Entrevista

Olhar multidisciplinar sobre as necessidades especiais

Olhar multidisciplinar sobre as necessidades especiais

Os coordenadores do InCog explicam que durante o congresso serão desenvoldidas diversas atividades. Foto: Amanda Dutra

A II Reunião Anual do INCog – Necessidades Especiais no século XXI será realizada na quinta, 4, e sexta-feira, 5, a partir das 8h, no auditório do IAG. O tema central deste ano será Necessidades Especiais, e haverá apresentações de trabalhos relacionados à neurociência e às ciências cognitivas. O tema abrange estudos sobre linguagem, pensamento, comunicação, emoção e aprendizagem. Os trabalhos serão avaliados por especialistas, e os três primeiros colocados vão ganhar uma bonificação em dinheiro para a compra exclusiva de livros. O INCog é um núcleo interdisciplinar de neurociência e cognição, do qual fazem parte os Departamento de Educação, Filosofia, Medicina, Biologia, Letras e Psicologia. O coordenador do grupo, professor J. Landeira-Fernandez, do Departamento de Psicologia, e vice-coordenadora, professora Celine Rodrigues, do Departamento de Letras, explicam em entrevista como será o encontro.

Qual o objetivo da Reunião?

J.Landeira-Fernandez: Nossa ideia é criar um ambiente de pesquisa em que possamos fazer elos com pesquisadores de vários centros, internacionais e nacionais. Fazer com que as informações, dentro dessas áreas, de neurociência e cognição, sejam passadas tanto para outros centros, que tenham interesses nessas áreas, como para o público geral. Nosso primeiro encontro deu vazão a ideia de interdisciplinaridade, que é o tema central do INCog. Estamos organizando um livro que será publicado com o material do primeiro encontro, de título Neuroscience and Cognition: Interdisciplinarie Think. Nós temos atividade o ano inteiro no INCog, que são seminários regulares com apresentações, um grande encontro no primeiro semestre e outro nas férias de verão.

Por que a escolha do tema Necessidades Especiais?

Celina Rodrigues: Eu acho que é um tema bom, porque se você olhar para o passado, o que nós entendíamos por necessidade especial é muito diferente do que entendemos hoje. Cada indivíduo tem uma necessidade que é especial, no sentido de ser específica àquele indivíduo. A gama de necessidades especiais coletiva, hoje, também é diferente, porque existem grupos que têm certas questões que precisam ser reconhecidas, estudadas e formalizadas. Uma questão é, primeiro, definir o que nós entendemos como necessidades especiais nos dias atuais. Esse conhecimento que vem sendo produzido pela neurociência e pelas ciências cognitivas tem mostrado uma mudança de paradigmas, especialmente porque parte do princípio de que hoje o sujeito é muito mais ativo do que se pensava anteriormente.

Hoje, as novas tecnologias deram a esse novo sujeito um ritmo mais acelerado de vida. Como elas influenciam os estudos na área?

Celina: Obviamente que há muito recursos hoje, a internet, a tecnologia, tudo isso melhora a compreensão desses problemas e a implementação de medidas para atender essas demandas. Até pouco tempo, quando falávamos em necessidade especial, pensávamos em uma coisa mais relacionada a desvantagem, que é uma concepção de exclusão da pessoa. Hoje não é mais assim. Tudo tem vantagens e desvantagens, então, é importante entendermos quais são essas desvantagens e as vantagens, porque, trabalhando as vantagens do indivíduo, podemos inclui-lo melhor, e a tecnologia ajuda nesse trabalho.

Qual a importância de trazer esse debate para a Universidade?

Landeira: Primeiro, conscientizar as pessoas desse conceito de necessidades especiais, e o avanço que tem sido feito em relação a essas condições. Vamos falar de estudos da linguagem, leitura, distúrbio específico da linguagem, autismo e superdotação. Todos temas associados ao ensino e à aprendizagem, principalmente, no nível superior. Como estamos dentro da Universidade, temos essa preocupação, de tentar incluir pessoas que apresentam limitações várias. O estudo tem um impacto direto na vida universitária e na vida profissional, para a pessoa poder exercer uma atividade profissional de qualidade. É um tema bem atual, que cada vez mais a sociedade está preocupada com esse tipo de questão.