Entrevista

Destino correto para o lixo

Destino correto para o lixo

Em parceria com o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA), a PUC-Rio lança a campanha Descarte Correto na terça-feira, 2, no Anfiteatro Professor Junito Brandão. A cerimônia será às 10h, com presença do Reitor, Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. Com uma produção de 50 toneladas ao mês, a PUC é uma grande geradora de resíduos sólidos urbanos e responsável pela logística, disposição final e custos de todo resíduo que gera. O nono padrão de coleta seletiva, agora, prevê a utilização de duas lixeiras com capacidade para 50 litros cada e não quatro, como era anteriormente. O Vice-diretor do NIMA, professor Tácio Campos, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, e a supervisora técnica do NIMA, Melissa Casacchi, explicam como será a mudança do padrão de descarte no campus.

Por que o padrão de coleta seletiva da PUC-Rio mudou?
Tácio Campos
 – O processo de avaliação dos resíduos começou na PUC em 2015. Em 2010, se tentou fazer uma primeira implementação de coleta seletiva na Universidade, que envolvia, inclusive, a separação de materiais no campus, mas não foi adiante. Com o fim dele, foi iniciado em 2014 um novo estudo, que usou as experiências do passado como base. Este novo projeto também realizou uma pesquisa, que fez o levantamento inicial da proporção de resíduos sólidos da Universidade, e verificou que não havia motivo de manter o formato do descarte conforme havia sido proposto em 2015, com a separação do lixo em três tipos de materiais recicláveis, além do rejeito.
Melissa Casacchi – O que ocorreu na prática é que, como não há uma central de triagem no campus, os resíduos de vários tipos de material tinham o mesmo destino e tudo ficava misturado. Um dos objetivos agora é padronizar o modelo de descarte na Universidade a partir de um esquema de disposição final de resíduos. Foi um longo trabalho, que envolveu diagnóstico, planejamento e, a partir de agora, execução.


No projeto antigo, o descarte do lixo era feito em quatro lixeiras, mas agora são duas. Por que houve essa mudança?
Melissa
 – Houve uma alteração no número das lixeiras, mas não houve mudança no volume de coleta. Nós tínhamos pontos com quatro lixeiras que, somadas, equivaliam a 200 litros. Agora, temos apenas duas, feitas de fibra de vidro, que totalizam 100 litros. Por isso, houve um aumento no número de pontos de coleta no campus para manter o mesmo volume de antes. Esse modelo é uma tendência para disposição de descarte de resíduos, porque a indústria da reciclagem está trabalhando cada vez mais dessa forma.

 
E qual o maior benefício deste novo modelo?
Melissa
 – Isso facilita para o consumidor, que é o responsável pelo resíduo e pode descartar de maneira correta com menos opções de lixeiras. O resultado é o aumento na qualidade dos materiais recicláveis segregados. Na PUC, uma lixeira vai receber os materiais recicláveis e, a outra, os não recicláveis, ou seja, os orgânicos e os rejeitos, aqueles materiais que ainda não podem ser reciclados porque não há tecnologia ou viabilidade econômica para realizar esse processo.


Como dizer quais resíduos podem ser reciclados? Um copo ainda sujo, por exemplo, deve ser descartado em qual lixeira?
Tácio
 – Um copo, desde que não tenha líquido dentro, pode ser descartado nos recicláveis mesmo que ainda um pouco sujo. É importante ressaltar que um dos motes da campanha é: na dúvida, jogue no lixo. O objetivo é manter ao máximo a qualidade do material reciclável. Esse tipo de questionamento também faz parte do projeto, e alguns cartazes vão ter um Código QR, que levará para o site do NIMA com instruções sobre a forma correta de realizar o descarte.
Melissa – Esse projeto não foi previsto para envolver somente a infraestrutura, no caso a troca das caixas. Ele prevê um trabalho de educação ambiental, além da campanha de publicidade. É melhor não ter líquidos e nem material orgânico para não estragar os outros resíduos recicláveis. Se o copo é de açaí, ou está muito sujo, cheio de gordura, ele pode contaminar a lixeira de matéria orgânica. É melhor jogar este copo no rejeito. Mas se for possível limpar, passar um guardanapo, ele já pode ser jogado no reciclável.


E para os fumantes, vai haver cinzeiro? Onde?
Melissa
 – Os cinzeiros estarão distribuídos nas áreas permitidas para fumantes, e acreditamos que as pessoas são educadas e vão procurar descartar a cinza nos lugares apropriados.

Qual é a origem do nome da campanha, Descarte Correto?
Tácio
 – O nome está relacionado ao nosso objetivo, que é o descarte correto dos resíduos. Hoje, do material dito reciclável na Universidade, aquele que é destinado às lixeiras separadas, praticamente 90% estão sendo transportados para o aterro sanitário na hora da triagem, uma situação péssima. O primeiro objetivo é melhorar a qualidade do descarte, e o objetivo máximo é atingir o resíduo zero, que já seria uma segunda fase do projeto. Há uma diferença muito grande entre reciclagem e descarte. As pessoas falam muito em reciclagem quando, na verdade, não estamos reciclando nada. O destino do material não reciclável é tipicamente o aterro sanitário, algo que não queremos. Já o reciclável é um material que pode gerar recursos e retorna para a sociedade.


Como os alunos podem participar?
Melissa 
– Criamos um e-mail só para fazer esse diálogo com a comunidade sobre a campanha. Ele serve para receber dúvidas de descarte, sugestões e informações para contribuir com o guia que nós criamos. Ele se chama Guia do Descarte Correto, pode ser encontrado em http://www.nima.puc-rio.br/, e nossa intenção é que ele seja feito em construção com a comunidade PUC. O e-mail para contato é descartecorreto@pucrio.br.