Entrevista

O jornalismo na sociedade contemporânea

O jornalismo na sociedade contemporânea

De terça a quinta-feira, 19 a 21, das 9h às 11h, na sala 102-K, o Departamento de Comunicação Social oferece a semana de debates do curso de jornalismo. O tema abordado será O jornalismo na era das subjetividades: reflexões sobre a prática na sociedade da informação. Segundo o professor Arthur Ituassu, coordenador de graduação de Jornalismo e um dos organizadores do encontro, a ideia é criar um espaço de debate e de discussão entre os professores sobre a prática do jornalismo na sociedade contemporânea.

Qual é o objetivo principal do debate e quais serão os principais temas abordados ?

Arthur Ituassu: Serão abordadas algumas especificidades do tempo contemporâneo, como a questão da subjetividade, há uma falência completa do conceito de objetividade, que é um conceito chave do jornalismo clássico. Será discutido de que forma que o jornalismo consegue hoje abraçar essa multiplicidade de visões sobre as questões do país e da sociedade. A contemporaneidade também será discutida, a questão da internet, hoje a gente faz jornalismo com a web. Você tem acesso à informação muito grande, e ao mesmo tempo tem um problema muito sério que é a reprodução ilícita e muitas vezes irresponsável de determinadas informações.

Qual foi o critério utilizado para escolher os debatedores e os temas ?

Ituassu: Esse é primeiro seminário, esperamos que seja o primeiro de uma série. Um pontapé inicial para uma discussão entre os professores. O ideal é que tenha sempre alguém da PUC e alguém de fora, ou do mercado ou professor de outra Universidade, que tenha algum tipo de atuação naquela área especifica. A ideia não é que a palestra coloque a verdade sobre o assunto, e sim que a palestra seja uma referência para um ponto de debate entre os professores. Um curso e três linguagens diferentes: jornalismo Impresso, telejornalismo e radiojornalismo.

Como você analisa esta questão?

Ituassu: Estamos propondo uma discussão mais estrutural sobre jornalismo, mas nada impede que sejam abordadas questões mais especificas, sobre o rádio, tv e impresso, inclusive porque essas divisões estão se multiplicando com o advento da internet.

Você acredita que, com o advento da internet, o jornalismo impresso está com os dias contados ?

Ituassu: O papel em si pode ser que esteja, mas eu não sei. Não acho que essa seja a questão importante. O importante não é o meio em que notícia vai ser passada, mas sim, o conteúdo. Queremos discutir o conteúdo jornalístico nessa era da internet, como isso é produzido. As notícias ficam velhas mais rápido, e isso gera um problema da checagem, muitas vezes reproduzimos notícias facilmente sem checar, e isso é um problema complicado. Temos que pensar como pode se configurar a economia política do jornalismo na era da internet.

Quais são os desafios da prática jornalística na era da internet ?

Ituassu: São muitos desafios. Você tem na internet uma possibilidade de pluralidade muito grande, tem a questão da visibilidade. As grandes empresas de comunicação têm grande visibilidade, ou seja, em um certo sentido, aquele problema de você ser muito dependente dos meios de comunicação de massa, ainda permanece nos processos de mediação da realidade. Outra grande questão que a internet coloca é a ética, os processos tradicionais de apuração e checagem se tornaram muito vagarosos para o tempo da internet. Você tem uma série de desafios que dizem respeito ao modo de produção industrial que devem se adaptar ao contexto pós-industrial.

Quais são as qualidades fundamentais para um jornalista ?

Ituassu: A qualidade fundamental, hoje, para um profissional de jornalismo, é a responsabilidade sobre a fala, pois serve de referência na construção social da realidade. Nessa era da subjetividade, a comunicação constrói o sentido sobre a realidade, constrói as identidades, o significado social. No caso do jornal nem tanto, mas no caso da televisão são vários pedaços que compõem um todo. Inclusive, um dos pontos fundamentais do seminário, é que percebemos aqui no departamento que essa questão da responsabilidade sobre a comunicação está se diluindo. O jornalista ideal, pra mim, é o que tem noção sobre essa responsabilidade.