Entrevista

Um passeio pela Literatura de mãos dadas com o Direito

Um passeio pela Literatura de mãos dadas com o Direito

Gilda Carvalho, diretora do iiLer (foto: acervo pessoal)

Com a proposta de promover debates interdisciplinares, os Encontros entre Literatura e Direito já ocorrem há dois anos em diversos formatos. Este ano, diante da pandemia, a atividade migrou para o mundo virtual e foi realizada on-line com o apoio da CCE. Desde o ano passado, a Associação de Antigos Alunos se tornou parceira do iiLer e do Departamento de Direito neste projeto. Diretora do iiLer, Gilda Carvalho, ressalta que os debates representam momentos de aprendizado e de possibilidade de tornar concreto o diálogo interdisciplinar. Ela revela como surgiu a proposta, quais foram os avanços e a importância deste trabalho para alunos e professores.

Como e quando surgiu a ideia de fazer esses encontros?

Gilda Carvalho
: O nosso responsável por eventos, Helber Paiva, tinha uma experiência de trabalho anterior com o professor Adolfo Borges, do Departamento de Direito, nessa linha de diálogo entre a Literatura e o Direito. Quando, em 2018, se comemorou os 70 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos, ele percebeu uma oportunidade de iniciarmos no iiLer um evento que colocasse essas duas áreas em diálogo. Daí surgiu um 1º ciclo, com quatro mesas redondas em que debatemos Leitura e Direitos Humanos. O interesse que esse trabalho despertou fez com que déssemos continuidade em 2019, quando se juntou a nós como parceira, a Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio. Fizemos, então, outros dois eventos, desta vez, já com foco em textos literários (contos e romances), apresentados a partir da leitura de um pesquisador de cada área e das questões que se apresentam para cada uma. Neste ano, com a pandemia, migramos para o formato on-line, mantendo as discussões pautadas em um texto literário e as questões de Direito que aquele texto provocar.

Como foi adaptar os encontros ao formato remoto?

Gilda Carvalho:
 Foi um aprendizado. Pela primeira vez estávamos fazendo algo que há muito tempo já pensávamos, como forma de fazer chegar o que produzimos no iiLer e na Cátedra UNESCO de Leitura a outros espaços e pessoas. O apoio da CCE foi fundamental, tanto para a divulgação quanto para as inscrições e certificação de participação. Conseguimos alcançar pessoas de outras universidades do Rio de Janeiro e, o que mais desejávamos, atingimos também pessoas de outros estados como Pernambuco e Rio Grande do Sul. Nossa avaliação foi muito positiva e, com certeza, vamos ampliar a oferta.

Qual a sua avaliação sobre a relação interdisciplinar entre Literatura e Direito?

Gilda Carvalho:
 Literatura e Direito caminham juntos desde os fundamentos filosóficos que embasam ambos. Esta base conceitual que se apresenta na Literatura em seu aparato teórico e no texto em si é bastante familiar aos universos moral e ético que regem as contribuições do Direito para a sociedade. São, portanto, duas áreas que não só dialogam entre si, mas também com a sociedade, por isso, a boa aceitação quando se aproximam. Por outro lado, acredito que toda relação interdisciplinar é um desafio, pois está intimamente ligada ao desejo das pessoas em compartilhar seus conhecimentos; creio que temos logrado ganhos nessa parceria que desejamos ampliar para outros formatos.

As palestras sobre Leitura e Direito têm a participação de antigos alunos da Universidade e dialoga com outras disciplinas. Qual a importância deste diálogo para os alunos e para a Universidade?

Gilda Carvalho: O iiLer tem uma vocação interdisciplinar que se expressa no próprio nome e está presente em tudo o que fazemos. Acreditamos que a riqueza da interdisciplinaridade está em uma autêntica troca de saberes entre as diversas áreas do conhecimento. O que vivemos mundialmente neste momento tem comprovado isso. Não se chegará a qualquer lugar se não pensarmos inter e transdisciplinarmente. Vejo, portanto, como de importância vital para a Universidade o estímulo ao exercício de diálogo entre seus departamentos, conectando pesquisas e práticas e, assim, possibilitar a formação de pessoas que possam lançar sobre a realidade um olhar diferenciado.