Um pastor da ecologia e da justiça social

Prezada Comunidade Universitária,

Com grande comoção, nos despedimos nesta semana do nosso querido Papa Francisco. Como universidade pontifícia — em comunhão direta com o pontífice e com o coração da Igreja —, somos um espaço de encontro entre ciência, fé e humanismo. É a partir desse lugar singular, de escuta e diálogo, trabalhando a partir da perspectiva de uma formação integral de nossa comunidade, que buscamos transformar a realidade com coragem e esperança.

Francisco foi um pastor que ensinou o caminho da sinodalidade para a Igreja, a partir da escuta profunda, pelo discernimento e pela coragem profética de quem amou o mundo e os mais vulneráveis. Guiado pelo lema “Miserando atque eligendo” — olhar com misericórdia e escolher com amor —, ele nos ensinou a acolher cada pessoa com ternura, sem julgamentos, para nos colocar em diálogo cada vez mais atento aos desafios do nosso tempo.

O Papa Francisco nos chamou a refletir sobre a ecologia integral, o consumo global e a justiça social — temas que ressoam profundamente na missão da PUC-Rio. Sua encíclica Laudato Si’, uma carta ao mundo todo, é um chamado para cuidarmos da nossa casa comum — um compromisso que abraçamos com fé e responsabilidade.

Tive a graça de encontrar pessoalmente o Santo Padre em Roma, na Casa Santa Marta. Em um momento de profunda espiritualidade, ele me confiou três palavras que carrego comigo: oração, unidade e coragem. São palavras que fortalecem nossa caminhada institucional como universidade em saída, comprometida com os pobres, o diálogo e a justiça socioambiental.

Em um mundo em constante mudança, Francisco apostou em processos, mais do que eventos. Assim, a Igreja é convidada a acolher com coragem sua permanente e necessária transformação. Um dos principais processos foi estabelecer a transparência financeira e administrativa e da gestão de pessoas, baseada na verdade, na ética e na busca de soluções práticas. Tudo isso nos tem sido inspirador, e, também nesse aspecto, seguiremos seu legado.

Seguimos, como universidade católica e jesuíta, honrando esse testemunho com fé viva e compromisso concreto. Queremos ser, como Francisco nos ensinou, uma instituição com “os pés no chão e o coração em Deus”, atenta aos sinais dos tempos, aberta ao diálogo e protagonista na construção de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Organizar a esperança significa, acima de tudo, transformá-la em ações concretas.

Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J.