Sustentabilidade abre o ano letivo
14 de março de 2014 as 06:30
Nesta segunda-feira, 17, ocorre a Aula Inaugural do ano letivo da Universidade com o economista Jeffrey Sachs, Conselheiro Especial do Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, nas Metas de Sustentabilidade para o Milênio. A aula será às 9h, no RDC. No encontro, Sachs, que também é professor e diretor do Earth Institute na Universidade de Columbia, vai trazer para o debate as questões sobre a sustentabilidade. O diretor do NIMA, Luiz Felipe Guanaes explica a importância do tema e revela alguns projetos da PUC em relação à sustentabilidade.
Qual é a importância de debater o tema sustentabilidade?
Luiz Felipe Guanaes: É o desafio contemporâneo. Estamos em uma crise civilizatória enorme, exatamente na relação do homem com o meio em que vive. O homem sempre fez coisas erradas em relação ao meio, mas a escala chegou no ponto em que a relação entre homem e natureza está insustentável. Precisamos mudar a nossa maneira de agir, no sentido mais amplo possível. A crise ambiental é uma crise global. As questões ambientais extrapolam totalmente a noção de estado. A Amazônia, por exemplo, envolve diversos países. As questões ambientais ocorrem localmente, mas são de natureza mundial. Há uma necessidade enorme de uma nova governança que permita aos países garantir a sustentabilidade do planeta. Logo, nada mais lógico do que a ONU assumir alguns compromissos em relação a isso. Esse foi o grande compromisso da Rio+20, de estabelecer certos parâmetros globais que todos, em princípio, vão aceitar. Em 2000, foram criadas as metas do milênio. Essas metas acabam em 2015. A proposta é a criação de novas metas com um adicional, o desenvolvimento sustentável.
Jeffrey Sachs foi classificado, pela The Economist, como um dos três economistas mais influentes da última década. Quais as principais contribuições que ele pode apresentar na aula?
Guanaes: O Jeffrey Sachs tem uma história enorme. Foi indicado pelo Secretário Geral da ONU para coordenar as metas do milênio. Na sequência, ele foi responsabilizado pela segunda fase, as metas do milênio em uma perspectiva sustentável. Além disso, é diretor do maior instituto de meio ambiente do planeta, o Earth Institute, da Universidade de Columbia. Na verdade, é uma pessoa que faz um papel absolutamente importante na ligação entre o desenvolvimento tecnológico e científico com a política, um dos grandes desafios atuais. Essas vertentes caminham separadas, mas não deveriam.
Jeffrey Sachs tem um histórico acadêmico fantástico, ele tenta fazer essa ponte com a política. Esse foi um dos temas mais discutidos na Rio+20. Ele é um cientista de porte e, ao mesmo tempo, tem jogo de cintura e flexibilidade para fazer política. Para a Universidade, é uma grande oportunidade ter uma pessoa desse calibre. Como surgiu o convite?
Guanaes: O Jeffrey Sachs já é, de alguma forma, parceiro nosso. Fundamos, com a Universidade de Columbia, em 2011, uma aliança pró-desenvolvimento sustentável. Então, já existe uma relação mais antiga da PUC com o Earth Institute. Como o Jeffrey Sachs vem ao país para fazer o lançamento da Rede Brasileira de Soluções para o Desenvolvimento Sutentável (RSDS Brasil) – que ocorre nesta segunda-feira, 17, no Museu de Arte do Rio – fizemos o convite para a Aula Inaugural e ele aceitou.
Quais projetos a Universidade tem para a questão de sustentabilidade?
Guanaes: O grande projeto é a própria Universidade. A questão da agenda ambiental é a nossa prioridade, e isso tem várias facetas. Estamos fazendo um esforço para evoluir a relação da PUC com o entorno. Isso se expressa na nossa tentativa de recuperar o Rio Rainha. É uma ação política e técnica. Também estamos remontando a coleta seletiva. Fizemos um projeto piloto no Edifício Cardeal Leme para simplificar o projeto, agora só com dois tipos de recipientes: reciclável e não reciclável. Não tenho os números ainda, mas a campanha está sendo muito mais consistente. A ideia é repetir o padrão na Universidade toda. Também vamos lançar, no início do ano que vem, um programa de doutorado com linha de pesquisa em sustentabilidade pelo Departamento de Geografia.