Entrevista

O pensamento do Papa Bento XVI

O pensamento do Papa Bento XVI

A definição de ser humano e o sentido da vida em um mundo globalizado serão objetos de estudo do II Simpósio sobre o Pensamento de Joseph Ratzinger, que será realizado na Universidade, nos dias 8 e 9 de novembro. Com organização do Departamento de Teologia, da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e da Fondazione Vaticana Joseph Ratzinger – Benedetto XVI, o simpósio contará com a presença de professores de dez universidades estrangeiras. Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio, Dom Paulo Cezar Costa, professor da PUC do Departamento de Teologia e membro do comitê organizador do simpósio, falou ao PUC URGENTE sobre o estudo do pensamento do Papa Bento XVI.

Qual é a importância de estudar o pensamento de Joseph Ratzinger?

Dom Paulo Cezar –  Este Papa é um teólogo. Joseph Ratzinger publicou muitas obras e foi considerado, em 2005, uma das maiores personalidades intelectuais do ano pela revista Time. Além do conhecimento teológico, Ratzinger tem uma cultura muito vasta. A reflexão do Papa Bento XVI busca um diálogo com a sociedade e com o meio acadêmico. Ele aponta para uma das questões mais importantes do mundo de hoje: alargar a razão. Vivemos em um mundo técnico. O perigo pode ser nos determos naquelas pequenas parcelas de conhecimento nas quais somos especialistas. Assim, não percebemos que a razão é bem maior. O Papa nos convida, então, a alargar a razão, para que ela dialogue com as outras formas de saber, principalmente com o mundo da fé. Ele tem certeza de que a fé tem um discurso para iluminar a ciência e o sentido da vida.Qual é a reflexão proposta pelo Papa Bento XVI?

Dom Paulo Cezar –  Queremos mostrar que Joseph Ratzinger propõe alargar a razão. E, assim, criando mais diálogos, demonstrar que uma única leitura não dá conta da totalidade da realidade. Ele diz que a razão deve encontrar a si mesma no sentido de que ela é mais ampla do que pensamos. O mundo de hoje é muito fragmentado. É bom porque temos mais condições de aprofundar um estudo, como provam os grandes especialistas de diversas áreas do saber. Mas o perigo é estarmos fechados em nossa área do saber, sem o diálogo com outros campos de conhecimento como a filosofia e a teologia. O diálogo mostra onde estão as nossas deficiências e incapacidades. Mostra, ao mesmo tempo, nossa força e nossa fragilidade, aquilo que sabemos e também as respostas que não temos. Certas respostas são dadas apenas pela ciência. Algumas respostas mais profundas só podem ser dadas pela fé.Quais são os objetivos do II Simpósio sobre o Pensamento de Joseph Ratzinger?

Dom Paulo –  O simpósio tem como objetivo promover o diálogo. Nós queremos fazer com que o pensamento de Joseph Ratzinger possa dialogar com os mundos da cultura, da ciência e educação e da política. O simpósio pretende mostrar que o Papa Bento XVI quer que a fé fale ao coração do ser humano do mundo de hoje. Tem como temas a humanização e o sentido da vida. É um convite aos jovens e acadêmicos a perceber que o sentido da vida não se encontra simplesmente nas realidades deste mundo. O sentido vai além do ter e possuir. A vida tem um sentido mais profundo que, em última instância, só Deus pode realizar.O que representa para a PUC sediar o Simpósio a menos de um ano da Jornada Mundial da Juventude?

Dom Paulo – O simpósio será sediado no Brasil, na PUC, por causa da Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro em julho de 2013. O simpósio está ligado à preparação da Jornada Mundial da Juventude. Nós escolhemos uma universidade porque é a comunidade do saber. É um lugar próprio para o diálogo dos saberes. O primeiro simpósio foi realizado numa universidade da Polônia e, agora, será na PUC-Rio. O Papa Bento XVI é um homem de ciência. Queremos que o pensamento dele se relacione com a academia e com a sociedade. Por isso, teremos literatos e economistas, por exemplo, na programação do simpósio.