Trinta anos de Ejota: a empresa das ‘mentes do futuro’
28 de abril de 2025 as 06:30

Arthur Croce (à esquerda) e André Bocaiuva falam sobre suas vivências na Empresa Júnior da PUC-Rio
Por Geovanna Veiga
Este ano, a Empresa Júnior da PUC-Rio comemora 30 anos de atuação no mercado com soluções inovadoras em diversas áreas e cerca de 1.500 projetos concluídos.
Formada exclusivamente por alunos da Universidade, a empresa presta serviços como Consultoria em Marketing, Finanças e Processos, Agência de Audiovisual e Design, além dos trabalhos como Web Development. Desde 1995, a Ejota – como é popularmente conhecida – se destaca pelo foco na interdisciplinaridade, personalização de atendimento para os clientes e pela criação de cases de sucesso, como a Terça em Dobro da rede de pizzaria Domino’s. A organização também possui um quadro de ex-alunos, que ocupam cargos de destaque no mercado, como o atual CEO da Rock World, Luis Justo.
“A função da Ejota é te preparar para chegar ao meio profissional e já saber como funciona a estrutura de uma empresa por dentro, é um diferencial na carreira. Ela te dá artifícios para conseguir se desdobrar de forma mais eficiente. As principais habilidades que desenvolvemos são o relacionamento com as pessoas, o respeito a hierarquias e o conhecimento das questões técnicas”, afirma André Bocaiuva, diretor do setor administrativo da Ejota.
A empresa conta com 53 integrantes, divididos em atuação interna e externa. Atualmente, está em andamento um processo de admissão de novos membros. O aluno de Design e diretor do setor de projetos e comércio, Arthur Croce, de 24 anos, e o estudante de administração e diretor do setor de administração e finanças, André Bocaiuva, conversaram com o PUC Urgente sobre a história, a trajetória e o cotidiano da instituição.
Quais mudanças acompanharam a Ejota nos últimos 30 anos?
Croce: A ideia de empresa júnior foi trazida da França por Silverio Zebral, que visitou o país e viu no modelo francês uma forma de impactar o mercado. A realidade de empresas juniores há 30 anos era totalmente diferente da de hoje em dia, com estruturas e leis para o segmento. O nível de empresas como a Ejota tem acompanhado as mudanças que acontecem no mundo. Mas, ao mesmo tempo que muita coisa mudou, outras permanecem as mesmas. A gente ainda mantém a nossa mentalidade, o nosso cerne. Isso acontece, por exemplo, na forma que a gente agrega para o mercado, com a qual trazemos a nossa visão de aluno, que ainda não é enviesada por anos de mercado, e também com a energia e a vontade de querer inovar e fazer algo diferente, que acho que é natural do jovem.
Bocaiuva: Uma das maiores mudanças é que, até 2018, a Ejota era remunerada. Mas, se você pegar documento, fluxograma e organograma antigos, você consegue perceber que a estrutura da Ejota é a mesma. E, como o Croce comentou, a maneira de funcionar, a vontade de aprender e de mudar o mundo também é a mesma.
De que forma eventos organizados pela Ejota ampliam as oportunidades de atuação dos alunos no mercado de trabalho?
Bocaiuva: Nos eventos, como a Ejota+, que é a nossa feira de estágios, o Descobrindo o Mercado e o Entrando no Jogo, buscamos sempre trazer profissionais de excelência e grandes empresas para que os alunos possam aprender sobre novas possibilidades de atuação e entender o que as empresas estão procurando nos processos seletivos. Com isso, já trouxemos para palestrar personalidades como a Malu Borges, que é modelo e criadora de conteúdo, e empresas como a Ambev, a L’Oréal e a Globo. Acreditamos que o que promovemos é de muita importância para os alunos, porque entender como essas empresas funcionam, adquirir conhecimento sobre as diretrizes ou até saber mais sobre a trajetória dos profissionais para os estudantes é uma oportunidade de inspiração. A principal motivação da Ejota para fazer isso pelos alunos é exatamente dissipar esse conhecimento de grandes pessoas do mercado, que são referências para a gente.
