A construção de um mundo mais humano
21 de outubro de 2016 as 06:30
Misericórdia e Teologia é o tema central da XVII Semana Teológica, que será de terça, 25, a quinta-feira, 27. Com o objetivo de debater a construção de um mundo mais humano, o encontro será composto por palestras e debates que vão ocorrer no espaço Dom Luciano Mendes, antigo Salão da Pastoral, a partir das 8h. A Semana e a programação são organizadas pela Universidade e pelo Instituto Teológico Franciscano, de Petrópolis. O coordenador de graduação do Departamento de Teologia, padre Waldecir Gonzaga, conta detalhes sobre o planejamento da conferência.
Como foi a escolha do tema central?
Padre Waldecir Gonzaga: Estamos no Ano da Misericórdia, por
isso a escolha do tema. O Papa Francisco tem insistido muito que a universidade ajude a Igreja e a população a entender a teologia. A questão é que o linguajar teológico se torne compreensível para todos. E, depois, entender as consequências da teologia para transformação do mundo. O que abraçar a misericórdia de Deus implicaria na vida do ser humano? A misericórdia é o sinal distintivo de Deus. Ele não se cansa nunca de nos amar
e nos perdoar. Uma vez abraçando a ideia de Deus, segundo o Antigo Testamento, o ser humano é chamado a corresponder com este amor e os atos dele deveriam ser de bondade. Misericórdia pode ser traduzido por ternura, educação, fidelidade, justiça. Com a expressão “Ethos para um novo mundo” (usado na divulgação do encontro), queremos indicar que a misericórdia nos dá ferramentas para transformar esse mundo violento e injusto em que vivemos em um mundo igualitário e de paz.
De que forma a Semana vai abordar o tema da misericórdia?
Padre Waldecir: Na Semana, veremos as implicações morais, teológicas
e no diálogo com outras igrejas. A misericórdia nos abre para a conversa, inclusive com as ciências. Como ela, com o direito, a sociologia e a psicologia, nos ajuda a construir uma nova história? O trabalho é de cooperação. A Universidade promove o tema,
mas ela também é promovida com ele. Neste sentido é que nós queremos,
no primeiro dia, por exemplo, dialogar com um professor de direito, um de economia e pessoas de outras igrejas. A teologia sozinha não consegue criar um mundo mais justo, assim como só a economia ou só o direito também não. É preciso entender o ser humano na integralidade dele. A Semana é um espaço para que possamos refletir sobre isso e para encontrar caminhos, porque ninguém tem receitas prontas.
E a seleção dos convidados?
Padre Waldecir: A escolha dos palestrantes é feita em parceria com os departamentos da PUC, mas nós também trazemos conferencistas de fora. Nas mesas, que chamamos de diálogo, preferimos convidar professores da Universidade. Devemos valorizar os grandes homens e mulheres que temos aqui. Além disso, escolhemos também alunos mestrandos e doutorandos, para valorizar e promover a pesquisa acadêmica.
Os diálogos serão mesas-redondas?
Padre Waldecir: O diálogo é uma mesa interdisciplinar com dois professores e um terceiro como mediador. Nós preferimos tirar a palavra debate. Já que o tema é misericórdia, vamos dialogar. Talvez o debate fosse uma palavra mais inteligível. Mas, no momento político de digladiação que estamos, escolhemos usar diálogo, afinal, a misericórdia não humilha, ela promove.
No último dia da programação, serão realizadas duas mesas bíblicas. Qual a diferença em relação às conferências e aos diálogos?
Padre Waldecir: A mesa bíblica será o lançamento do livro Traços da Misericórdia de Deus, feito por alguns professores da PUC, inclusive eu, na área de sagrada escritura. Este dia foi intitulado de Café Teológico. Cada professor escreve um capítulo. O diretor do Departamento de Teologia, professor Leonardo Agostini Fernandes, é o organizador do livro, que é um comentário bíblico sobre a misericórdia no Evangelho de Lucas. Nós vamos fazer uma mesa do Antigo Testamento e outra do Novo Testamento, para analisar os traços da misericórdia de Deus em alguns textos. É importante que a sociedade entenda que os mais excluídos precisam de inclusão e de amor, e a Universidade tem um papel central neste tema. Não podemos fazer teologia de gabinete, ou seja, dentro do escritório. Precisamos de homens e mulheres que realizem o encontro da Universidade com o mundo e ajudem a resolver problemas, como a falta de misericórdia e bondade.
►ProgramaçãoTerça-feira, 25: 9h: Conferência – Misericórdia e Moral, com a professora Maria Inês de Castro Millen, do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF). 10h45: Diálogo – Interdisciplinar Direito e Economia, com o Decano do CCS, professor Luiz Roberto Cunha, e o professor Theophilo A. Miguel Filho, do Departamento de Direito. 14h: Conferência – Misericórdia e Cristologia, com o professor Vitor Galdino Feller, da Faculdade Católica de Santa Catarina. 15h: Diálogo – Ecumênico, com os professores Alessandro Rodrigues Rocha, coordenador da Cátedra de Leitura da PUC-Rio, e Silvana Gomes Venâncio, do Seminário Teológico Congressional do Rio de Janeiro (STCRJ). 16h: Encerramento.
Quarta-feira, 26 – 9h: Conferência – Crueldade e Misericórdia: Uma Abordagem Psicológica, com o professor Frei Fernando de Araújo Lima, do Instituto Teológico Franciscano (ITF). 10h45: Diálogo com os alunos. 14h: Conferência – Violência e Misericórdia Segundo os Profetas Bíblicos, com o professor Frei Ludovico Garmus, do Instituto Teológico Franciscano (ITF). 15h: Conferência – Crueldade e Misericórdia na Teologia Moral, com o professor Frei Leonardo Aureliano dos Reis Teixeira. Santos, do Instituto Teológico Franciscano (ITF).
Quinta-feira, 27 – 9h: Mesa Bíblica, com os professores do Departamento de Teologia Leonardo Agostini Fernandes e Maria de Lourdes C. Lima. 10h20: Mesa Bíblica, com os professores do Departamento de Teologia Isidoro Mazzarolo, José Otacio Oliveira Guedes e Waldecir Gonzaga.