Entrevistas

20 anos de empreendedorismo

20 anos de empreendedorismo

Somos todos sócios. A declaração é da presidente da Empresa Júnior (EJ) da PUC-Rio, Gabriela Meinberg, 21, aluna do curso de Cinema, do Departamento de Comunicação Social. A seis semanas de deixar o cargo, é assim que ela define os alunos que trabalham na empresa, que completa 20 anos de mercado com uma extensa lista de clientes, como Ambev, Petrobras, Osklen e TIM. No sábado, 7, haverá a primeira etapa do processo seletivo para a entrada de novos sócios e os candidatos devem levar 1kg de alimento não-perecível. Em entrevista, a presidente analisa a EJ e esclarece como é feita a escolha dos alunos que farão parte da empresa.

Como funciona a Empresa Júnior – PUC-Rio?

Gabriela Meinberg: É uma empresa de consultoria, há 20 anos no mercado, gerida por 29 sócios, que são alunos da PUC-Rio. Atualmente, existem seis áreas de atuação: Arquitetura, Marketing, Finanças, Audiovisual, Processos e Design. Em outras empresas júniores do Rio de Janeiro, elas são divididas por áreas, isto é, uma empresa júnior para um curso específico. Um dos diferenciais da Empresa Júnior da PUC-Rio é a interdisciplinaridade. É uma EJ para todos os cursos da Universidade.

Qual a importância da EJ para a formação dos alunos?

Gabriela: Com interdisciplinaridade, temos visões diferentes e criativas de uma mesma questão. Um consultor de finanças não pensa só com as teorias e práticas da área que ele atua ou um consultor de audiovisual não pensa somente a partir das questões de comunicação. Nesse sentido, a formação de um sócio da EJ é completa porque entendemos como o outro atua e as dificuldades do setor do qual ele faz parte. Assim, o lado interpessoal também é desenvolvido, porque todos os dias temos que lidar com pessoas que têm visões diferentes. Além disso, o sócio da EJ aprende a se portar em reuniões, eventos, a cumprir prazos, lidar com pressões e todos os desafios que uma empresa tem. Muitos alunos, principalmente quando entram na Universidade, ficam preocupados com as festas e acreditam que essa é a única forma de aproveitar a PUC- -Rio. Mas a Universidade é mais que isso. Estamos em uma das melhores Universidades do país com uma EJ considerada também uma das melhores do país. É uma oportunidade única para incrementar a formação, para moldá-lo profissionalmente. A EJ me proporciona falar de igual para igual com diretores de grandes empresas. Há várias caixas de ferramentas que a Universidade oferece, basta o aluno saber usá-las para sua formação. A Empresa Júnior é uma delas.

Como foi o processo seletivo aos alunos interessados?

Gabriela: Todos os alunos, sem nenhuma restrição de curso, puderam se inscrever pelo site da EJ. A primeira fase eliminatória será no sábado. Nela, ocorrerão algumas dinâmicas e os candidatos devem levar 1 kg de alimento não-perecível. A segunda fase é técnica, dividida pelas seis áreas de atuação. Cada uma delas faz um processo específico. Os que passarem farão uma visita na Empresa Júnior para alinhar a expectativa, conhecer o ambiente e a história da empresa. Depois são entrevistas com a diretoria. Não há um número exato de vagas. Nós temos um mantra: deixar melhor do que pegou. Eu tenho que contratar alguém que é melhor do que eu quando fiz a entrevista. Embora seja difícil fazer o julgamento na triagem, não podemos descer o nível. Somos referência e pretendemos continuar assim por um longo tempo.

Como é o plano de carreira para os sócios da Empresa Júnior?

Gabriela: O plano de carreira é divido entre trainee, consultor e gerente. Os candidatos que forem aprovados entram na EJ e passam por um programa de trainee que dura três meses. É nesse programa que as pessoas veem como é o dia a dia da EJ, conhecem um pouco mais da história da empresa, aprendem a desenvolver análise crítica, entre outras coisas. Depois tem a fase de consultor. Nela, a pessoa desenvolve várias competências que são alinhadas de acordo com a área de atuação. Já o gerente tem a função de supervisionar os consultores nos projetos, lidar com o cliente, estabelecer prazos, corrigir os consultores e tirar dúvidas. Para os cargos de diretoria e presidência são candidaturas. Todos podem ser candidatos.

Como é a relação com os clientes?

Gabriela: Como temos 20 anos no mercado e somos respeitados, nunca precisamos correr atrás para ter projetos. Muitos clientes ligam querendo fazer um plano de negócios, que é quando a pessoa está abrindo uma empresa ou filial. No entanto, nos últimos meses, por causa da crise econômica, não há muitos projetos nesse sentido, porque são poucos os que estão abrindo um negócio. Por isso, estamos buscando criar projetos para as empresas que nos inspiram. A ideia é sair do nosso conforto. Porque nos momentos de crise tiramos soluções criativas e lucrativas para a empresa.