Entrevista

SOS para a Amazônia brasileira

SOS para a Amazônia brasileira

A professora e coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio, Adriana Gioda, está à frente dos debates climáticos na Universidade. Foto: Matheus Santos

No Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, especialistas vão debater os impactos e desafios das mudanças climáticas, sobretudo para a saúde dos povos indígenas. O encontro é parte de uma parceria que o Departamento de Química desenvolve com a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, para estudar saúde a ambiente na Amazônia brasileira.
O PUC Urgente conversou com a coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio, professora Adriana Gioda, sobre a programação do evento. O encontro será no dia 19 de abril, das 14 às 17h, no Auditório Padre Anchieta. Além disso, nos Pilotis do Leme, até o dia 25, uma exposição fotográfica vai mostrar o cotidiano nas aldeias estudadas.

De que maneira se deu o encontro entre o Departamento de Química da PUC-Rio e a Fiocruz a fim de discutir os impactos e desafios das mudanças climáticas no Brasil?

Adriana Gioda: Eu e o professor Renato Carreira participamos do projeto “Incêndios florestais uma ameaça para a saúde respiratória dos povos indígenas: Estudo integrado de saúde e ambiente na Amazônia brasileira”, coordenado pela pesquisadora Sandra Hacon, da ENSP FIOCRUZ. Já conheço Sandra de longa data e tenho colaboração em outros projetos. Como parte de extensão do projeto estão previstas exposições. No ano passado ocorreu na Fiocruz. Como conseguimos nos organizar e ter disponibilidade do espaço entre 16 e 25 de abril, e justamente ter o dia 19 de abril no período achamos que seria uma boa oportunidade para debater o tema e apresentar alguns resultados.

Como as mudanças climáticas têm afetado a vida cotidiana dos povos indígenas da Amazônia?

Adriana: Os resultados obtidos nessa temática serão apresentados pela professora Ana Schramm que conduziu toda a parte experimental. Dando um pequeno spoiler, os indígenas têm uma percepção muito maior que a população urbana, que vão desde chuva até muitas outras situações do cotidiano!

Durante o encontro na PUC-Rio, haverá uma exposição de fotos sobre os povos xinguanos. Como foram captados esses registros?

Adriana: Esses registros foram obtidos durante as viagens de campo às aldeias para coleta de amostras. É um dos produtos previstos no projeto.

Estudos recentes da Fiocruz na Região de Maturacá (AM) detectaram que 56% dos indígenas, em uma população de 300 indivíduos, apresentavam concentrações de mercúrio acima do limite estabelecido pela Organiza-
ção Mundial da Saúde. Quais são os piores danos que o mercúrio usado no garimpo pode causar nos seres humanos?

Adriana: Sandra Hacon é uma das maiores especialistas em mercúrio no Brasil e no exterior. Nesse projeto também foram avaliados os níveis desse elemento em peixes e feito uma avaliação de risco. Mas, neste evento, não serão apresentados esses resultados. O metilmercúrio é mais tóxico do que o mercúrio metálico. Essa forma está presente nos peixes que são a principal fonte de proteína dos indígenas. O composto atravessa a barreira hematoencefálica e a placenta, causando efeitos neurológicos e teratogênicos. Ou seja, pode ocorrer insônia, diminuição da memória e da capacidade de estímulos à musculatura esquelética. Durante a gestação, a passagem do mercúrio pela placenta pode acarretar danos ao feto, dentre eles, malformações.

O Projeto Amazonizar pode fazer diferença na situação de saúde da região amazônica?

Adriana: Sem dúvidas. Se houver um bom planejamento e união de forças, as populações indígenas serão beneficiadas.

PROGRAMAÇÃO
Dia 19 de abril

14h. Abertura

14h20. Impactos globais e locais das Mudanças Climáticas. Palestrante: Sandra S. Hacon, da ENSP/FIOCRUZ

14h40. Plataforma Adapta Brasil. Palestrante: Gustavo Felipe Balué Arcoverde, do INPE

15h. Perfil Demográfico e Epidemiológico dos Povos Indígenas no Brasil e Análise dos Primeiros Resultados do Censo Demográfico 2022. Palestrante: Ludimila Raupp, do Depto. de Biologia da PUC-Rio

15h20. Percepção indígena das Mudanças Climáticas. Palestrante: Ana Schramm, do ENSP/ Fiocruz

15h40. Projeto Amazonizar. Palestrante: Ana Cristina Malheiros Gonçalves Carvalho, do Depto de Eng. Civil da PUC-Rio

16h. Época da combustão e a crise climática do Antropoceno. Palestrante: Professor Renato Carreira, do Depto. de Química da PUC-Rio

16h20 às 17h. Debate com coordenado pela professora Adriana Gioda, o Depto. de Química PUC-Rio

De 16 a 25 de abril
Evento paralelo:
Mostra fotográfica “Impacto à saúde das mudanças climáticas e dos incêndios florestais sobre os povos xinguanos”. Nos pilotis do Ed. Cardeal Leme, bloco B