Entrevista

CTC adota novo currículo para as engenharias

Por: Carolina Smolentzov

CTC adota novo currículo para as engenharias

A partir de 2023, os nove cursos de Engenharia da PUC-Rio estarão de cara nova. Em janeiro, entram em vigor em todo Brasil as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos Cursos de Graduação em Engenharia. Alinhadas às demandas de mercado, com mais inovação e empreendedorismo, aprendizado para além das salas e contato com profissão em todo o percurso do curso, as diretrizes vão orientar a reforma curricular da ‘Nova Eng’ da PUC-Rio. O Decano do Centro Técnico Científico (CTC), professor Sidnei Paciornik, explica como as mudanças foram pensadas e serão implementadas.

Quais são as principais mudanças do novo currículo?
Sidnei Paciornik:
O novo currículo tem uma filosofia que chamamos de ‘mão na massa’, para aumentar a atuação dos alunos. Isto vai acontecer pelas cadeiras de projeto integrado. Ele tem também uma componente de empreendedorismo e uma componente de inovação, no sentido de que queremos que os alunos comecem a interagir com demandas do mercado e das empresas o mais cedo possível. Acreditamos que o aluno realmente deve fazer contato cedo com a profissão dele. Ao mesmo tempo, uma das características importantes das engenharias na PUC-Rio é a base científica forte – temos uma formação sólida em física, química e matemática. Por mais difícil que ela seja para o aluno que chega à Universidade, continua sendo fundamental. Nesse sentido, nós preservamos essa solidez da formação básica e também construímos um conjunto de disciplinas interdepartamentais. O aluno vai perceber neste processo que o conhecimento não é formado por pílulas, ele tem uma característica mais integrada, mais interdisciplinar.

Como funcionam as cadeiras de projeto?
Paciornik:
As cadeiras de projeto são muito importantes porque elas acompanham o aluno desde o primeiro até o último semestre. As engenharias são divididas em dois módulos: o ciclo básico e o ciclo profissional. Especialmente no ciclo básico, as cadeiras vão sempre existir com um projeto e dialogar com uma componente técnica e com o que chamamos de soft skills, que são as habilidades sociocomportamentais, como empreendedorismo e liderança.

Como o novo currículo dialoga com as demandas e mudanças do mercado?
Paciornik:
Estamos fazendo essa reforma por duas razões: porque percebemos a relevância de fazer a reforma, e também porque éramos obrigados a fazê-la por conta das novas diretrizes curriculares nacionais do Ministério da Educação. Essas diretrizes tiveram uma forte influência das empresas e das indústrias. A tecnologia muda todo dia, temos que ajudar o profissional a ser competente para aprender. Nesse sentido, a reforma contempla um pouco esse input do setor produtivo que pediu uma renovação do ensino, atende a uma visão nossa dessa renovação, e estávamos preparados para fazer isto. Eu acredito que vai ter um bom impacto. Esta reforma vai realmente preparar o aluno para o mercado de trabalho, que é dinâmico, e está em mudança o tempo todo. Além disso, esta reforma, que estamos chamando de Nova Eng, é para as engenharias, mas, quando mudamos o currículo, tivemos que mexer no ciclo básico, com disciplinas dos departamentos de Física, Química e Matemática. Então, eles são atores participantes deste processo também.

Como os alunos que já ingressaram na Universidade podem usufruir das mudanças?
Paciornik:
Essa foi uma das nossas preocupações também. Os alunos que estão na PUC podem se interessar por isso, e os que entraram neste ano podem cursar essas disciplinas do currículo de transição que vão ajudá-los a passar para o novo currículo. Tentamos atender prioritariamente aqueles que entraram recentemente, para conseguir fazer uma migração organizada.

Como o novo currículo vai ajudar os alunos durante a graduação?
Paciornik:
Acreditamos que essa ideia de projetos, cadeiras interdepartamentais e interação com a indústria de empreendedorismo são motivadoras. Achamos que o ensino tradicional de sala de aula e quadro precisa avançar, pois muitos alunos se desmotivam com ensino tradicional. Como dizia o meu antecessor no cargo, professor Silva Mello, nos últimos 300 anos a única coisa que não mudou foi a sala de aula, o que é um absurdo. Por isso, apostamos que a reforma vai mudar a maneira do aluno aprender e também a maneira de o professor ensinar. Acreditamos que, mesmo com dificuldades, o aluno terá motivação e estamos com uma série de ações para que isto aconteça. Por exemplo, está agora em reforma um espaço da PUC-Rio que vai se transformar em um laboratório de experimentação para graduação. Estamos construindo um espaço em que o aluno terá oportunidade de desenvolver protótipos envolvendo produtos, soluções, softwares e conversando com os alunos de engenharia mecânica, design, arquitetura e sociologia.