Um laboratório vivo para discutir sustentabilidade
2 de junho de 2017 as 06:30
Maria Fernanda Lemos
O Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) vai debater, durante a XXIII Semana de Meio Ambiente, os tópicos destacados na Agenda Socioambiental da PUC-Rio para estabelecer uma política sustentável no campus. A abertura será na terça-feira, 6, às 9h30, no auditório do RDC, com uma palestra do Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J. As discussões e oficinas ocorrerão até sexta-feira, 10, das 13h às 17h. Os interessados em participar da iniciativa receberão um certificado emitido pelo CCE, caso se inscrevam no site goo.gl/Zwywa6 e compareçam a 70% das atividades. Conselheira consultiva do NIMA e diretora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, professora Maria Fernanda Lemos, explica o projeto e fornece detalhes da programação, que está disponível no site www.nima.puc-rio.br.
Qual a proposta desta edição?
Maria Fernanda Lemos: É uma continuidade da última Semana do Meio Ambiente. A ideia foi, nesse um ano e meio de revisão da Agenda Socioambiental, colocarmos à luz os valores que estão na encíclica Laudato Si (do Papa Francisco) e ressaltarmos os aspectos sociais da sustentabilidade. O primeiro momento de participação da comunidade PUC foi na Semana de Meio Ambiente de 2016. Agora, estamos dando continuidade e fazendo um segundo momento de participação ampliada. Estamos abertos a colaborações nos encontros do grupo de trabalho, pelo Facebook e pelo site do NIMA, para conseguirmos uma participação coletiva, que já conta com muitos voluntários. No ano passado, trabalhamos as três primeiras etapas da Agenda Socioambiental, que foram os princípios de sustentabilidade para atuar na Universidade, um diagnóstico e as diretrizes. Agora, o foco está nas três outras etapas. Completaremos a agenda e trabalharemos as metas, os projetos e os programas para começarmos a discutir os indicadores que permitirão o acompanhamento da eficácia desse projeto.
Como será dividida a programação dos encontros?
Maria Fernanda: A Agenda trata de 11 temas, que estão expostos resumidamente, com o que conseguimos trabalhar ao longo dos anos, nos banners colocados nos pilotis. Essa divulgação pode nortear a participação dos interessados em contribuir pelo Facebook ou o site do NIMA. Entre os assuntos, os seis considerados básicos são a água, a biodiversidade, a energia, os resíduos, os espaços de convivência construídos e a mobilidade. Eles serão abordados enfaticamente durante os três primeiros dias da XXIII Semana de Meio Ambiente e, para isso, têm um horário e dia específico para discussão. É muito comum, como no ano passado ocorreu, de os alunos participarem de vários dias de debates, e isso é o ideal para se ter uma visão mais holística do processo. No último dia, falaremos dos temas que estamos chamando, por enquanto, de transversais, que são educação, comunicação, adaptação climática e resiliência, tecnologia de informação e saúde. Esses assuntos têm uma interferência tão grande em todos os outros que fica difícil comentá-los separadamente e, por isso, serão trabalhados com outros temas.
O que é uma agenda socioambiental?
Maria Fernanda: É um pacto da comunidade, que funciona como instrumento de gestão de muita legitimidade, sobre o que se deseja construir em termos de sustentabilidade na Universidade. Isso depende de um compromisso participativo e de um processo para buscar essa sustentabilidade. É importante a noção de processo quando falamos de colaboração e pacto de um instrumento de gestão legítimo. É um trabalho longo, no que diz respeito ao tempo, para sedimentar e amadurecer ideias, além de ampliar debates entre todos os interessados.
Qual a importância de se ter uma agenda sustentável na PUC?
Maria Fernanda: Podemos considerar que como uma instituição que gera conhecimento e tem valores cristãos, a nossa responsabilidade em ser exemplo se destaca. É como se a Universidade virasse um laboratório vivo onde, ao mesmo tempo em que construímos a nossa própria sustentabilidade, geramos um conteúdo sobre como praticá-la. Podemos servir, inclusive, de espelho para outras intuições e, até mesmo, para a cidade sobre como se comprometer com isso. Estamos muito próximos uns dos outros e temos departamentos integrados, principalmente na graduação. Isso facilita conversas entre as diferentes áreas para realizarmos trabalhos interdisciplinares. Não dá para falar de sustentabilidade sem pensar na multidisciplinaridade do assunto. Estamos inseridos em uma bacia que tem questões ambientais muito contundentes, como o Rio Rainha, que passa por diversos lugares, inclusive pelo campus, e faz um trajeto em que convive com pessoas de diferentes rendas e classes sociais. Ele é um elemento chave para se pensar a sustentabilidade da Gávea e da Universidade.