Entrevista

Jornalismo tem nova grade curricular alinhada com as necessidades profissionais do mercado

Jornalismo tem nova grade curricular alinhada com as necessidades profissionais do mercado

O Coordenador do Curso de Jornalismo, professor Leonel Aguiar.

O Departamento de Comunicação, além de um novo curso, o Estudo de Mídias, na esteira das mudanças implementa, a partir de 2021, uma nova grade curricular. O Coordenador do Curso de Jornalismo, professor Leonel Aguiar, informa que a linha de condução da nova matriz curricular do curso de Jornalismo será uma formação específica fundamentada em um campo de saber com teorias, técnicas e práticas profissionais. Segundo Leonel, os alunos terão três opções enquanto as duas grades curriculares conviverem no Curso de Jornalismo: ficar na mesma grade até terminar o curso; migrar para a nova matriz curricular, aproveitando disciplinas equivalentes e créditos realizados; ou fazer algumas disciplinas da nova grade como optativas. Leonel ressalta que os futuros jornalistas têm como principal desafio enfrentar a pandemia mundial da desinformação e combater a produção de informações falsas que enfraquecem o processo democrático.

A partir de 2021, o curso de jornalismo deixa de ser uma habilitação. O que isto significa para o aluno e para o Departamento de Comunicação?
Leonel Aguiar: Significa que o marco identitário que passa a reger a nova matriz curricular do curso de Jornalismo é a formação específica ancorada em um campo de saber – o Jornalismo –, no qual emergem teorias, técnicas e práticas profissionais que historicamente se relacionam com o processo democrático das sociedades contemporâneas. O projeto pedagógico do curso de Jornalismo visa fortalecer a especificidade teórica, epistemológica e ética do ensino de Jornalismo a partir do seu vínculo histórico com a democracia. Ou seja, a proposta pedagógica do nosso curso pretende formar jornalistas profissionais com elevada capacidade crítica para produzir informações jornalísticas de interesse público com responsabilidade ética. Para o Departamento de Comunicação, significa poder voltar a emitir o tão valorizado e tradicionalíssimo diploma de Bacharel em Jornalismo pela PUC-Rio.

Por que é necessário modificar a grade curricular do curso de Jornalismo?
Leonel Aguiar: Esta modificação é necessária para cumprir as determinações contidas na Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (CNE/CES) do Ministério da Educação (MEC), de 27 de setembro de 2013, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Jornalismo (DCNs JOR) no país. A Comissão de Especialistas – composta por nove professores de Jornalismo, todos Doutores que acumulam um saber acadêmico associado à larga experiência de atuação como jornalista profissional – recebeu do Ministério da Educação a tarefa de discutir o ensino de jornalismo no contexto das transformações vividas pela sociedade brasileira e visando ao fortalecimento da democracia.  O relatório desta comissão propôs ao MEC que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo fossem desmembradas das Diretrizes Curriculares Nacionais para a área de Comunicação Social e suas habilitações. Além dessa questão vinculada ao MEC, a última reforma curricular empreendida pelo Departamento de Comunicação para os cursos de Publicidade e Propaganda, de Cinema e de Jornalismo foi feita em 2005. O projeto pedagógico para o curso de Jornalismo estava baseado nas Diretrizes Curriculares para a área de Comunicação Social e suas habilitações, conforme a Resolução nº 16/2002 do CNE/CES. A graduação em Jornalismo era considerada, neste documento, apenas uma habilitação do curso de Comunicação. Após a resolução do MEC sobre as DCNs JOR de 2013, essa graduação voltou a ser um curso com autonomia epistemológica, sendo recriado o Bacharelado em Jornalismo.

Quais os pontos positivos da nova grade curricular?
Leonel Aguiar: A nova grade para o Curso de Jornalismo tem como premissa epistemológica duas questões que fundam o campo jornalístico: a noção de interesse público e o vínculo histórico com a democracia. A concepção de jornalismo presente no Projeto Pedagógico do Curso acompanha as premissas epistemológicas do polo profissional do campo jornalístico: a função social do jornalismo é servir ao interesse público e produzir um conhecimento sobre a realidade social capaz de proporcionar à sociedade informações de qualidade para a definição democrática de seus rumos. A nova matriz atenderá aos seis eixos de formação propostos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo. A principal novidade é a inclusão, como disciplina obrigatória, no oitavo ciclo, do Estágio Curricular Supervisionado, com 210 horas. Outros pontos positivos são a criação de disciplinas de fundamentação teórica específica como Teorias do Jornalismo, Iniciação à Pesquisa em Jornalismo enquanto pré-requisito ao Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo e Jornalismo e Cidadania, além de ter tornado História do Jornalismo no Brasil e Ética em Jornalismo como disciplinas obrigatórias.

