Entrevista

Oportunidade de conhecer a cultura chinesa

Oportunidade de conhecer a cultura chinesa

Com palestras acadêmicas e presença de mestres orientando os ensinamentos do tai chi e kung fu, será realizada, na Universidade, desta segunda-feira, 22, a quinta, 25, a Semana da China. Em entrevista ao PUC URGENTE, a diretora do Instituto Confucius da PUC-Rio, a professora Silvia Becher, do Departamento de Letras falou sobre os objetivos da semana e a importância de saber mais sobre a cultura e a língua do país.

O que é a Semana da China? É a primeira vez que ela é realizada?

Silvia Becher: É uma semana para apresentar ao público da PUC alguns aspectos da cultura chinesa, e marcar a presença do Instituto Confucius na Universidade, que foi inaugurado no ano passado, no final de agosto. Nós organizamos esse evento repleto de palestras e demonstrações de kung fu e tai chi, com oficinas práticas. Os alunos vão poder passar por lá para praticar um pouco essas atividades. É uma forma de divulgar a cultura chinesa para os universitários, professores e funcionários da comunidade em geral. Como Semana, sim, é a primeira vez que está sendo realizada. Já realizamos antes palestras com convidados cujos assuntos eram a política, a cultura e as relações comerciais entre Brasil e China, mas ainda não tínhamos feito um evento com várias atividades. Fizemos em maio uma exposição de trabalhos de um fotógrafo chinês que ficou nos pilotis da Ala Kennedy.

O que representa a Semana para a PUC-Rio?

Silvia: Ela será uma oportunidade para a comunidade conhecer mais a China, um dos países BRICS, o país que, com o Brasil, está despontando para o mundo. Muitas pessoas comparam o desenvolvimento da China com o do Brasil, tanto em termos econômicos como em termos políticos e de posição no mundo. A gente entende que, dentro da missão do instituto de divulgar a cultura da China na PUC no Rio de Janeiro, deve apresentar diversas perspectivas da China. A programação está bem variada, haverá palestras sobre escrita, caligrafia, poesia, questões comerciais e liderança política da China e o seu desenvolvimento. Tentamos equilibrar a arte com as relações internacionais de modo a oferecer ao público uma visão mais integrada e abrangente do país.

Qual é a principal expectativa sobre essa semana?

Silvia: A principal expectativa é despertar o interesse da comunidade em geral sobre a cultura da China. Como é a primeira vez, a gente espera que os alunos tenham a oportunidade de conhecer o Instituto e participar das atividades organizadas, como os cursos oferecidos, disciplinas de língua chinesa e de introdução à cultura chinesa. Já formamos turmas com grande número de alunos e queremos divulgar para que mais alunos tenham essa oportunidade. Neste semestre, o Instituto abriu novas turmas de mandarim para funcionários de vários cargos, interessados em aprender essa língua do futuro. Ano que vem, temos planos de abrir uma turma para crianças e pré-adolescentes.

Qual é a importância da interação de culturas, entre China e Brasil?

Silvia: O mundo é cada vez mais globalizado, a gente não vive mais na ilha, no nosso próprio país. Precisamos estar em contato com os outros países, os outros povos, não só para lazer, mas principalmente para a nossa própria sobrevivência. A gente tem uma rede comercial e de capital, da qual a gente não pode abrir mão. As grandes empresas, por exemplo, procuram misturar o corpo de funcionários de modo a que haja pessoas de diferentes nacionalidades, trazendo experiências diversas. Essas semelhanças entre Brasil e China nos fazem estar cada vez mais perto um do outro. Há um número crescente de chineses morando no Rio, são várias empresas chinesas que já estão estabelecidas aqui e várias empresas brasileiras que estão enviando funcionários para a China, como a Petrobrás e a Valle. Então, conhecer um pouco a cultura do outro vai favorecer um entrosamento e desenvolvimento melhor, só pode ser positivo.

Por que incluir o tai chi e kung fu na Semana da China?

Silvia: O tai chi e kung fu são muito conhecidos, são símbolos da cultura chinesa. Lembra-nos os monges fazendo os movimentos do tai chi e do kung fu, que é uma arte, uma semiluta. É mais marcante entre a comunidade, pois é bastante visual. A geração atual está bem interessada em movimento. Aquilo que faz as pessoas se mexerem toca mais o coração. Nesse sentido, a gente pensou em fazer uma coisa mais prática, uma vivência, porque entendeu que isso irá atrair ainda mais as pessoas. A cultura de ambas as atividades está fundamentada na cultura chinesa, tem toda uma filosofia por trás e todo um modo de ver a vida, o contato com a natureza, o respeito, a história, as tradições, que é muito típico do povo chinês. Além de ter uma atração pela performance, o tai chi é uma maneira de cultura e tradição típica do povo chinês.

Programação 

Começa nesta segunda-feira a Semana da China na PUC-Rio. A abertura é às 17h30m, no Salão da Pastoral, seguida de uma apresentação de kung fu com o grupo Hung Gar e o professor Darci de Jesus, da Associação Fu Jow. Na terça-feira, 23, haverá duas palestras às 11h: Origem e Mistérios da Escrita Chinesa, na Sala 148-L, com o professor Rubens Nemitz, e China – Retorno à Liderança Mundial, com o jornalista Carlos Tavares, na Sala 114-L. Às 13h, professores da Associação Shaolin do Norte promovem uma vivência de tai-chi no bosque. Na quarta-feira, 24, o professor Zhou Zhiwei, da Chinese Academy of Social Sciences, dá a palestra Relações Brasil – China: Características e Questões, às 11h, na Sala 516-L. Às 13h, o grupo Hung Gar e o professor Darci Jesus promovem uma vivência de kung fu no bosque. Na quinta-feira, 25, o professor Christiano Barros Barreto dá a palestra Jardins de Amoreiras, Escadas de Jade e Noites Tranquilas: A Arte da Poesia Chinesa, às 9h30m, na Sala 452-L.