Oportunidade de defender o futuro
23 de março de 2012 as 06:30
A PUC vai sediar, entre 11 e 15 de junho, o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, promovido pelo International Council for Science (ICSU). O evento vai reunir 500 cientistas do mundo inteiro em preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada uma semana depois, no Riocentro. O diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA), Felipe Guanaes, esclarece a importância do Fórum para a comunidade PUC.
As reuniões do Fórum serão fechadas. De que forma a comunidade PUC poderá interagir com o evento, uma vez que não haverá outras programações externas no campus durante a semana em questão?
Felipe Guanaes: Teremos uma reprodução de tudo que vai ser discutido dentro do ginásio nos auditórios da Universidade. O ICSU representa a comunidade científica internacional, porque reúne os melhores cientistas do mundo. Muitos ganhadores do prêmio Nobel estarão aqui. A ideia é perceber o que o pensamento científico de ponta está discutindo. Além do Fórum principal, haverá os side events, que serão abertos, mas com limite de visitantes. A comunidade deve participar e estar dentro desses eventos. A ideia é tornar o Fórum uma conversa na Universidade. O legado será aumentar a sensibilidade em relação às sérias questões que estamos vivendo. O aluno vai se habilitar para os desafios profissionais futuros.
Qual é a importância de despertar o interesse em torno das discussões sobre sustentabilidade?
Guanaes: Na verdade, o que está sendo discutido é o nosso futuro, sobretudo o dos jovens. É fundamental o aluno participar do debate, porque estamos falando do futuro dele daqui a 30 anos. O aluno pode participar como voluntário. Vamos precisar de 400 voluntários. As inscrições já podem ser feitas no NIMA, e o processo seletivo será em meados de abril. Alunos de todas as áreas de conhecimento podem se inscrever. A fluência em idiomas estrangeiros é pré-requisito. Os alunos de mestrado e doutorado vão ter uma imersão mais interessante. Cada mesa do Fórum vai reunir especialistas que produzirão um documento. Os mestrandos e doutorandos vão ajudar na montagem desses documentos. As sugestões vão compor uma síntese que vai ser lida pelo presidente do ICSU durante a Rio+20.
Como o senhor avaliaria a comunidade PUC em termos de consciência ambiental?
Guanaes: A consciência ambiental da comunidade PUC é muito baixa. Vemos como é difícil implementar a coleta de lixo na própria Universidade. Claro que há as questões da estrutura física e de organizar os funcionários para fazer a coleta. Existe uma questão operativa, mas o problema mais sério é a postura do aluno. Se a pessoa não sabe, deve jogar o lixo na caixa cinza. O aluno não tem nenhum senso coletivo: joga lixo em qualquer lugar. Isso não é específico da PUC, mas sim das sociedades como um todo. A questão ambiental envolve a todos. Trata-se de cidadania planetária. Vivemos num mundo mais integrado, onde os problemas são cada vez mais coletivos. Não se pode resolver o problema da mudança climática pensando em país.
Quais atitudes devem estimular a Agenda Ambiental da PUC?
Guanaes: No meu entender, o foco total deste ano é a coleta seletiva, porque é a ponta do iceberg. Se não conseguimos formar um indivíduo com consciência seletiva, o que dizer de fazê-lo desligar a luz da sala de aula ou abrir a janela no lugar de usar o ar condicionado quando não estiver muito quente? São ações que partem sempre do indivíduo. A grande mudança que esperamos deste ciclo é facilitar a implementação da Agenda Ambiental dentro da instituição, além de favorecer pesquisas multidisciplinares e intercâmbios entre departamentos no sentido de buscar soluções mais integrais para os problemas da sociedade.
Uma delegação da PUC vai participar de uma conferência do ICSU em Londres entre os dias 26 e 29 de março. Qual é o objetivo da viagem?
Guanaes: Os responsáveis pelas mesas do Fórum e o presidente do ICSU estarão na Inglaterra. A delegação vai se inserir na discussão. Na volta, vamos expor os temas discutidos aos professores. O que conseguirmos mudar a Universidade em termos de sustentabilidade será incutido na maneira de o profissional se relacionar com o trabalho. Precisamos formar alunos que entrem no mercado de trabalho com perspectiva diferenciada sobre as questões ambientais.