Entrevista

Reconhecimento internacional

Reconhecimento internacional

Um dos fundadores do Departamento de Informática da Universidade, em 1968, o professor Carlos Lucena foi o primeiro brasileiro a receber o título de Fellow da Association for Computing Machinery, ACM. Durante os anos em que atua na PUC, Lucena, que é coordenador do Laboratório de Engenharia de Softwares, já formou 44 doutores e 110 mestres. O prêmio foi conferido pela contribuição em engenharia de software e sistemas multiagentes, e pela liderança de Lucena na ciência da computação no Brasil. O professor foi um dos 50 nomeados à categoria Fellow, que corresponde a 1% dos membros da ACM.

 Qual o significado deste prêmio para a sua carreira?

Carlos Lucena: Para mim, mais do que isso, só o Prêmio Turing, que é o equivalente ao Prêmio Nobel, só que da computação. Como sou um professor que poderia até estar aposentado, e já tenho 70 anos, é o coroamento de uma carreira que, espero, ainda dure muitos anos. É o coroamento de tudo que fiz. Sou o primeiro brasileiro a receber esse prêmio.

 E qual a importância desse prêmio para a PUC?

 Lucena: Para a PUC significa que, na avaliação do Departamento pela CAPES, temos o nível 7 pela CAPES. Ter alguém com essa titulação contribui muito para manter essa nota. A questão do reconhecimento internacional é muito importante na avaliação do Departamento e, portanto, muito importante para a PUC.

 Como o senhor analisa os atuais avanços tecnológicos?

 Lucena: Rapidíssimos. Só é possível acompanhar, para uma pessoa com meu tempo de carreira, porque eu estou envolvido com os 120 pesquisadores que trabalham comigo no laboratório. Durante a minha jornada de trabalho, estou o tempo todo aprendendo com os alunos. Quer dizer, é uma velocidade muito, muito grande. Desde 1968, a PUC é pioneira na área de informática. Foi a primeira universidade brasileira a ter um departamento voltado para a carreira.

O senhor acha que a instituição mantém esse pioneirismo?

Lucena: A PUC mantém sim. A CAPES começou a fazer a avaliação de programas de graduação em 1967, se não me falha a memória. De lá para cá, de todas as avaliações, a PUC sempre ficou em primeiro lugar. Hoje, ela tem algumas companhias, algumas outras que estão no mesmo nível, mas nunca perdeu o primeiro lugar nas avaliações. O Departamento está se renovando. Agora mesmo, estamos no processo de contratar dois professores novos e temos 15 candidatos para essas duas vagas, e todos eles excepcionais. Acho que isso prepara o Departamento para o futuro.

Como o Brasil está posicionado na ciência da computação e na área de informática em geral?

Lucena: O que se faz nas universidades é de bom nível. Mais de 50 programas, talvez até 60 programas, de pós-graduação. A maioria mestrados e também muitos doutorados que já recebem uma avaliação muito boa. Um problema que se tem é a disputa por bons alunos para fazer o mestrado e o doutorado. Nós temos, por causa da nossa reputação, facilidade em receber bons alunos. E tem um aspecto interessante: outro dia eu estava com uma turma de dez alunos de mestrado e doutorado e só tinha um carioca. Quer dizer, de todas as partes do Brasil e do exterior, talvez ainda pelo fato de o Rio de Janeiro ser uma metrópole e ex-capital, temos recebido muitos alunos. O número de alunos tem se mantido. Nós não crescemos de propósito, nós temos cerca de 200 alunos na pós-graduação, sendo 100 de mestrado e 100 de doutorado. O que é um número bem grande.