Entrevistas

A obra de Walter Benjamin

A obra de Walter Benjamin

O Colóquio Internacional Pensar Práticas Artísticas Contemporâneas: A contribuição de Walter Benjamin será realizado na PUC-Rio, de terça, 29, a quinta-feira, 31, a partir das 9h30, no Auditório B8 da Ala Frings. De acordo com o diretor do Departamento de Letras, professor Karl Erik Schollhammer, o encontro será uma oportunidade para aproximar as práticas acadêmicas e as práticas artísticas. Além de Letras, participam da organização do encontro o Departamento de Direito, a Université de Paris 8, o Programa de Pós-Graduação em estudos contemporâneos e o espaço Base Dinâmica.

Como o colóquio foi pensado e organizado?

Karl Erik Schollhammer:
 Este é um colóquio diferente dos demais que normalmente são feitos aqui na PUC-Rio, porque é uma colaboração direta entre os parceiros que vão participar. Teremos um grande grupo de estrangeiros que vêm de instituições com as quais nós colaboramos normalmente. É um colóquio pensado como um encontro entre esses participantes, que são quase 30, mas, aberto para o público. A dinâmica do encontro será uma discussão entre especialistas de todo o mundo. Têm pessoas da Sorbonne, da França, da Bélgica, da Universidade de Hamburgo e da Universidade de Copenhague que é uma grande parceira nossa e vem muito fortemente representada.

Qual é o objetivo do colóquio?

Schollhammer:
 O objetivo é unir essas pessoas que representam, cada uma delas, uma abordagem atualizada da obra de Walter Benjamin. O nosso foco, dessa vez, é a obra de Benjamin, que é longamente estudada aqui no Brasil. Nós temos uma abordagem, a esse estudo, um pouco diferente, porque percebemos que a contribuição de Benjamin não só está impactando na academia, mas também nas práticas artísticas, e na própria compreensão do que é fazer arte hoje, como uma grande contribuição criativa. Isso, ao meu ver, é muito interessante porque vai haver diálogo com o teatro, a dança, o cinema, a literatura, e com as artes visuais de uma maneira muito direta.

Qual é a contribuição de Benjamin para a arte contemporânea?

Schollhammer:
 Eu acho que ele traz algo super importante para nós, que é uma proposta de aproximar as práticas acadêmicas com as práticas artísticas. A própria maneira de trabalhar de Walter Benjamin é uma maneira criativa de lidar com os saberes, pensado sempre dentro da sua inserção social e política. Por isso ele é um pensador que se atualiza muito agora, porque coloca para nós esse mesmo desafio que sempre encaramos que é o de como fazer pesquisa, como produzir conhecimento numa sociedade como a atual. Quais os desafios, quais os empecilhos em que nós, como pesquisadores, podemos contribuir da melhor maneira e criativamente impactando com o nosso trabalho no curso de desenvolvimento da nossa sociedade.

Como o senhor acha que Benjamin analisaria a arte nos dias de hoje?

Schollhammer:
 Eu não sei, mas acho que isso será um dos tópicos que alguns trabalhos vão discutir. Estamos falando de um pensador que estava pensando a nossa modernidade, a nossa contemporaneidade, de uma perspectiva da década de 1930. Eu acredito que Benjamin estava pressentindo certos movimentos na própria estetização da nossa sociedade, do próprio impacto da nova mídia, do cinema, isso tudo ele já percebia, apesar de ser uma intuição muito precoce dessa tendência. Ele traz uma reflexão muito importante para nós entendermos hoje como é que isso, de fato, está mudando a nossa visão sobre o que é o mundo.