Entrevista

Projeto InterCriar propõe uma realidade interdisciplinar para as atividades de inovação tecnológica

Por: Fernando Annunziata e Victória Reis

Projeto InterCriar propõe uma realidade interdisciplinar para as atividades de inovação tecnológica

Mônica Herz e Gisele Birman Tonietto. Foto: Victoria Reis

Com o tema Cidades Inteligentes, Inclusivas e Sustentáveis, o Edital Interdisciplinar de Criação e Inovação (InterCriar) convida grupos de alunos de graduação, que sejam de, no mínimo, dois Centros diferentes a participar do projeto. As equipes podem apresentar propostas de, no máximo, quatro páginas, que incluam o desenvolvimento de um produto, aplicativo, serviço ou processo que apresente soluções, benefícios e reflexões importantes para a sociedade. Os dez selecionados vão receber ajuda financeira e orientação acadêmica. A Vice-Decana de Desenvolvimento do Centro de Ciências Sociais (CCS), professora Mônica Herz, e a Coordenadora de Projeto, professora Gisele Birman Tonietto, falam da importância do projeto para a comunidade acadêmica. As inscrições para o InterCriar terminam dia 29 de agosto. Para participar, acesse.

Qual objetivo do projeto InterCriar?
Mônica Herz:
O projeto visa criar uma confluência em relação às diferentes atividades que já fazemos na Universidade, mas queremos trazer uma nova energia para essas atividades. Vamos juntar uma discussão sobre interdisciplinaridade e queremos trazer os alunos para esta realidade interdisciplinar e atividades de inovação tecnológica que criem uma relação mais permeável com a sociedade como um todo. São três pontos que já existem na Universidade: relação intensa com a sociedade, interdisciplinaridade e inovação tecnológica. No entanto, o projeto visa trazer esses potenciais da PUC-Rio em um trabalho específico voltado para os alunos da graduação. Está relacionado com a nossa preocupação em oferecer a melhor formação possível para os alunos, e também queremos orientá-los e ajudá-los na inserção no mercado de trabalho.
Gisele Birman: Existe um espaço que é a concretização deste lugar, o laboratório InovaFab. Essas ações já existem, porém dispersas. Quando congregamos tudo em um laboratório de inovação, temos a concretude deste projeto.

Como o projeto vai de encontro com o objetivo da PUC-Rio de ser cada vez mais interdisciplinar?
Mônica:
Vamos criar atividades em que os alunos da graduação e os professores de diferentes departamentos e centros da Universidade trabalhem conjuntamente. Logo, se você tem um problema, uma questão ou pergunta, que diz respeito a uma necessidade social, em vez de olhar pelo prisma da disciplina de história, informática, letras, entre outros, você poderá olhar por este prisma interdisciplinar. Assim, vai permitir uma maior criatividade e maior flexibilidade em relação aos desejos, sonhos dos alunos e projetos sociais, não necessariamente categorizados estritamente dentro de uma determinada disciplina. Além disso, é uma tendência internacional. Cada vez mais os grandes centros de pesquisa e de ensino querem ter flexibilidade para encarar diferentes problemas colocados pela sociedade sem as amarras de uma ou outra disciplina. Vemos como um facilitador de encontro entre professores e alunos de diferentes departamentos.
Gisele: E para potencializar essa sinergia, elaboramos um edital, no qual um dos critérios é, obrigatoriamente, um grupo formado por alunos da graduação de diferentes departamentos e centros. Isto potencializa a ação para que de fato eles possam trabalhar interdisciplinarmente, propondo soluções com diferentes saberes.

Como vai funcionar o projeto?
Gisele:
A construção do espaço já foi iniciada, e o edital lançado, que contempla o convite para diferentes grupos e soluções dentro do âmbito das cidades. Temos o viés de soluções com aplicativos, produtos e serviços para uma cidade, no caso o Rio de Janeiro, é o que vamos fomentar. É previsto no edital um valor para que os projetos sejam executados, como uma bolsa. Os alunos elaboram os projetos e vão realizá-los com o auxílio do edital. Além disso, temos outro espaço já existente, onde vão ocorrer oficinas, que é o Laboratório de Humanidades Digitais. É um outro espaço da Universidade que soma com a iniciativa do projeto de inovação. O Laboratório de Humanidades Digitais entra como um lugar de oferta de oficinas que serão necessárias ou vão ser demandadas pelo grupo.
Mônica: O Laboratório fica no Centro de Pesquisa Matteo Ricci, e convidamos todos a visitarem. É um espaço para o bem interdisciplinar. É no espírito que vivemos em uma sociedade altamente digitalizada, que muitas relações se dão no âmbito digital, e muitas soluções podem ser encontradas utilizando estes instrumentos. É um espaço que visa capacitar alunos e professores a se movimentarem, fazerem pesquisas e apresentarem soluções para o processo digital.

Qual a importância de unir inovação e tecnologia?
Mônica:
Os projetos e os dois espaços estão voltados para a ideia de que a tecnologia não é uma coisa separada da discussão sobre as grandes questões sociais e políticas do país, e da nossa cidade, especificamente. Assim como a tecnologia vai ser aplicada e utilizada para pensar novas formas de lidar com problemas, dificuldades, potencialidades, a tecnologia vai ser pensada de forma crítica, como uma interface entre tecnologia e sociedade altamente porosa na nossa concepção. É neste sentido que somos voltados para encarar problemas e adequar a tecnologia existente à solução desses problemas. Pensamos em tecnologia, inovação, problemas, interface, universidade e sociedade como um todo. Logo, é um projeto sem preconceitos em relação aos atores. Estamos interessados em fomentar a interação entre a Universidade e organizações internacionais, Organizações não Governamentais, movimentos sociais, empresas, associações de diferentes tipos. Na verdade, diz respeito ao mercado, sociedade civil, fomentar o diálogo com os diferentes atores sociais que estão todos, de alguma forma, encarando os grandes problemas da sociedade.
Gisele: Dentro do projeto, também, está prevista a elaboração da política de inovação, que vem ao encontro do uso da tecnologia, porque estamos, de alguma maneira, discutindo a política de inovação mais uma vez dentro da Universidade, de uma forma agora descentralizada, trazendo todos os atores que trabalham de verdade com tecnologia e que podem fomentar e acrescentar a nova política de inovação da Universidade. Este espaço, em um futuro próximo, pode ser utilizado pela sociedade, e não só pelos alunos de graduação. Existe um desejo que ele seja aberto para que as comunidades do nosso entorno a utilizem de diferentes formas.
Mônica: Isto tudo tem que ser entendido, também, dentro do espírito da missão dentro da Universidade, que é católica e jesuíta, e voltada ao humanismo.

Como um projeto deste tipo pode auxiliar no currículo dos alunos?
Gisele:
Ele traz, de fato, uma capacidade de solução do problema. Estamos capacitando o aluno, não só a trabalhar em equipe, como também abrir para o saber diferente à soma de conceitos que colegas de outras Universidades trazem. Com isso, você vai ter um jovem mais preparado para qualquer trabalho. Vamos promover o encontro de saberes e realidades, porque eles vêm de centros diferentes e com competências diferentes. Assim, vão precisar desenvolver as habilidades interpessoais e de saberes e vão estar mais preparados. Pretendemos também, em um futuro próximo, que as empresas apresentem os problemas para serem solucionados. A parceria com outras entidades leva um jovem mais capacitado para o mercado, não só de empresas e indústrias, como também de uma sociedade civil como um todo.