Entrevista

Mídia e Representação será tema de seminário internacional

Mídia e Representação será tema de seminário internacional

De terça, 13, a quinta-feira, 15, a partir das 14h, na sala 102-K, será realizado o Primeiro Seminário Conjunto PUC-Rio/Queen’s University Belfast sobre Mídia e Representação. O encontro contará com a presença da professora Andrea Mayr, da Queen’s University Belfast (Irlanda do Norte), e os professores de Pós-Graduação Arthur Ituassu, Cláudia Pereira e Adriana Braga, do Departamento de Comunicação Social. Ituassu e Andrea relatam quais serão os principais pontos abordados no encontro, que terá uma análise da abordagem dos protestos pela imprensa inglesa e brasileira.

Qual a diferença do funcionamento das mídias no Brasil e na Europa?

Andrea Mayr: Vejo uma diferença na qualidade dos jornais. A imprensa britânica tem muito do que qualificamos de tabloides, enquanto no Brasil, só vi um tabloide, Meia-hora, que tenho lido todos os dias. Me parece que a qualidade da imprensa aqui é muito forte.  Eu não sei sobre as leis de privacidade no Brasil, mas no Reino Unido não há privacidade. O jornalista pode escrever o que ele quiser. A diferença entre tabloides e outros jornais, no Reino Unido, é que os tabloides seriam para as pessoas mais pobres. Os jornais que não são tabloides não costumam entrevistar pessoas comuns em um crime, mas sim a polícia, pessoas de instituições. Eu notei que, aqui, muito se fala da ausência de visibilidade das pessoas nas favelas. Talvez seja só uma impressão minha, mas eu acho que eles têm, sim, uma certa visibilidade.

Como e por que surgiu a parceria com a Queen’s?

Arthur Ituassu: Já existe uma cooperação entre as duas universidades nesse campo de mídia e representação, que é um ponto chave da comunicação social e, por isso, é o tema do seminário. Os estudos de mídia e representação colocaram a comunicação social em um lugar de ponta nas ciências sociais. Antigamente, nós pensávamos a representação como um espelho da realidade, um espelho da sociedade, uma visão tipicamente metafísica. Hoje, temos uma percepção de que as representações, em especial aquelas inseridas na mídia, são constitutivas da realidade. Elas têm papel fundamental na constituição do real. A comunicação e as representações midiáticas se tornam um elemento fundamental para o entendimento da sociedade, das culturas, e isso traz uma importância muito grande para a comunicação social e para os estudos de mídia e representação, dentro das ciências sociais, dentro dos estudos sobre a sociedade.

Quais assuntos serão abordados no seminário?

Andrea:
 Vou falar de um ponto de vista da linguística, sobre representação, ideologia, construção social da realidade e como a mídia participa nisso. Mas não só a mídia expressa um ponto de vista. E como ela é gerida por empresas capitalistas, isso molda as matérias. Vou analisar as representações da violência na Inglaterra e da mídia brasileira, dos protestos de 2011 no Reino Unido, e comparar com as que ocorreram no ano passado no Rio, da criminalização dos pobres. Também vou abordar um pouco dos métodos de pesquisa nos estudos da mídia, e também na linguística e métodos etnográficos, métodos qualitativos e quantitativos.

Ituassu: A ideia é distribuir em três sessões. A primeira vai apontar para os estudos de mídia e representação. E tem uma parte que é a questão ética. Se nós, profissionais de comunicação, produzimos representações pela mídia, que tipo de mundo estamos construindo? Isso envolve um risco muito grande na formação dos profissionais de comunicação que é: se não temos consciência ética, corremos o risco de produzir mão de obra para a reprodução de processos de exclusão, de desigualdade, violência, presentes na sociedade. A segunda é sobre a pesquisa da Andrea, de representação dos estudos comparativos. A professora Cláudia Pereira, que ministra um curso sobre mídia e representação na Pós-Graduação do Departamento de Comunicação Social, vai estar com a Andrea na segunda sessão. Na terceira parte, vamos discutir sobre metodologia. Andrea terá a companhia de Adriana Braga, que é professora de metodologia da Pós-Graduação em Comunicação Social. A ideia é também apontar para a importância da metodologia nos estudos de comunicação social.