Entrevista

Repertório: teatro contemporâneo na PUC

Repertório: teatro contemporâneo na PUC

Ana Kfouri, Natalia Balbino, Lucas Pinho e Dayene Santana. Foto: Lucas Simões

A partir de maio, o campus da PUC ganha uma nova experiência: o Projeto Repertório. A proposta foi criada pela nova coordenadora do curso de Artes Cênicas, professora Ana Kfouri, e, até julho, três peças teatrais serão encenadas em diferentes espaços da Universidade. O elenco e a produção são compostos por mais de 30 alunos do curso, e os espetáculos vão ser montados em ambientes não-convencionais.

Os três espetáculos são adaptações de obras de diversos autores, assinadas por alunos de Artes Cênicas. O primeiro será Obsessões, baseado em textos de Nelson Rodrigues, e estreia na sexta-feira, 5, no Laboratório de Artes Cênicas (LAC), às 20h. O segundo, ANÁNKÊ, será uma reunião de textos de vários dramaturgos. A terceira montagem será Boca de Miséria, uma adaptação de textos de Hilda Hist. Ana e os alunos Natalia Baldino, Lucas Pinho e Dayene Santana explicam um pouco do conceito do projeto.

Qual é a estrutura do Projeto Repertório?

Ana Kfouri: São espaços pensados com a dramaturgia. Há todo um trabalho de teatro contemporâneo, de um pensamento da não-representação, que significa uma não-hierarquização das coisas: tudo está dizendo. O espaço, a fala, o corpo, a música. No segundo espetáculo, ANÁNKÊ, não usamos luz, a iluminação é toda natural. É uma fala muito potente, política e ética. É uma oportunidade de o público também fazer essa relação com os espetáculos, pela palavra. Isso é a ligação.

Como é o envolvimento dos alunos no projeto?

Ana:
 Neste projeto, todos assinam a dramaturgia, a partir dos textos dos autores originais. Meu trabalho é no entendimento da palavra como campo de força. Para a formação dos alunos é uma experiência incrível, pois as artes cênicas se fazem nisso: o pensar e viver no coletivo. É importante eles estarem como artistas, produtores e atores. Cada um está muito potencializado individualmente, o que gera um senso de coletividade.

Natalia Balbino: Estamos abrindo os horizontes. Além da experiência como atores, ganhamos a experiência como produtores. E são os próprios alunos e atores que fazem a ambientação, iluminação e figurino do espetáculo.

Lucas Pinho: Também tem o fato de termos a oportunidade de praticar isso dentro da Universidade. O compromisso, a responsabilidade, saber que determinadas coisas estão em suas mãos para que tudo ocorra perfeitamente. Vamos ficar dois meses em cartaz, com três espetáculos em três lugares diferentes.

Dayene Santana: Saímos da Universidade já para outro campo, pois sabemos o que queremos fazer. E, ao mesmo tempo, olhamos para os nossos colegas de turma como profissionais que vão trabalhar conosco futuramente. Criamos outra relação com essas pessoas, saímos daqui confiando nelas.

Como esse projeto afeta a formação do aluno?

Ana:
 Já dentro da Universidade os alunos estão fazendo uma pesquisa de linguagem continuada, na qual se aprofunda e descobre novas coisas. É muito legal para os atores ir para o mercado com esse senso de grupo. Essa vivência vaza no palco. Ele está totalmente comprometido, sem a vaidade do “eu”. Teatro é isso.

► PROGRAMAÇÃO

Obsessões 
Dias: 5, 12, 19 e 26 de maio e 2, 9, 16, 23 e 30 de junho.
Local: LAC.
Horário: sextas-feiras, às 20h.

ANÁNKÊ
Dias: 6, 13, 20 e 27 de maio; 4, 11, 18 e 25 de junho e 2 de julho.
Local: Exterior do LAC.
Horário: sábados de maio e domingos de junho e julho, às 16h.

Boca de Miséria
Dias: 6, 7, 13, 14, 20, 21, 27 e 28 de maio; 3, 4, 10, 11, 17, 18, 24 e 25 de junho e 1º e 2 de julho.
Local: Vila dos Diretórios.
Horário: sábados e domingos, às 19h.