Entrevista

Universidade celebra cultura negra

Universidade celebra cultura negra

A Cátedra UNESCO de Leitura e o Núcleo de Educação de Adultos da PUC-Rio (NEAd) irão realizar a IV Semana da Consciência Negra na PUC-Rio, nos dias 21, 22 e 23, com a temática O Negro no Cinema Brasileiro: Uma Homenagem a Ruth de Souza. No dia 21, haverá um painel temático sobre a inserção do aluno negro na PUC-Rio e um café da manhã para alunos e professores, até as 11h. A partir das 15h, a atriz Ruth de Souza estará presente no Auditório Padre Anchieta, local da homenagem, que também contará com os críticos Laurent Desbois, autor de L’Odissée du cinema brésilien, e João Carlos Rodrigues, autor de O negro e o cinema brasileiro. Nos dias 22 e 23, das 13h às 15h, será organizado o Ciclo Retrato em Preto: O Negro e o Cinema. O coordenador da Cátedra Ricardo Oiticica, um dos organizadores, explica os objetivos e a importância da IV Semana da Consciência Negra.

O que é a Semana?

Ricardo Oiticica: É a quarta edição de um movimento ao qual nós demos o nome de SECONEG, que na verdade se articula informalmente há muito tempo na PUC. A Universidade tem consciência negra à medida que presta, não somente com concessão de bolsa, mas também de auxílios, a uma parcela do corpo discente, a possibilidade de estar nesta Universidade de excelência. A SECONEG é apenas um momento de reflexão sobre aquilo que temos e fazemos, mas não é celebrado tanto quanto deveria. A Semana de Consciência Negra concilia reflexão e celebração e tem sido assim nos últimos quatro anos.

Qual é o objetivo de organizar a Semana da Consciência Negra?

Ricardo: Os ciclos da natureza e os ciclos da cultura têm sua força própria. Nós estávamos quase deixando passar a ocasião, quando Renato Costa, coordenador do NEAd, e eu sentimos falta daquilo que anualmente, mais ou menos nessa época, nos aborda: essa vontade de homenagear e celebrar a cultura negra. Entrávamos já no mês de outubro e não tínhamos ainda mobilizado as correntes.

Qual a importância da reflexão em um evento desse gênero?

Ricardo: Ocorre, na ocasião, a confluência do intelectual com a militância. Alguns acreditam que a militância pode comprometer a independência do trabalho intelectual; outros, como eu, acham que é essa militância que faz do pensamento essa força viva. A Semana da Consciência Negra, pela história dramática do negro na vida do brasileiro, leva essa responsabilidade a um nível ainda maior, por isso essa inquietação que nos deu, em mim e no Renato Costa, de já em outubro não termos uma agenda pronta. Porém, aproveitamos o seminário e o lançamento do livro As mulheres no final do século XXI, na PUC-Rio, para trazermos uma representante que já está no cenário artístico desde a metade do século XX para mostrar que há um fio nessa história.

 O que suscitou a escolha de Ruth de Souza como homenageada?

Ricardo: Ela é uma atriz que já povoou o imaginário do telespectador e da plateia do teatro há muito tempo. Na sua postura firme, já encarou personagens inesquecíveis. Estamos precisando de Ruth de Souza para ter essa grande dama do nosso teatro sempre lembrada.