Um núcleo ambiental na Universidade
22 de março de 2013 as 06:30
O Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) completa, este mês, 13 anos de existência. Criado pelo Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., o NIMA tem o objetivo de ser um polo de discussões interdisciplinares sobre questões socioambientais e estabelece a interação da Universidade com a ética ambiental. Os diretores Luiz Felipe Guanaes e Fernando Walcacer destacaram a importância do Núcleo para uma universidade com ações e práticas sustentáveis.
Como vocês analisam a trajetória do NIMA nestes 13 anos?
Luiz Felipe Guanaes: O NIMA surgiu com a intenção de tentar facilitar a relação entre os departamentos da Universidade. Hoje, principalmente depois que a gente produziu a Agenda Ambiental, ficou muito claro tudo que a gente quer fazer em longo prazo. A
Agenda Ambiental é uma agenda da Universidade criada pelo NIMA.
Fernando Walcacer: Eu também acho que o NIMA representa um movimento importante para transformar a Universidade em autossustentável. Caracteriza-se não só pela preocupação com o Campus, como também, na relação com a comunidade, com o objetivo de tornar o ensino cada vez mais multi e interdisciplinar. A universidade que se propõe a
ter um ensino mais abrangente com alunos vai formar profissionais melhores, mais integrados dos problemas ambientais.
Quais são os projetos futuros do NIMA?
Guanaes: A Agenda Ambiental está dividida em metas de curto, médio e longo prazo. Uma meta que nós temos é a corresponsabilidade da PUC em relação à gestão do Vale da Gávea. Se traduz, por exemplo, na limpeza do Rio Rainha em um esforço coletivo e multidisciplinar. É um conjunto de ações em conjunto. Você só vai ter um rio todo
limpo e sustentável, na medida em que haja um comprometimento com a comunidade no processo.
Quais foram as conquistas alcançadas nestes 13 anos?
Guanaes: Eu acho que a gente vem se consolidando na própria instituição. Houve uma consolidação, de alguma forma, na educação ambiental. Nós temos conseguido, numa perspectiva interdisciplinar, sair da Universidade, dar certas contribuições aos municípios, como por exemplo, projetos de educação ambiental em Duque de Caxias. A gente vem se consolidando muito tanto na educação ambiental quanto no direito. Hoje em dia, existem vários profissionais do direito ambiental e do poder público, que passaram por aqui. Isto é uma conquista real e concreta.
Walcacer: A maior conquista em relação ao direito ambiental foi a possibilidade que a PUC ofereceu do NIMA sediar grupos de estudo, integrados por alunos e professores
de diversas especialidades. Conseguiu criar um profissional comprometido com as questões ambientais, que no mercado de trabalho tem uma visão mais crítica em relação às legislações.
Quais são as novidades que vocês já podem adiantar para este ano?
Guanaes: Primeiro é a consolidação da estação de educação ambiental da PUC. A ideia da estação é ter um local onde a gente consiga aumentar o padrão de sensibilidade do aluno e que, de alguma maneira, propicie as práticas ambientais. É uma contínua ideia de conscientização. A estação ambiental é uma casa com técnicas que tendem à sustentabilidade. Estamos organizando a Semana do Meio Ambiente com a participação de 14 departamentos, e cada um é responsável por uma mesa disciplinar. A ideia é discutir para incorporar este conceito ao dia a dia das pessoas. O evento ocorrerá em junho.
Quais são as grandes dificuldades em transformar uma universidade, como a PUC, em autossustentável?
Walcacer: Eu acho que é uma questão de cultura, são dificuldades culturais. Você encontra resistência não só da parte dos alunos – embora eu continue achando que eles ainda são a parte mais generosa a perceber essas novidades – mas também dos funcionários. Eu acho que a reação maior está entre o corpo docente, porque é difícil para o professor acostumado a dar a mesma matéria, com sua ementa testada e aprovada, tentar
mudar e introduzir a questão ambiental. Você não faz isso nem da noite para o dia e nem de um ano para o outro, então essa é uma dificuldade que a gente vai enfrentando a cada dia e acreditando que vai melhorar.
O que, para uma instituição de ensino superior, significa ter um núcleo como o NIMA?
Walcacer: É um passo de gigante tornar uma universidade sustentável. Eu acho que o NIMA é uma experiência pioneira, inclusive entre as universidades brasileiras que ainda não têm esta cultura. Ele representa a Universidade tentando incorporar o discurso da sustentabilidade. A PUC é a única universidade do Rio de Janeiro que tem um programa de sustentabilidade, uma Agenda Ambiental composta por metas, um compromisso de ação.