Entrevista

Uma semana de união e oração

Uma semana de união e oração

Jonas Ferreira e Rodrigo Policeno

Desde 1908, cristãos de diversas denominações religiosas refletem e celebram a unidade das Igrejas. Inspirado nessas experiências, o Centro Loyola de Fé e Cultura, em parceria com a Pastoral Universitária Anchieta, promove a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC), que ocorre desta segunda-feira, 29, até quinta-feira, 1º de junho. Com o tema É o amor de Cristo que nos Une, o encontro vai organizar uma série de palestras para debater pontos como a reconciliação. Haverá também momentos de oração nos pilotis. O coordenador de Espiritualidade do Centro Loyola, Rodrigo Policeno, e o coordenador de Espiritualidade da Pastoral, Jonas Ferreira, são os organizadores do encontro e falam sobre a importância da prática religiosa e da união, inclusive dentro da Universidade.

Como surgiu a Semana de Oração no mundo?
Jonas Ferreira:
 Ela surgiu nessa tentativa de criar um momento em que as igrejas cristãs, na preparação da festa de Pentecostes, procuram dar passos concretos relacionados à unidade dos cristãos durante essa semana que conclui o tempo da Páscoa. É uma ocasião em que as igrejas buscam mais aquilo que une do que aquilo que separa.

Como essa iniciativa foi trazida para a Universidade?
Rodrigo Policeno:
 Foi um incentivo do Vaticano. Ano passado, o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), participou de uma atividade no Theatro Municipal, chamada de Pátio dos Encontros, inspirada no Pátio dos Gentios, que existiu em Israel, no qual as pessoas que tinham diferenças culturais e religiosas daquela época usavam o espaço para debate. O diretor do Centro Loyola, padre José Maria Fernandes, gostou dessa temática e comunicou ao nosso departamento a ideia de fazer algo inspirado no Pátio dos Encontros.

Como esse diálogo vai ser abordado dentro da Universidade?
Policeno:
 Vão ser dois momentos. De manhã, serão feitas palestras presididas por teólogos, entre eles o ex-reitor, padre Jesus Hortal, e à tarde será de fato o momento de oração e louvor.
Ferreira: A ideia realmente é nos unirmos para rezar. Esse é o objetivo da Semana de Oração. É claro que dentro disso procuramos perceber pontos de vista em comum das igrejas cristãs, tudo com base no subsídio que o Vaticano oferece, que é um temário geral. Estamos seguindo esse texto base oferecido pelo Vaticano para o ano de 2017, que fala muito sobre a justificação do Cristo que vem para reconciliar. Temos como base a própria reflexão do Vaticano. Nós só adaptamos à realidade da PUC.

E como foi feita a escolha do tema?
Policeno:
 Todo o ano, durante a Semana da Unidade, o Vaticano gera esse documento, já com o tema, inspirado no capítulo 5 da segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, citado pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (em português: A Alegria do Evangelho): O amor de Cristo nos impele (n. 9), mas nós modificamos um pouco. Este ano faz 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, e o Vaticano, aliado às Igrejas ecumênicas da Alemanha, montou o documento para celebrar a data. A ideia é, como o próprio texto diz, trabalhar o que foi separado naquela época e mostrar que o amor de Cristo é muito maior do que o que foi separado lá atrás.
Ferreira: Isso é inspirado no próprio Papa Paulo VI, que dizia que aquilo que nos une é muito maior do que aquilo que pode nos separar. Ele teve uma influência muito grande na questão do diálogo ecumênico, que é uma das bases do que vem a ser o Concílio do Vaticano II. Existiram os movimentos que antecederam o Concílio, o movimento bíblico, o litúrgico, ecumênico e patrístico, que proporcionaram uma volta às fontes. Uma das preocupações do movimento ecumênico é olhar não mais para aquelas questões que dividem, mas sim para aquelas que as religiões cristãs têm em comum.