Entrevista

Encontro de práticas artísticas

Encontro de práticas artísticas

Na 3ª edição, a mostra BOSQUE_puc cena experimental transformará o campus da Universidade em uma plataforma para exposição de práticas artísticas. Entre os dias 15 e 22, alunos, professores, funcionários e artistas convidados poderão participar de atividades, como espetáculos, oficinas, shows e exposições. O coordenador da graduação de Artes Cênicas, professor Fábio Ferreira, e a estudante Julianna Firme, uma das diretoras da mostra, falam sobre a mostra, que neste semestre faz uma homenagem aos 400 anos da morte de William Shakespeare.

Qual a proposta do BOSQUE_puc cena experimental?

Fábio Ferreira:
 A mostra pretende ser como um encontro de práticas artísticas, e o campus da PUC é um centro de comunicação de todos os departamentos. O bosque é o centro disso, aonde passamos diariamente. Queremos gerar também um aumento da prática artística dos alunos de Artes Cênicas, que deveria conversar com o público da PUC antes de qualquer outro público. Mas logo no primeiro BOSQUE percebemos que não eram só os alunos de artes cênicas.

Julianna Firme: Os alunos têm uma atuação muito forte nisso. Nós colocamos as coisas em prática, para nós é um aprendizado muito fora de uma faculdade. Muitos estudam na PUC e não conhecem os lugares e não sabem as potências. Temos que saber olhar para todos os lugares que, de certa forma, têm alguma coisa artística.

Como vai ser feita a comemoração dos 400 anos da morte do Shakespeare?

Julianna: Pensamos em concentrar os convidados, as peças e as exposições sobre Shakespeare no Solar Grandjean de Montigny. Traremos o Emanuel Aragão, que faz a peça Hamlet – Processo de Revelação, e a exposição Ophelias, do Alexandre Bräutigam, que é um professor aqui da PUC e um artista muito interessante.

Fábio: Convidamos o Thiago Lacerda e a Giulia Gam para falar sobre o projeto de montagens shakespearianas. Teremos também a visita de um diretor da Rocinha que montou um Hamlet muito interessante, que viajou para a Alemanha e foi bem recebido lá. Isso partiu de uma iniciativa do curso do professor Leonardo Bérenger, que é especialista em Shakespeare. A partir do Solar, outras intervenções serão realizadas no campus. Nos pilotis, haverá uma montagem de cenas de Romeu e Julieta.

Quais são os pontos altos da programação deste semestre?

Fábio: Temos um formato de programação que se chama aula-espetáculo. O ator faz trechos do espetáculo, ou o espetáculo inteiro, e comenta ou mostra como ele surgiu. Tem a pré-estreia do espetáculo da diretora Adriana Schneider com atores da Vila Cruzeiro, um trabalho que ela tem desenvolvido nos subúrbios do Rio, que vai para os pilotis. Os palhaços do Richard Riguetti vão fazer intervenções nos pilotis e na Vila dos Diretórios. A Fernanda Torres vem fazer trechos da peça A Casa dos Budas Ditosos e conversar sobre a realização deste trabalho. Convidamos também produções de outras universidades. É um lugar horizontal, de trocas de convivências. Desde o primeiro BOSQUE, ficamos com uma média de 50 atividades na programação. Serão entre dez e 12 espaços, durante sete dias.

Como a comunidade da PUC pode participar?

Julianna: Abrimos arbustos, que são cenas curtas em que as pessoas, tanto da PUC quanto de fora, se inscreveram e poderão participar. Tentamos agendar todo mundo, porque não é um festival, é uma mostra. Não há competição, é para ser uma conversa. Desta vez, tivemos um período maior de inscrição.

Fábio: Abrimos o BOSQUE para colaboradores da PUC. O aluno pode participar como organizador ou como aluno-artista. Quem mais participava antes eram alunos de Letras e Artes Cênicas. Hoje temos pessoas de todos os departamentos que participam na realização. O BOSQUE é uma coisa feita pelos alunos. Melhor do que só ter aulas teóricas é poder realizar atividades.

De que forma a mostra contribui para o ambiente cultural da PUC?

Fábio: A rotina do campus, às vezes, é muito estressante. O BOSQUE dá uma respirada. Ele é pensado para ser no segundo mês do período – damos um mês para os alunos se encontrarem nos seus cursos, para os professores entenderem suas turmas, e então temos a semana de BOSQUE. É um lugar para as pessoas de outros departamentos se encontrarem, se conhecerem. Para conhecermos os artistas da PUC na PUC. Contribuímos para gerar um público interessado em arte e cultura. Sendo universitários, às vezes ficamos muito focados em nossos cursos e pesquisas que, na maioria das vezes, nada têm a ver com arte. Mas você não precisa ser artista para se interessar por arte.