Entrevista

Instituto Tecgraf de casa nova

Instituto Tecgraf de casa nova

Marcelo Gattass

O Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico-Científico da PUC-Rio (Tecgraf/PUC-Rio) vai inaugurar, na quinta-feira, 17, às 8h, novas instalações no Prédio Laércio Dias de Moura, S.J., ao lado do Ginásio da Universidade. O diretor do Tecgraf, Marcelo Gattass, explica com detalhes a necessidade de instalações próprias para os trabalhos desenvolvidos pelo grupo. O Instituto desenvolve uma série de parcerias, entre elas, com a Petrobras, uma cooperação contínua durante os 26 anos do instituto.

Por que ocorreu a transição de laboratório a instituto?

Marcelo Gattass:
 A transição ocorreu por diversos fatores. Um deles é a dimensão. O Tecgraf hoje comporta 334 pessoas, das quais mais de 60 são doutores que trabalham em tempo integral. Ele era um dos 13 laboratórios do Departamento de Informática, que, normalmente, tem em média 20 professores. Outra questão importante é a visibilidade externa. Apesar de o Departamento de Informática ser uma excelente referência – é o 7º no ranking da Capes, um dos pioneiros no Brasil e na América Latina –, tudo ligado a ele é estritamente acadêmico. O Departamento tem sempre que se apresentar como um bom lugar para se fazer uma graduação, um mestrado, um doutorado, mas o Tecgraf tem que se apresentar ainda como um bom lugar para as empresas desenvolverem projetos. Essa foi, na realidade, a principal questão. Foi doloroso sair da Informática e ir para uma nova instalação.

Qual a importância da Petrobras para a história e sucesso do Tecgraf?

Gattass
: O Tecgraf é uma conjugação de dois fatores: PUC-Rio e Petrobras. Sem um dos dois, não haveria Tecgraf. A Petrobras foi fundamental em todos os aspectos. Primeiro, porque o próprio modelo organizacional de desenvolvimento, de controle, de como fazer um software, de como acompanhar um projeto, veio da cultura gerencial da Petrobras, que sempre abriu espaço para que o Tecgraf trabalhasse internamente com ela. Assim como somos internos com a PUC, somos um pouco parte da Petrobras. Isso é mais do que só ser uma empresa contratante. É uma parceria de muitos anos. Nós também temos outros clientes – menores, porque a dimensão da Petrobras é muito grande se comparada à nossa. Atendemos a Rede Globo, já trabalhamos com a Marinha, fizemos trabalhos de logística com frotas de ônibus. Temos grande quantidade de sistemas e de tecnologias.

Com a inauguração das novas estruturas, o que mudará?

Gattass:
 O mais importante é o sinergismo, com todos no mesmo lugar. O Tecgraf tem 14 divisões, que vão da geofísica, geologia, reservatórios, instalações marítimas e submarinas, à logística, transporte, que semrpe trabalharam em cooperação. Como elas estavam geograficamente distribuídas, a interação entre os grupos ficava sempre prejudicada. O segundo ponto é a tentativa de tornar mais eficaz ainda esse binômio de pesquisa e desenvolvimento nacional, estabelecendo uma organização que permita que nos articulemos melhor com os problemas estratégicos nacionais. O terceiro item, e talvez o mais importante de todos, é dar ao nosso pessoal o sentimento de continuidade e de pertinência. Atualmente, temos quase 50 sistemas instalados na Petrobras e em várias outras empresas, então precisamos de um quadro técnico que dê suporte a isso.

O que o Tecgraf oferece a graduandos, mestrandos e doutorandos?

Gattass:
 A primeira é trazer as pessoas para dentro de um problema real. Um estágio, mestrado ou doutorado no Tecgraf implica necessariamente em um trabalho voltado para temas que são relevantes no Brasil. A segunda coisa é a questão do suporte financeiro. Já conseguimos para todos os mestrandos e doutorandos um suporte financeiro que paga os estudos com uma bolsa, paga participação nos congressos, paga viagens, paga treinamentos. Temos um processo de formação de primeira qualidade. Para os graduandos, ainda estamos um pouco a dever. Temos estágios, mas ainda precisamos fazer estágios mais agressivos. Toda missão do Tecgraf tem que ser autossustentável. Todos os nossos custos são cobertos pelos nossos projetos, todos os pagamentos e coisas indiretas. Não conseguimos, por exemplo, pegar todos os nossos 50, 60 alunos de graduação e dar bolsas a eles. Ainda não conseguimos, mas esperamos conseguir isso em breve.