Entrevistas

Reflexões sobre Comunicação Social na CNBB

Reflexões sobre Comunicação Social na CNBB

Andréia Gripp (foto: acervo pessoal)

Jornalista e doutoranda em Teologia pela PUC-Rio, Andréia Gripp foi convidada para integrar a Equipe de Reflexão da Comunicação Social da CNBB, espaço que já foi ocupado, em um passado recente, pelo professor do Departamento de Comunicação Social Miguel Pereira, ex-coordenador geral do Comunicar. Por 11 anos, Andreia coordenou a Pastoral da Comunicação do Regional Leste 1 da CNBB. Em entrevista, ela explica como é o trabalho e qual a importância da Equipe de Reflexão para a sociedade. Para a jornalista, as mídias deixaram de ser apenas um veículo de comunicação e se tornaram essenciais à vida social. Ela destaca que o pesquisador católico tem a oportunidade de contribuir para uma reflexão ética sobre as práticas comunicacionais em prol da comunhão entre homem, Deus e a natureza.

Qual é o trabalho desenvolvido pela Equipe de Reflexão da Comunicação Social da CNBB?
Andréia Gripp: Uma Comissão Episcopal da CNBB tem dois grupos de apoio: os bispos referenciais e os coordenadores regionais, e o Grupo de Reflexão. O primeiro grupo tem uma atuação mais da prática, ajuda a mapear como está a realidade pastoral e é responsável pela organização de atividades e eventos promovidos pela comissão. O segundo, o Grupo de Reflexão, tem uma função mais teórica, ou seja, ajuda a pensar, a preparar os subsídios ou mesmo documentos da CNBB, quando solicitado.

Como você descreve a emoção que sentiu ao ser convidada para fazer parte da Equipe?
Andréia Gripp: “Com temor e tremor” (Fl 2,12) acolhi esta missão. O convite foi para mim uma grande surpresa e o recebi com o coração cheio de felicidade. É uma honra poder contribuir, com a pesquisa que realizamos na PUC-Rio, para as ações de evangelização da Igreja no Brasil. Eu coordenei por 11 anos a Pastoral da Comunicação do Regional Leste 1 da CNBB, de 2004 a 2015, e pude experimentar, como agente pastoral, o valor do trabalho da Equipe de Reflexão, que na época tinha como um de seus integrantes o professor Miguel Pereira. E é nele que inspiro-me nesta nova jornada.

Quais as contribuições das ações da Equipe para a comunidade católica e para a sociedade brasileira?
Andréia Gripp: Estudar o papel da comunicação, na Igreja e na sociedade atual. O trabalho da Equipe de Reflexão pode ajudar a comunidade católica a entender os processos comunicativos e a complexidade da cultura midiática, para poder inserir-se nesse processo como agente de interlocução, promovendo o significado profundo da existência humana. A possibilidade de contribuição é grande, especialmente no campo da promoção do bem comum e do diálogo, sempre respeitando a dignidade humana.

De que forma a reunião de pesquisadores católicos em torno da Comunicação pode influenciar o uso correto dos meios de comunicação?
Andréia Gripp: A Igreja e, dentro dela, a Teologia, interessa-se por tudo o que é legitimamente humano. As conquistas e inquietações do mundo são partilhadas pela Igreja. Na atualidade, o indivíduo vive imerso na cultura da comunicação, marcada fortemente pelo digital. As mídias deixaram de ser apenas um meio de comunicação e, como já havia escrito McLuhan, se tornaram a extensão de uma pessoa, essencial à sua vida social e à sua existência. O pesquisador católico, inserido nessa realidade, cidadão deste tempo histórico, olha para esse fenômeno e oferece luzes para uma reflexão ética sobre as práticas comunicacionais, promovendo a cultura do encontro, favorecendo a vivência da comunhão: encontro do homem com Deus, com o próximo e com a natureza. Assim, oferece elementos para superação da lógica de mercado, de modelos de vida pessoal e social nos quais predominam o individualismo, a indiferença, a violência e o preconceito.