Programa Jovem Aprendiz do NEAM completa 10 anos
Por: Maria Eduarda Süssekind*
10 de novembro de 2025 as 06:30
Davison, com Marina (ao centro) e Carolina: comemoração terá corrida de revezamento (Foto: Ana Beatriz Magalhães / Comunicar)
Mais de 300 pessoas foram beneficiadas. Entre os próximos desafios, está a inclusão de pessoas com deficiência
O programa Jovem Aprendiz, do NEAM PUC-Rio, que completa 10 anos em 2025, já atendeu mais de 300 pessoas. Do total, cerca de 80 foram efetivadas na Universidade, e muitas delas tiveram a oportunidade de se tornar estudantes, com 100% de bolsa. A partir deste mês, os contemplados passam a receber plano de saúde e odontológico, um marco inédito nesta década de atuação do programa.
Desde 2015, quando foi oficialmente regulamentada pela Lei Federal 10.097/2000, a iniciativa procura estabelecer uma ponte entre a educação e o mercado de trabalho, oferecendo aos participantes não apenas capacitação técnica, mas também experiências humanas e culturais que fortalecem a autonomia e as perspectivas de trajetória profissional.
O NEAM pretende investir em novas parcerias com grandes empresas para aumentar a empregabilidade dos jovens que fazem ou já fizeram parte do projeto. Além disso, um dos principais focos é expandir a diversidade dos participantes, incluindo pessoas com deficiência. O PUC Urgente conversou com a fundadora e diretora do Núcleo, Marina Moreira, o coordenador pedagógico, Davison Coutinho e a assistente administrativa Carolina Cardoso, ex-jovem aprendiz. Eles fizeram um balanço dos 10 anos de atuação e projetaram metas para o futuro.
Como foi a implementação deste programa na Universidade?
Marina Moreira: O programa Jovem Aprendiz vem de uma Lei Federal, 10.097/2000, que obriga que as médias e grandes empresas tenham uma cota de 5% a 15% de aprendizes. Antes mesmo da lei ser criada, o NEAM já atendia jovens. Estávamos buscando essa regulamentação, até finalmente conseguirmos em 2015.
Quantas pessoas já foram amparadas e que atividades são oferecidas pelo programa?
Davison Coutinho: De 2015 para cá, a gente já teve 321 jovens que participaram do programa. Eles realizam a prática aqui na PUC-Rio em 25 departamentos, e a gente tem parceria com o Senac. Desses 321 jovens atendidos, 88 foram efetivados na própria PUC. A taxa de efetivação gira em torno de quase 25%. Ingressando aqui, eles têm direito à Universidade. Do total, 64 receberam 100% de bolsa.
Carolina Cardoso: Lá no Senac eles têm uma aprendizagem na área administrativa e saem com o certificado, que é super reconhecido. Antes, iam duas vezes por semana para o Senac, agora, a partir dessa nova turma, ficaram três meses direto tendo aulas teóricas. Aqui na PUC-Rio, a gente também oferece atividades culturais, passeios, oficina de orientação de saúde sexual, saúde socioemocional, educação financeira, atividades esportivas.
Qual é o perfil desses jovens e o impacto do programa na vida profissional deles?
Davison Coutinho: A diversidade é grande. No período, 54% foram mulheres; 50,74% se identificam como pretos ou pardos, o que representa muito a população das comunidades que a gente atende; 45% são da Rocinha, mas também estamos em outros 46 bairros da cidade, incluindo a Baixada Fluminense. Levantamos também a situação atual deles e vimos que 76% dos que passaram pelo NEAM na função de Jovem Aprendiz estão trabalhando hoje. Desses 76%, 90% têm carteira assinada, são trabalhadores formais. A maior parte deles respondeu que está cursando o ensino superior. Entre os jovens entrevistados, 47% falaram que trabalham em iniciativas sociais nos territórios deles, o que mostra que o NEAM também tem essa a intenção de formar multiplicadores, pessoas engajadas socialmente, trabalhando nos seus territórios.
Quais são os principais planos para o futuro do programa?
Davison Coutinho: Uma das coisas que nós temos buscado são empresas parceiras, para poder encaminhar esses jovens a empregos. Mesmo sendo jovens muito bem preparados, conseguir contato com as empresas ainda é um grande desafio. Eles recebem, às vezes, bolsas de inglês, na Cultura Inglesa, cursos de tecnologia, de programação, administração. É uma mão de obra muito qualificada. A gente tem buscado melhorar, desenvolver um banco de vagas, para que possamos construir uma ponte com as empresas, um banco de oportunidades. Também estamos numa fase nova, de inclusão de pessoas com deficiência. É um desafio, porque nós precisamos aprender, nos preparar e também nos conectar com essas pessoas, que, muitas vezes, enfrentam dificuldades em termos de mobilidade urbana pouco acessível. Para a pessoa chegar aqui na PUC já é um grande desafio. Garantir inclusão e empregabilidade aos nossos jovens são os maiores objetivos para os próximos anos.
Qual a programação da comemoração dos 10 anos?
Carolina Cardoso: No dia 7 de novembro, eles tiveram um encontro com o Reitor, Padre Anderson Antonio Pedroso, SJ. Ele ofereceu um café da manhã para os jovens da turma atual de 2025/2026. No dia 12, em parceria com a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e com a AFPUC (Associação de Funcionários da PUC-Rio), vamos fazer uma corrida de revezamento com os jovens pela manhã. Vai ter todo um um circuito que busca incentivar a saúde do corpo e a conexão corpo e mente. Será nos Pilotis, às 7h, aberto a todos que quiserem participar. Dia 17, vamos promover um encontro com jovens e ex-jovens aprendizes. O último evento é no dia 15 de dezembro, quando vamos levar os jovens do programa para um passeio e promover um torneio de futsal em um clube parceiro.
*sob supervisão das editoras



