Entrevistas

Homenagem à memória do cinema nacional

Homenagem à memória do cinema nacional

Luiz Henrique Severiano Ribeiro Baez e Arturo Netto

Em 2012, serão celebrados o centenário de nascimento de Luiz Severiano Ribeiro Jr., presidente dos Estúdios da Atlântida, e o 80º aniversário do cineasta Roberto Farias. Para comemorar as datas, o curso de Cinema da PUC-Rio e a rede de cinemas Kinoplex vão promover o seminário O Cinema Popular da Atlântida e o Centenário de Luiz Severiano Ribeiro Jr, de 10 a 12 de abril, no auditório do RDC, com transmissão ao vivo pelo Portal PUC-Rio Digital. O professor Arturo Netto e o curador do acervo da Atlântida, Luiz Henrique Severiano Ribeiro Baez, explicam como o estúdio contribuiu na formação do cinema brasileiro.

Qual a importância e o legado deixado pela Atlântida no atual cenário do cinema brasileiro?
Luiz Henrique Severiano Ribeiro Baez: A Atlântida foi a mais profunda e mais extensa experiência do cinema nacional. Foi a única época em que o cinema se organizou como indústria. Dois aspectos que são importantíssimos. A Atlântida foi criada em 1941 para a simples produção e divulgação de cinejornais de cunho político. Com a entrada de Ribeiro Júnior, o estúdio passou a se estruturar em toda uma cadeia de produção industrial para o cinema. Foi a única experiência que deu certo. Era uma empresa feita por jovens e, como dizem, “cinema é a arte da juventude”, e a Atlântida é prova disso. Ela foi uma grande escola e deixa o legado de valorização do que é nosso. O cinema nacional nunca teve tanta autoestima e o brasileiro nunca se viu tanto na tela e de uma maneira tão boa.
Arturo Netto: Uma coisa importante que vale lembrar é que o cinema nacional, normalmente, passa por ondas de altos e baixos. A Atlântida é uma experiência fundamental, no que diz respeito à comunhão do produto nacional com o grande público. O que o cinema nacional persegue hoje, consolidar sua base, é o grande legado trazido pela Atlântida. O cinema pode ser popular e ter uma relação direta com o público.

Como grandes nomes do cinema da Atlântida podem influenciar os novos cineastas e alunos?
Luiz Henrique: Carlos Manga, um dos mais famosos diretores da Atlântida, passa uma mensagem muito clara em sua trajetória. Para ele, tudo é possível. Ele entrou na Atlântida como contrarregra e aprendeu cinema autodidaticamente. Manga acredita que, se a pessoa quiser fazer cinema, ela consegue. Já a trajetória de Roberto Farias abre um leque de opções de áreas de atuação para o aluno de cinema. Ele pode ser empresário, produtor, executivo, diretor e distribuidor. Os dois têm trajetórias muito ricas e ambos passaram pela Atlântida.
Arturo: A nossa preocupação, ao trazer estes seminários para a PUC, tem a ver com a visão da Universidade, que tem a sensibilidade de perceber a importância destas pessoas dentro da área de cinema. A importância de Ribeiro Júnior com o conceito do cinema como indústria, o patrimônio histórico que a Atlântida representa e a obra de Roberto Farias. Essa aproximação da PUC com o grupo Kinoplex e Severiano Ribeiro mostra a preocupação da Universidade com quem fez história e com quem continua fazendo história e cinema de qualidade.

Qual a importância dos seminários que serão apresentados para as novas gerações?
Arturo: Normalmente nós somos conhecidos por sermos um país sem memória. Um dos importantes papéis da universidade, e a PUC não foge a esse compromisso pedagógico, é fazer uma comemoração e mostrar a esta nova geração que o Brasil tem uma série de personalidades no cinema que são motivos de orgulho para nós. O seminário é uma prova do compromisso de quem faz educação no Brasil e pretende formar novos talentos, sem esquecer da criatividade e da importante ligação que o cinema deve ter com o público.
Luiz Henrique: Quem puder vir, deve vir. Com 22 anos de trabalho, não houve um dia em que eu não me surpreendi com alguma coisa que encontrei ou vi no acervo da Atlântida. Com certeza, não será diferente com quem puder vir e assistir aos diferentes seminários.

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Programação do Seminário

Na terça-feira, 10, às 10h30m, abertura; às 10h45m, aula magna pelo cineasta Carlos Manga; às 13h, às 15h e às 17h, exibição do filme Esse é Carlos Manga. Na quarta-feira, 11, às 10h30m, palestra sobre a importância do projeto Atlântida Cinematográfica para a formação de um cinema popular brasileiro. Na quinta-feira, 12, às 10h30m, mesa-redonda sobre a trajetória de Roberto Farias no cinema brasileiro.

A participação no seminário vale como atividade complementar. Inscrições no Departamento de Comunicação Social.