Entrevista

LabSem se consolida como centro de referência em pesquisa

LabSem se consolida como centro de referência em pesquisa

Será inaugurado, nesta segunda-feira, 22, às 9h, no Laboratório de Semicondutores da PUC-Rio (LabSem), um anexo para abrigar um novo aparelho de última geração: o equipamento de deposição de materiais semicondutores pela técnica MOVPE, o mais moderno da América do Sul. Os materiais semicondutores são matéria-prima para a produção de dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos como lasers, que permitem a leitura de CD e DVD; semicondutores LEDs; transistores e células solares. A coordenadora do LabSem, Patrícia Lustoza de Souza, falou da importância estratégica do novo equipamento para o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanodispositivos Semicondutores (DISSE), sediado na PUC-Rio, que inclui outras instituições como UFRJ, UFMG, USP e Instituto de Estudos Avançados (IEAv), da Aeronáutica.

O que representa para o LabSem a inauguração do novo anexo?

Patrícia Lustoza de Souza: Trabalhamos com materiais semicondutores com aplicação em dispositivos. Nós investigamos esses materiais em todas as etapas da produção: desde a fabricação e o processamento até a avaliação final do desempenho do dispositivo. A inauguração do laboratório representa um avanço na primeira etapa que é a produção do material. Para fabricarmos dispositivos semicondutores competitivos, compramos um equipamento de última geração para produzir material de boa qualidade que é matéria-prima para a criação desses dispositivos semicondutores.

Como se deu a compra do equipamento?

Patrícia: Em 2008, houve um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para a criação de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) e nosso grupo elaborou uma proposta que foi aceita. Percebemos que era o momento de buscar uma parceria com recursos vultosos para tentar dominar a tecnologia dos materiais semicondutores. A verba não foi suficiente, pois só o equipamento custa R$ 3 milhões, afora os custos da construção do anexo, mas conseguimos recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Qual é a importância da compra do equipamento?

Patrícia: Nós estávamos trabalhando com o desenvolvimento de fotodetectores de infravermelho. Esses materiais são dispositivos estratégicos para o país porque têm aplicações militares como a tecnologia da visão noturna. Além disso, certas aplicações civis dos fotodetectores também podem ser usadas em guerras como a detecção de gases tóxicos. Por isso, há restrições para comprar esses materiais no mercado internacional, inclusive para pesquisas com fins civis. É uma área estratégica para o país, já que nenhuma empresa brasileira domina essa tecnologia.

Quais serão as aplicações das pesquisas produzidas com o novo equipamento?

Patrícia: O novo equipamento não visa apenas atender às necessidades materiais para as pesquisas feitas na PUC e pelos nossos parceiros no DISSE, mas também alimentar grupos de pesquisas no país e no exterior com amostras de material. Gostaríamos de firmar parcerias com o setor produtivo. Por exemplo, poderíamos fornecer matéria-prima para as pequenas empresas de ex-alunos, que não têm condições de comprar esse equipamento. Os parceiros poderão acompanhar a fabricação do material, mas a operação desse equipamento sofisticado será restrita a técnicos treinados como os alunos de pós-graduação da Universidade.