Aniversário com grande conquista
10 de agosto de 2012 as 06:30
José Carlos Rodrigues e Everardo Rocha
No ano em que completa 60 anos, o Departamento de Comunicação Social comemora também a abertura da primeira turma do Doutorado, aprovado pela Capes em março deste ano. Os três alunos selecionados começam o curso este mês, com a disciplina obrigatória Teorias da Comunicação. O Coordenador-Adjunto da Pós-Graduação, professor Everardo Rocha, e o professor José Carlos Rodrigues, responsável pela cadeira, conversaram com o PUC URGENTE sobre os desafios e expectativas acerca do curso, coordenado pelo professor Miguel Pereira.
A implementação do Doutorado em Comunicação pode ser considerada uma conquista do Departamento?
Everardo Rocha – O Doutorado é o maior passo já dado pelo Departamento nos 60 anos de história. Este momento é muito bonito porque é o coroamento de um processo de décadas de trabalho. É um orgulho muito grande ter participado desse projeto. É a realização de um sonho poder realmente formar profissionais de reflexão sobre a comunicação, que é fundamental para que o campo evolua, refletindo sobre as práticas e os resultados dessas práticas. Esse sempre foi nosso sonho intelectual. É uma conquista para o Departamento, para a PUC e para o campo da Comunicação.
Como é a estrutura do curso e qual é o principal diferencial?
Everardo Rocha – A seleção oferece cinco vagas. A ideia é fazer um curso profundo, atraente e intelectualmente consistente. A ideia é ter no máximo um ou dois alunos orientados por um mesmo pesquisador no doutorado, com o objetivo de manter uma proporção confortável entre o número de professores e o de alunos, para que a devida atenção possa ser dedicada a eles. Para esta primeira turma, se candidataram 17 pessoas e somente três foram aprovadas. Nossas linhas de pesquisa (Comunicação e Experiência, Comunicação e Representação e Comunicação e Produção) refletem as especificidades do nosso quadro de professores e também o que vem sendo pesquisado nas dissertações de mestrado defendidas nos últimos anos. A estrutura no nosso programa de pós-graduação é um reflexo dos interesses intelectuais dos nossos professores e alunos. E é muito interessante poder realizar esse projeto na PUC-Rio porque nossos alunos podem complementar os créditos fazendo cadeiras de outros departamentos, já que quase todos os departamentos da Universidade têm doutorado. A PUC permite uma mobilidade intelectual grande ao aluno, que pode fazer minha cadeira, a do professor José Carlos, do professor Danilo Marcondes, Roberto DaMata, etc. Isso é muito rico. É um diferencial da universidade. É uma panorama intelectual imenso à disposição dos alunos, e sem grandes custos.
Como será esse primeiro momento do Doutorado?
Everardo Rocha – A primeira cadeira do Doutorado, obrigatória e que funda o curso, é a de Teorias da Comunicação. Ela será dada pelo professor José Carlos Rodrigues, em reconhecimento público e coletivo da capacidade dele como pesquisador sênior, capaz de conduzir bem esses alunos a pensarem como futuros doutores. Acredito que, pelas próximas duas ou três turmas, a cadeira ficará com ele. É um curso difícil, que não se prepara do dia para a noite, e ele já está se dedicando a isso há algum tempo.
Como o senhor reagiu à notícia, professor José Carlos?
José Carlos Rodrigues – Foi uma surpresa ter sido convidado para assumir a disciplina. Eu não esperava por isso, mas desde então passei a mergulhar completamente na preparação do curso.
O que o senhor espera dessa primeira disciplina?
José Carlos Rodrigues – A ideia é que eu possa me posicionar diante das teorias da comunicação para discutir com os alunos a comunicação no mundo contemporâneo, especialmente questões sobre a comunicação de massa. Também espero oferecer algumas ferramentas fundamentais que não são muito fáceis de adquirir, que se baseiem na leitura e no entendimento de conceitos de autores muito influentes no pensamento contemporâneo, como Pierre Bourdieu, Jean Baudrillard, Michel Foucault e Edgar Morin. A ideia é que uma parte do curso seja baseada fundamentalmente naquilo que eu possa transmitir no plano das ideias, e outra parte, naquilo que os alunos podem oferecer enquanto professores candidatos a pesquisadores.
E o senhor identifica algum desafio nesse processo?
José Carlos Rodrigues – Um dado interessante é que todos os alunos selecionados para o doutorado já são professores universitários. É um desafio assumir uma posição magistral diante de colegas, mas a experiência acaba ajudando. Outra questão é a de que, em um Doutorado, eu imagino que os alunos não podem ser muito “alunizados”. Primeiro porque eles já são professores, e segundo porque eles devem sair do curso mais que professores, pesquisadores.