Entrevista

NEAM PUC-Rio completa 40 anos com programação especial

Por: Kecila Barcelos

NEAM PUC-Rio completa 40 anos com programação especial

Marina Moreira e Davison Coutinho | Foto: JP Araujo

O Núcleo de Ação sobre o Menor (NEAM) comemora 40 anos e, desde a criação, promoveu a formação educacional e profissional de 36.526 adolescentes de baixa renda, residentes nas periferias do Rio de Janeiro. E para celebrar a data, uma missa aberta ao público será celebrada por padre Alexandre Paciolli, no dia 13 de setembro, às 12h, na Igreja do Coração Sagrado Coração de Jesus, no campus da PUC-Rio. Também haverá o encontro virtual NEAM 40 anos: transformando pela extensão universitária, no dia 14 de setembro, às 18h, pela plataforma Zoom. Ainda como parte da programação de aniversário, haverá o lançamento do livro NEAM 40 anos, mas a data ainda não foi marcada. A fundadora do projeto, professora Marina Moreira, e o ex-aluno e professor do NEAM Davison Coutinho contam um pouco da história do Núcleo e da experiência deles no projeto.

Quando e como surgiu o NEAM?
Marina Moreira:
Surgiu quando eu era aluna de Comunicação. Eu vi uma exposição no Rio Datacentro (RDC), da Universidade Santa Úrsula, que falava sobre doação de órgãos e fiquei muito humilhada porque a PUC não fazia nada para as comunidades. Então, eu juntei um time com professores e alunos para fazermos algumas coisas pela comunidade. Começou assim: nós fizemos uma arrecadação de dez mil brinquedos e entregamos para todas as comunidades no Natal. Esta foi nossa primeira ação.

Quais foram as principais realizações do projeto ao longo destes 40 anos?
Marina Moreira:
Construímos um prédio de três andares e aumentamos uma creche para atender 150 crianças na Rocinha. Fizemos um centro de computação e um centro cultural. Fizemos cursos e cooperativas. A maioria das ações foi na Rocinha porque é do lado da Universidade. E, todos os anos, temos os nossos cursos de verão em diferentes modalidades. Uma ação lindíssima foi “O futuro é hoje”, que nós fizemos com escolas particulares e públicas. Foi algo muito bonito, muito lírico. Mas a melhor coisa que fizemos foi dar credibilidade e voz às comunidades.

Quais serão os próximos passos para os anos que estão vindo?
Marina Moreira:
Se a minha fé continuar crescendo e vibrante para chegar aonde quero, eu gostaria de ter um espaço maior, mais confortável, onde eu pudesse colocar dois mil meninos em horários trocados. Seria, para a Universidade, uma referência de educação plena.

Quando e como você conheceu o NEAM?
Davison Coutinho:
Eu conheci o NEAM aos 12 anos de idade, em 2002. Eu estudava em uma escola aqui, em frente à PUC. E surgiu uma oportunidade de fazer um curso de férias, um curso de informática. Naquela época, a gente ainda não tinha acesso a computador, e fiquei muito curioso para participar. A partir dali, começou a minha história no NEAM.

Como foi o seu processo entre ser aluno NEAM e posteriormente tornar-se coordenador do projeto?
Davison Coutinho:
Eu fui aluno do projeto dos 12 aos 17 anos. Quando fiz 17 anos, prestei vestibular para um curso de desenho industrial e, para a minha surpresa, fui aprovado. Consegui a bolsa por meio da Vice-Reitoria Comunitária. Na mesma época, a professora Marina estava fazendo uma reformulação da equipe do NEAM. Ela falou que a partir da outra semana precisaria mais de mim lá e me incluiu na equipe. E fui aprender tudo: a parte financeira e administrativa e a parte dos sistemas e dos dados. Também comecei a dar aula nos cursos que eu era aluno. E para mim foi uma virada de chave.

Quais diferenças do projeto do tempo em que você era aluno e o NEAM de hoje?
Davison Coutinho:
Eu acredito que o NEAM de 2002 era um núcleo com toda relevância e importância que tem hoje. Só que ainda não tinha a visibilidade e a capacidade de atendimento de hoje. A gente ainda não tinha regulamentado o programa Jovem Aprendiz e não tinha a quantidade de atendimento para os cursos de férias. Naquela época, a gente atendia 20, 40 alunos por ano. Hoje são 500 alunos por ano. O curso de inglês tinha 20 bolsas por ano, hoje a gente tem mais de três mil alunos que foram contemplados com a Cultura Inglesa [curso de inglês]. O ingresso dos alunos na Universidade aumentou muito. A efetivação dos jovens no programa Jovem Aprendiz, que foi regulamentada em 2015, é muito grande. Acredito que o impacto do NEAM hoje é muito maior.