Entrevista

PUC-Rio em processo de transformação

PUC-Rio em processo de transformação

O professor Edgar Lyra preside a Comissão de Acompanhamento das Ações Estratégicas

De setembro de 2022 a março deste ano, três grupos compostos por integrantes de diferentes áreas da PUC-Rio se reuniram para pensar a Universidade de uma forma global. Com os resultados obtidos pelos Grupos de Trabalho (GTs), foi criada a Comissão de Acompanhamento das Ações Estratégicas, presidida pelo professor Edgar Lyra, do Departamento de Filosofia. O desafio agora é definir quais são as prioridades e as demandas que devem ser acolhidas pela comunidade de maneira orgânica. Algumas ações já foram colocadas em prática. Outras serão implementadas no decorrer de 2023.

Qual o objetivo da criação da Comissão de Acompanhamento das Ações Estratégicas?
Edgar Lyra: Trata-se de acompanhar as ações de escopo mais amplo, entrelaçado e estratégico, a levar a termo nos próximos anos. O tempo presente é caracterizado por transformações aceleradas e multifacetadas, que precisam de atenção sistemática e constante. O próprio reposicionamento da PUC-Rio nos cenários em que se insere e atua requer identificação de prioridades e planejamento tão antecipado e lúcido quanto possível. Pelo menos três dimensões precisam, nesse sentido, ser observadas pela comissão: atenção às metamorfoses da época, diálogo próximo com as instâncias de gestão e comunidade universitária, e certa liberdade reflexiva, necessária ao enfrentamento criativo dos desafios descritos.

A comissão vai trabalhar a partir dos resultados dos GTs. Quais foram os principais resultados apresentados por estes grupos?
Lyra: Três GTs foram criados em setembro de 2022, com vigência de seis meses e escopos muito distintos. Extensão Universitária e ReDesign da Identidade Visual tinham demandas muito imediatas e alguns dos seus resultados já estão bastante visíveis. O grupo de Planejamento Estratégico para Sustentabilidade Financeira produziu uma síntese preliminar das suas investigações e reflexões. Por se tratar de uma instituição comunitária, de ensino, pesquisa e extensão, o planejamento se revestiu de especial complexidade. A almejada sustentabilidade precisa ser pensada como equilíbrio entre as muitas variáveis constituintes do ecossistema da Universidade. Não pôde, por isso, resultar em proposta de implementação simplesmente prescritiva ou diretiva, devendo na linha do tempo encontrar os caminhos do seu acolhimento pela comunidade. Não obstante, um cotejamento inicial interno das produções dos três GTs, aliado à conversa com o Reitor, Padre Anderson, e com o pessoal da CCPA, tornou já possível a colaboração com a Seção 11 do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), que dispõe sobre os objetivos de desenvolvimento da PUC-Rio para o período 2023-2027. Será em breve discutido no Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) e tornado público.

A comissão, assim como os GTs, reúne professores de diferentes áreas da Universidade, o que demonstra o caráter comunitário e interdisciplinar da PUC-Rio. Como esta parceria entre os departamentos pode contribuir para um resultado mais eficaz da implementação das ações estratégicas?
Lyra: Interdisciplinaridade e visão alargada são hoje dois imperativos de toda busca real de sustentabilidade. Desafios como a mudança climática, as transformações na economia do conhecimento e o dinâmico redesenho de costumes e protagonismos demandam a mobilização de saberes que vão dos domínios das humanidades aos das ciências exatas e tecnologias digitais, disponíveis de forma excelente, mas ainda dispersa na nossa comunidade. Não é trivial, por outro lado, como intensificar a cultura do diálogo entre partes outrora vocacionadas à especialização. O acompanhamento de que falamos tem esse desafio por central.

Quais serão os próximos passos da Comissão de Acompanhamento?
Lyra: Após um mês de trabalho, algumas ações já se definem com clareza: conversas como as muitas partes envolvidas na transformação da Universidade, criação de grupos para avançar pautas específicas, organização de pequenos eventos para discussão de assuntos prioritários e carentes de visibilidade, produção de pareceres, resguardo da memória do processo de trabalho, e elaboração de um relatório final.