Entrevista

Ordem e desordem internacional

Ordem e desordem internacional

Entre os dias 29 de outubro e 1 de novembro, o Instituto de Relações Internacionais promove, no Salão da Pastoral, o seminário (Des)Ordens Internacionais: Rupturas, Exclusões e Alternativas. Os encontros procuram discutir os novos rumos da ordem internacional, com uma abordagem, inclusive, dos estados excluídos dessa ordem. Organizado pela professora Marta Fernández Moreno, juntamente com a coordenação e a direção do Departamento, o encontro terá, além de palestras, minicursos e cine-debate. Marta explicou ao PUC URGENTE a importância do seminário e de que forma essa edição se diferencia das demais.

Por que esse nome foi escolhido para o seminário?

Marta Moreno – A gente quis focar temas da agenda internacional contemporânea e discutir um pouco os rumos da ordem internacional, tentar não só destacar rupturas, mas até que ponto temos novos modelos, alternativas ao modelo prevalecente. Procuramos com o seminário mostrar que essa ordem internacional ou desordem é pautada por certa desigualdade não só entre as nações, mas também que algumas nações, alguns povos vêm sendo marginalizados, excluídos dessa ordem internacional. Tentamos dar esse viés ao seminário e abordar os estados fora da ordem, caso do Irã, do Paquistão e do Afeganistão, e, de alguma forma, alguns grupos que são excluídos dessa ordem mundial, como é o caso dos imigrantes, das crianças-soldado, etc.Constam na programação nomes dos maiores estudiosos do Oriente Médio. Por que esse enfoque?

Marta – Um dos temas da agenda internacional contemporânea é justamente os levantes árabes. Então, na verdade, a gente quis abordar tanto as questões dos levantes árabes – com um especialista no tema, professor Nizar Messari, que vai dar a palestra de abertura sobre a questão da Síria – quanto a questão dos estados pária e qual está sendo a percepção da comunidade internacional diante desses estados. Como a comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos, vê a questão desse suposto programa nuclear iraniano, a questão do Paquistão e Afeganistão, também.Além das palestras, haverá a exibição de filmes. Qual papel você acredita que o cinema desempenha nesse novo cenário das Relações Internacionais?

Marta – Os seminários de Relações Internacionais incluem conteúdos que não estão previstos na grade curricular. É uma semana bastante dinâmica, que não tem apenas seminários, mas também minicursos e esses cine-debates. Selecionamos dois filmes para exibição. Cada vez mais as artes em geral vêm sendo trazidas para dentro do campo das relações internacionais em um estudo menos convencional, que, de alguma forma, vê como os diferentes estados, as diferentes culturas vêm sendo representadas no cinema ou em outros tipos de discurso. Porque a gente entende que esse tipo de representação também tem um papel na própria construção da realidade. Se a realidade internacional hoje é conflituosa, em grande medida os diferentes meios de comunicação podem ser cúmplices dessa violência, na medida em que representam o outro e ajudam a produzir e a construir essa realidade.De que forma o currículo de Relações Internacionais está se moldando a essa nova ordem mundial?

Marta – Existem diferentes disciplinas na grade curricular que, de alguma forma, tentam acompanhar essas mudanças na ordem internacional. A característica desse seminário específico é que ele se pretende plural. Estamos chamando pessoas de diferentes áreas das ciências sociais, para dar diferentes enfoques ao debate. A importância para o aluno de Relações Internacionais é ter, justamente, essa abordagem mais plural de temas do cotidiano internacional. Um enfoque mais denso dessas questões contemporâneas.

PROGRAMAÇÃO

Começa nesta segunda-feira, 29, o seminário (Des)ordens Internacionais: Rupturas, Exclusões e Alternativas, do Instituto de Relações Internacionais (IRI), no Salão da Pastoral. Às 10h, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., Reitor da Universidade, professor Luiz Roberto Cunha, Decano do Centro de Ciências Sociais, e os professores do IRI Carolina Moulin, Marta Fernández Moreno e João Nogueira participam da mesa de abertura. Às 10h30m, o professor Jef Huysmans, da Open University, da Inglaterra, dá a palestra Security Unbound, Insecurity, Democracy, Political. Às 13h, os professores Carlos Eduardo Ferreira de Carvalho (PUC-SP), Ana Paula Tostes (UERJ) e Luiz Felipe Brandão Osório (UFRJ) participam da mesa-redonda Modelo Europeu em Crise? O Futuro da União Européia. Às 14h30m, os professores Daniel Jatobá (UNB), Carlos Eduardo Martins (UFRJ) e Paulo Velasco (Cândido Mendes) participam da mesa-redonda Mercosul em Desalinho? O Futuro da Integração Latino-Americana. Na terça-feira, 30, o dia começa com a palestra Notas Sobre Mudanças no Mundo Árabe, com o professor Nizar Messari, da Al Akhawayn University, do Marrocos, às 10h30m. Às 13h, os professores Monica Herz (IRI), Murilo Sebe Bom Meihy (História) e Jorge Lasmar (PUC-Minas) participam da mesa-redonda A Comunidade Internacional e os Estados “Fora da Ordem”: Discutindo o Irã, o Paquistão e o Afeganistão. Às 14h15m, o documentário Human Terrain (2010), de James der Derian e David Udris, será exibido e debatido pelos professores do IRI Carlos Chagas V. Braga e Philippe Bonditti. Na quarta-feira, 31, o professor Himadeep Muppidi, do Vassar College, nos EUA, dá a palestra Exclusion In International Politics, às 10h30m. Às 13h, os professores Jana Tabak (IRI), Helion Póvoa Neto (UFRJ), Peter Demant (USP) e José María Gómez (IRI) participam da mesa-redonda Os “Outros” da Ordem Mundial. Em seguida, às 15h, o filme Les Maîtres Fous (1955), de Jean Rouch, será exibido e debatido. Na quinta-feira, 1, às 10h, os professores Nizar Messari, Himadeep Muppidi, Jef Huysmans e João Nogueira participam da mesa-redonda Contestation and Change in International Political Order. Às 13h30m, os professores Javier Vadell (PUC-Minas), Marcos Costa Lima (UFPE), Márcio Scalércio (IRI) e Diego Pautasso (ESPM-Sul) participam da mesa-redonda Novas Configurações de Poder.