Entrevistas

A reflexão a partir da prática

A reflexão a partir da prática

Os professores Ney Costa Santos e José Mariani comentaram sobre a organização do encontro.

A primeira Aula Magna do Departamento de Comunicação Social será ministrada pelo cineasta e ex-aluno da PUC-Rio Eduardo Escorel, nesta segunda-feira, 24, às 11h, no auditório do RDC. Haverá mesa de debate com o diretor do Departamento de Comunicação, professor Leonel Aguiar, do Coordenador do Projeto Comunicar, professor Miguel Pereira, Coordenador do Curso de Cinema, professor Ney Costa Santos e organizador da palestra, professor José Mariani.Os professores Ney Costa e José Mariani explicam como será conduzida a aula, que vai prestar homenagem as cinco personalidades com as quais Escorel aprendeu o ofício, além da exibição de trechos de filmes que ele trabalhou. Os professores comentam a importância de proporcionar aos alunos um encontro com o cineasta que, além de ser um pensador do cinema brasileiro influente, está no mercado atualmente.

Qual a proposta desta aula inaugural?

José Mariani: A proposta é que Eduardo Escorel relate a experiência dele nos primeiros anos de carreira profissional desde de 1962 a 1984. Ele vai ministrar uma palestra que conta como aprendeu com seus mestres. Daí o nome “lições com meus másters”, que são simplesmente os cineastas mais importantes do Cinema Novo. No período de formação da carreira, Eduardo teve a oportunidade de trabalhar, durante a juventude, com Joaquim Pedro de Andrade, Glauber Rocha, Leon Hirszman e Eduardo Coutinho. E na palestra ele vai dividir essa experiência, do aprendizado e firmação dele como profissional, desde o início, com esses grandes mestres. É muito pedagógico para o aluno de comunicação ter um contato com esse profissional consagrado.

Como surgiu a ideia de convidar o cineasta Eduardo Escorel para ministrar a aula?

Mariani: O Eduardo deu essa palestra na Associação Brasileira de Cinematografia (ABC) e eu assisti a essa palestra na Cinemateca do MAM, este ano. Eu achei muito impactante esse compartilhamento de experiências como cineasta, conversei com o Ney sobre isso e daí surgiu a ideia. O professor Leonel Aguiar, diretor do Departamento de Comunicação, ficou entusiasmado com a proposta, e por isso ampliou o arco de Cinema, para todo o departamento.

Qual a reflexão pode ser proposta na aula com relação à influência de grandes personalidades do cinema na formação de novos profissionais?

Ney Santos: Você percebe que há um traço, há um mestre inicial que é o Arne Sucksdoff, que forma a geração do Cinema Novo e que, de uma certa maneira, forma o Eduardo Escorel. Ele, por sua vez, forma uma série de cineastas já que ele é coordenador de uma pós-graduação em documentário da FGV, então existe uma linha evolutiva. Não é algo caótico, há uma coerência, um percurso, isso também queremos valorizar, essa função também é da academia. Não é só produzir, também é pensar, criar e pensar. É essa reflexão que é proposta.

Eduardo Escorel é um nome de influência no cinema nacional. Com mais de 50 anos de carreira, ele participou e teve contato com grandes obras e personalidades brasileiras. Qual a importância de proporcionar um encontro entre calouros e jovens estudantes do curso de cinema com o cineasta?

Santos: Como ele é um realizador que está em atividade, é interessante identificar como essas influências, métodos e maneiras de realização se refletiram nos filmes posteriores dele. O último trabalho dele tem uma reflexão da linguagem do cinema renovada, ele é um cara contemporâneo, um realizador, professor e pensador do cinema. No curso de cinema é onde deságua todo o trabalho teórico e técnico, é o exercício prático, e na carreira cinematográfica esses filmes vão se desdobrando em outros filmes, a experiência é acumulativa. Portanto, uma visão retrospectiva dessa experiência é muito valiosa.