Croce: Temos muito trabalho para organizar esses encontros e, por mais que sejamos organizados, sempre vai ser intrinsecamente caótico. Aprendemos a improvisar para resolver essas questões que vão exigir muita adaptabilidade, característica que é a força motriz da Empresa Júnior. As pessoas têm que ser muito proativas. Costumamos dizer que temos um sentimento de “donos” em relação à Ejota. Estamos ansiosos para a Ejota+ deste ano, já estamos pensando há vários meses como vai ser a identidade visual, as pessoas que vão participar, a identidade visual e tudo o que envolve planejamento prévio.
De que maneira a parceria entre a Ejota e a PUC-Rio fortalece a formação dos alunos, ao mesmo tempo em que contribui para a reputação e inovação da Universidade?
Croce: Todos os nossos projetos são benéficos para a PUC-Rio, porque, se a gente atinge um nível satisfatório de resultados positivos, isso impacta positivamente na reputação da Universidade. E, se estamos conseguindo impactar o mercado de forma positiva, conseguimos, por consequência, impactar a instituição de forma positiva, porque os alunos estarão mais capazes para explorar novas oportunidades. Mas o impacto também acontece de forma reversa, ou seja, só conseguimos ser o que somos por causa da PUC. Se a Ejota é interdisciplinar por essência, é por um reflexo da PUC, não por uma decisão arbitrária nossa. Afinal, muitas empresas juniores são voltadas apenas para a comunicação, o marketing, outras para a parte mais de engenharia e processos. A empresa júnior da PUC abraça tudo isso.
Qual a contribuição da Ejota na vida profissional de seus integrantes?
Croce: Um diferencial é aprender a lidar, dentro de um ambiente seguro, com as frustrações e os outros sentimentos que vêm com o trabalho. Nós, assim como em grandes empresas, temos oportunidades de crescimento dentro da Ejota. Em vez de você passar por todo esse processo pela primeira vez no seu emprego, nós te preparamos para experimentar isso aqui dentro. É um momento de se reinventar, então é preciso ter mais segurança também. A experiência de liderar pessoas, conciliar demandas e todas essas coisas assustadoras a princípio, experimentamos aqui, em uma escala menor, mas já é um treinamento. E isso acontece em nossas áreas estratégicas, operacionais, criativas e por aí vai.
Bocaiuva: E é legal porque nós mesmos experimentamos isso quando assumimos a diretoria, a gente tá se confirmando ainda, aprendendo.
A Ejota possui parceria com grandes empresas do mercado. Como essas parcerias contribuem para o crescimento da empresa e a integração da comunidade acadêmica no meio?
Croce: Tivemos há pouco tempo, por exemplo, um encontro com uma das nossas parceiras, a Stone. Para a gente, é muito importante esse tipo de parceria, porque conseguimos analisar como é que as empresas seniores estão agindo no mercado e, a partir daí, ver se precisamos atualizar nossas práticas, o que estamos entregando e como nos estruturamos no back-office da empresa ou em relação às empresas de fora da PUC. Assim, a gente consegue profissionalizar cada vez mais a Empresa Júnior. Para as empresas também é bastante benéfico, porque estão em contato com pessoas que querem fazer uma solidificação curricular, aprender e estão dispostas a se desafiar. Elas têm noção que essas são as mentes do futuro, as pessoas que vão, em alguns anos, ocupar as cadeiras das organizações.
Como é o processo seletivo da Ejota?
Bocaiuva: O processo seletivo é composto por três etapas: a fase de grupos, a entrevista e o programa de trainee. Durante o programa de trainee, os participantes serão divididos em equipes e trabalharão com um gerente em projetos reais, de empresas reais, que já contarão para a bagagem pessoal da pessoa, mesmo que ela não passe no processo em definitivo. Não há um tempo máximo de permanência na Ejota e não é necessária experiência prévia.