CETUC: meio século de contribuição
18 de setembro de 2015 as 06:30
Em um mundo cada vez mais interligado tecnologicamente, dar continuidade às pesquisas de excelência é o principal objetivo do Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC), que completa 50 anos. A unidade complementar do Centro Técnico Científico da PUC foi criada na mesma época em que as telecomunicações surgiram no Brasil. O diretor do CETUC, Flávio Hasselmann, ressaltou que, apesar da dificuldade econômica vivida pelo país, há um esforço para manter a eficiência do trabalho para as próximas gerações. Para comemorar as conquistas obtidas pelo CETUC neste meio século de existência, na sexta-feira, 25, às 16h, haverá uma solenidade no auditório do RDC, com a presença do Reitor da Universidade, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J..
Quais foram as principais mudanças ao longo desses 50 anos?
Flavio Hasselmann: Houve uma grande mudança, que ocorreu com a privatização das telecomunicações. Quando surgiu a Telebras, nos anos 70, o CETUC tinha poucos anos, mas muitos professores participaram da formação da Telebras e, inclusive, formaram os quadros iniciais. A empresa criou o centro de pesquisa e desenvolvimento, chamado CDPD, e parte das pesquisas eram desenvolvidas por Universidades, e o CETUC foi contratado por vinte anos, até as privatizações. Nessa época, cada estado tinha sua companhia estadual de telecomunicações, e todas elas eram subsidiárias pela holding Telebras, responsável por desenvolver equipamentos novos e tocar o futuro das telecomunicações no Brasil. E, da noite para o dia, ficamos sem financiamento externo. Foram alguns anos difíceis para o CTC, como um todo, e, para nós, em particular. Mas nos adaptamos, vieram indústrias novas, as telecomunicações se desenvolveram de novo, as operadoras privatizaram. Nós fomos atrás e, em poucos anos, conseguimos equacionar essa história. Mas a privatização foi um divisor de águas.
O que poderia ser destacado nessa trajetória?
Hasselmann: É difícil destacar algum projeto, porque telecomunicações ocupa um leque muito vasto. É desde a banda larga, que os mais jovens estão acostumados, no dia a dia, a equipamentos que só ouviram falar que existem, como antenas para comunicação por satélite e fibras óticas submarinas. Mas tudo isso se junta em um grande sistema. Sem um elo, o conjunto não funciona. O CETUC teve a sorte de ser muito bem-sucedido ao longo desses 50 anos. Nascemos junto com as telecomunicações desse país, evoluímos em paralelo. São centenas os engenheiros que formamos. Somados, mestres e doutores dão quase 500. Em todo lugar que se vai, órgãos de governo, empresas privadas, se encontra gente que foi formada aqui. A reputação do CETUC está consolidada, e eu diria até que em nível internacional, porque temos muitos contatos no exterior e metade dos nossos alunos é de estrangeiros, mesmo sem existir um convênio com outras Universidades. Vamos fazer o máximo para continuar assim para as próximas gerações.
Qual a importância de desenvolver projetos relacionados a telecomunicações em um mundo cada vez mais veloz e interligado?
Hasselmann: Toda nossa pesquisa e todo o desenvolvimento são atualizados com uma rapidez que não se via há dez anos, por exemplo. Hoje, não estamos trabalhando com a tecnologia utilizada nos processos do dia a dia, mas, sim, com aquelas que serão utilizadas daqui a alguns anos. Enquanto todo mundo está usando o 4G, já estamos pensando no 5G. Isto porque se começa com pesquisa em laboratório, desenvolvimento de técnica, muito antes de virar um produto acessível à população. Sempre trabalhamos para os sistemas que serão implantados mais à frente.
Quais são os desafios do CETUC para os próximos anos?
Hasselmann: O grande desafio é fazer com que a economia do país como um todo tenha condições de se manter, sempre buscando o desenvolvimento, para continuar financiando centros de pesquisa Brasil afora, como o CETUC. Vamos permanecer estudando e formando recursos humanos de ponta, mas precisamos manter o financiamento daqueles que precisam do nosso trabalho para continuar fornecendo laboratórios de ponta e grupos de pesquisa. Mas sou otimista, porque telecomunicações é algo indispensável. Não existe nada no mundo de hoje sem telecomunicações. Por exemplo, recursos alternativos de energia existem, tem a energia eólica, solar. Agora, substituto de telecomunicações não vai existir nunca. O mundo hoje é baseado em informações, e elas têm que ser transmitidas de forma cada vez mais eficiente.