Ampliação da mamografia pelo SUS para mulheres de 40 a 49 anos reforça importância do diagnóstico precoce

O mês de outubro é marcado no mundo inteiro pela campanha que visa à conscientização sobre o câncer de mama. Neste Outubro Rosa, uma das boas notícias vigentes no Brasil é a ampliação pelo Sistema Único de Saúde da cobertura do exame de mamografia para mulheres de 40 a 49 anos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), se for desconsiderado o câncer de pele não melanoma, o câncer de mama foi o tipo mais frequente no último ano entre pessoas do sexo feminino no Brasil e a principal causa de morte nesse grupo. O INCA estima que tenham sido registrados mais de 75 mil casos este ano e, em 2023, foram mais de 20 mil óbitos em decorrência da doença. Mas os números também apontam uma tendência positiva: de 2000 a 2023, houve queda na taxa de mortalidade do câncer de mama entre mulheres de 40 a 49 anos.
Para entender mais sobre a doença, o PUC Urgente conversou com o Dr. Carlos Ricardo Chagas, professor de Mastologia da Escola de Medicina da PUC-Rio. “Hoje em dia as pessoas estão muito mais engajadas, no mundo inteiro, na prevenção e no tratamento do câncer”, afirma.

Qual é a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama?
Com o diagnóstico precoce, as chances de cura aumentam, e é possível fazer cirurgias mais conservadoras, sem a retirada da mama. O diagnóstico precoce se faz com a mamografia, principalmente, e o autoexame, que consiste na própria pessoa examinar os peitos com as pontas dos dedos, mensalmente, para verificar se há alguma alteração. Se a pessoa menstrua, ela deve fazer isso após a menstruação. Mas o autoexame não possibilita um diagnóstico tão precoce quanto a mamografia. Só é possível apalpar um tumor quando ele tem 1 centímetro ou mais, ao passo que a mamografia detecta tumores de 0,5 centímetro. É importante também ir ao mastologista uma vez por ano, sobretudo após 40 anos de idade.

O que pode ser feito para prevenir o câncer de mama?
É importante fazer exercícios físicos e evitar bebidas alcoólicas. Mulheres que têm filhos quando são mais jovens têm menos chance de desenvolver câncer de mama, mas hoje em dia as mulheres têm tido filhos cada vez mais velhas porque estão estudando, trabalhando. É necessário manter uma alimentação saudável, porque a obesidade é um fator de risco para o câncer.

O Sistema Único de Saúde ampliou este ano a cobertura do exame de mamografia para pessoas do sexo feminino de 40 a 49 anos. Por que houve essa mudança?
Nós (os mastologistas) já defendíamos essa ampliação há mais de 20 anos. Recentemente, sobretudo aqui no Rio, vem se notando o aumento do diagnóstico do câncer de mama em idades mais baixas, logo deixar para fazer a mamografia só depois dos 50, 60 anos, pode acabar dificultando a chance de um diagnóstico da doença em sua fase inicial.

O senhor acredita que campanhas como o Outubro Rosa aumentam a conscientização sobre o câncer de mama?
Sim, com certeza. Hoje em dia as pessoas estão muito mais engajadas, no mundo inteiro, na prevenção e no tratamento do câncer. Antigamente, a mastectomia (a retirada da mama) era quase obrigatória, mas hoje temos opções bem menos invasivas. Isso é possível porque os diagnósticos estão sendo feitos cada vez mais cedo, justamente por causa da conscientização.

Pessoas do sexo masculino também podem desenvolver câncer de mama? Se sim, quais os sinais?
É muito menos frequente do que em pessoas do sexo feminino, mas podem. Nesse caso, não há a necessidade de exames de rotina sem que a pessoa apresente sintomas. Mas é importante estar atento a alterações nos peitos e procurar um mastologista em caso de mudanças. Muitas vezes o prognóstico é pior para esses indivíduos, pois não há o hábito de fazer o autoexame, e o tumor só é detectado quando está mais avançado.

*sob supervisão das editoras