Como será a convivência de duas grades curriculares simultaneamente?
Leonel Aguiar: Os alunos que já estão cursando Jornalismo e ingressaram ainda no antigo currículo de 2005 não serão prejudicados em seu processo de ensino-aprendizagem. Estes alunos terão três possibilidades de escolha: ficar na mesma grade curricular até terminar o curso; migrar para a nova matriz curricular, aproveitando várias disciplinas equivalentes e créditos realizados; ou fazer algumas disciplinas da nova grade como optativas. Os alunos não devem ser preocupar, pois temos um sistema de equivalência entre as disciplinas das duas grades favorável às demandas do corpo discente.

Quais os benefícios que o calouro encontra ao ingressar no curso de Jornalismo na PUC-Rio?
Leonel Aguiar: O principal benefício é o acadêmico, pois o calouro tem a garantia de uma formação universitária reconhecida por todas as instâncias de avaliação como um dos melhores cursos do país. O curso de Jornalismo da PUC-Rio é atualmente nota 5 no ranking do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) realizado pelo MEC para avaliar o rendimento dos alunos dos cursos de graduação. Alcançamos a nota máxima no ENADE e somos o melhor curso de Jornalismo do Estado do Rio de Janeiro entre as instituições particulares.Além disso, o curso de Jornalismo da PUC-Rio é um dos mais tradicionais do país, criado, oficialmente, pelo Decreto 29.312 de 28/02/1951. Nosso curso tem a marca da distinção por ser capaz de unir essa longa tradição da qualidade acadêmica com propostas inovadoras em decorrência das mudanças estruturais pelas quais a profissão e o campo jornalístico atravessam na Contemporaneidade.

O que esperar do profissional formado pelo curso de Jornalismo da PUC-Rio?
Leonel Aguiar: Esperamos uma pessoa formada com elevada autoestima profissional, considerando a importância social do seu trabalho. O estudante formado pelo curso de Jornalismo da PUC-Rio é o jornalista profissional diplomado, com formação universitária transdisciplinar, humanística, multimídia e crítica, com capacidade e habilidades cognitivas para compreender a complexidade e o pluralismo da sociedade e da cultura contemporâneas, além de demonstrar amplo domínio das teorias e técnicas especializadas existentes no campo jornalístico.

Quais os desafios presentes no cotidiano do jornalista no mercado de trabalho diante do cenário político, econômico e social do Brasil?
Leonel Aguiar: No cenário da democracia contemporânea, o jornalismo deve ser entendido, principalmente, como um lugar de produção de conhecimentos singulares sobre a dinâmica imediata da realidade social e um campo de mediação discursiva dos interesses, conflitos e opiniões que disputam o acesso à esfera pública nas sociedades democráticas. O principal desafio para os jornalistas, atualmente, é enfrentar a pandemia mundial da desinformação. Essa avalanche de informação falsa, mais conhecida como fake news, é produzida intencionalmente pelas milícias digitais para confundir a sociedade. Ela atende a determinados setores de poder e visa enfraquecer o processo democrático.

Que dica ou conselho profissional você daria para os jornalistas que estão se formando neste momento? E que postura a Universidade espera do aluno de jornalismo da PUC-Rio?
Leonel Aguiar: Os formandos em jornalismo devem compreender que o jornalismo é um instrumento social e político imprescindível para o avanço da democracia no país, pois a informação jornalística é um dos dispositivos simbólicos que cria as condições para a sociedade ter capacidade de atuar politicamente. Quando se tem esse nível de compreensão sobre a profissão, elevamos nossa autoestima e nos tornamos mais felizes não só em nosso trabalho como jornalistas mas, especialmente, em nossas vidas. Trabalhar como jornalista tendo pleno envolvimento profissional nos leva ao caminho da felicidade pessoal, pois sabemos as motivações que nos fortalecem para trabalhar pelo Bem Comum.