têm um primeiro problema. A caixa que nós compramos para os andares tem as cores tradicionais e colocamos espalhadas pelo campus inteiro. Como já tínhamos bastantes caixas já usadas, colocamos adesivos na frente delas para que a gente não tivesse que comprar mais novas. Na prática, isso teve um problema enorme na questão da mudança de padrão. Estamos tentando organizar a parte das coletas seletivas. O aluno primeiro tem que entender o que fizemos. A caixa que pode ser cinza ou que pode ser adesivada em cinza significa lixo molhado ou lixo que vai para aterro sanitário. Esse lixo é o lixo “podre”. Quando o aluno tiver alguma dúvida de onde jogar o lixo, deve jogar nesse lugar, e assim, o lixo vai para o aterro sanitário. A vermelha, a amarela e a azul, que é de papel, plástico e alumínio, o conteúdo de cada uma dessas é fechado e vai para um grande container. Esse container vai para uma cooperativa de reciclagem, que identifica o que é ruim e o que é bom. Se você encontrar um funcionário misturando essas três lixeiras, não tem problema, o que não pode misturar é a cinza com as outras.

Como a empresa vai trabalhar diante do problema da coleta errada do lixo?

Guanaes: 
A empresa Ouro Verde foi contratada para levar todo o lixo da PUC para fora dela. A empresa que faz a limpeza do campus, a Sodexo, não é a mesma empresa que leva o lixo para a reciclagem. No estacionamento da PUC, há uma caixa enorme com uma compactadora onde o lixo é retirado e encaminhado para o aterro sanitário. Em uma outra caixa está o material que pode ser reciclado, que o caminhão pega e leva para a cooperativa, que tenta reaproveitar o máximo. O que não for reaproveitado é levado para o aterro sanitário. A maioria do lixo que sai daqui da Universidade vai para o aterro sanitário por erros simples. Se 30 pessoas, por exemplo, jogarem o lixo nos locais certos e apenas um deles não, esse lixo já não pode ser reaproveitado.

Quanto tempo a empresa vai atuar na Universidade?

Guanaes: 
A empresa vai atuar sempre, pois é um contrato. Ela vai fazer parte do processo de reciclagem. O que difere é o sucesso ou não disso. Se a gente chegar com o material todo limpo lá, ele vai ser reciclado e ainda vai gerar um produto para a Universidade que pode servir para outras coisas. Se não, pagamos a mais, pois gastamos dinheiro indo até a cooperativa e depois temos que encaminhar para o aterro sanitário. O mais importante disso é, de alguma forma, mostrar que podemos mudar. Ficamos em uma apatia com as questões ambientais. A coleta seletiva possui muitos erros sim, mas a ação é essa. Ou os alunos, funcionários e professores assumem a bandeira e tomamos outra proporção com o lixo, ou vamos ficar nessa apatia eternamente e os problemas vão se ampliando. Precisamos na vida ter otimismo, e o otimismo é feito na ação.

Quais são os principais pontos que alunos, professores e funcionários deverão melhorar para que a coleta seletiva seja realizada com sucesso?

Guanaes: 
A coleta seletiva não é da PUC, a coleta seletiva não é do NIMA, a coleta seletiva é de todo mundo. Enquanto as pessoas ficarem se cobrando, criticando e não serem proativos ao processo, nada vai acontecer. Todos devem olhar a pessoa que está colocando o lixo do seu lado, por que não? Temos que conseguir que as pessoas juntas tentem resolver. Eu acho que o caminho certo é fazer uma campanha e ser proativo. Se alunos, professores ou funcionários observarem algum companheiro fazer besteira, devem falar com ele. Se houver uma mudança comportamental aqui dentro no futuro isso vai se propagar em outros lugares.