Na quinta-feira, 15, ocorre a inauguração do Selo Cátedra 10, projeto que comemora os dez anos da Cátedra Unesco de Leitura, em parceria com o Instituto Interdisciplinar de Leitura (iiLer). A cerimônia vai premiar os dez títulos que mais se destacaram no cenário da literatura infantil e juvenil. A cerimônia será no auditório do CTC, às 16h. O diretor do iiLer, Alessandro Rocha, e Francisco Camêlo, pesquisador do iiLer, contam um pouco sobre a proposta da Cátedra.

Qual é a proposta do Cátedra 10?

Alessandro Rocha: Em 2016, fizemos dez anos, e o selo Cátedra 10 faz parte dessa série de comemorações. A Cátedra Unesco de Leitura está na PUC desde o início. A Unesco tem uma série de cátedras sobre assuntos diferentes, e a nossa é a única cátedra de leitura. Desde a criação, fomos muito acolhidos pela PUC. Em comemoração, fizemos uma série de atividades, e uma delas foi a criação de um selo, que visava fazer uma seleção de títulos de literatura infantil e juvenil, e uma distinção dos dez mais importantes, segundo a nossa seleção. É a primeira edição desse selo, e ele está no âmbito de criação da Cátedra.

Francisco Camêlo: O selo de distinção e o selo de seleção fazem parte das comemorações dos dez anos. E, no início de 2016, enviamos às editoras uma carta-convite, pedindo que nos enviasse as obras publicadas. As obras foram analisadas pelos pesquisadores do Grupo de Estudos em Literatura Infantil e Juvenil (GELIJ), um grupo com caráter interdisciplinar, que é composto por pesquisadores das áreas de arte, letras e biblioteconomia. Ele foi criado em 2014, trabalha como leitor crítico e foi responsável pela eleição dos livros de qualidade e pelos livros de excelência, que são os premiados. Os critérios do grupo para a avalição foram temas e gêneros diversos, portanto não priorizou categorias e faixas etárias. O grupo se atentou, principalmente, na qualidade artística do diálogo entre texto e imagem, no livro infantil.

Qual a estrutura da premiação?

Camêlo: Essa premiação do Selo é pioneira, porque sai do ano em curso. Na cerimônia de entrega de prêmios, haverá uma mesa-redonda com especialistas do grupo, que vão ter uma conversa afiada com editores, escritores e ilustradores, tanto das obras que vão receber o selo de distinção quanto os que compõem a seleção.

Como está o cenário da literatura infantil e juvenil?

Camêlo: A literatura infantil, hoje, se caracteriza, principalmente, pela qualidade das obras. A literatura infantil está à frente da chamada “literatura adulta”, porque ela antecipa certas discussões que demoram a engatar, nos estudos literários, como a questão dos livros digitais. Na nossa premiação temos um livro digital. Uma questão que era, até certo tempo, importante era se a literatura infantil pertencia ao campo artístico literário ou ao campo pedagógico. Essa questão já foi superada. Muito mais importante do que definir se ela integra esse campo ou aquele é ficar atento à qualidade do objeto lido. Hoje em dia, a cadeia de autores, ilustradores e editores exploram esse caráter fronteiristico da literatura infantil com muita criatividade, criando objetos estéticos inventivos, polissêmicos e interativos, como os livros digitais.

No que a literatura infantil se destaca?

Rocha: Esse caráter artístico dificilmente é recuperado pela literatura adulta. A produção editorial do livro é muito empobrecida. As pessoas acham que a questão artística parece até uma muleta para as crianças, como se elas precisassem disso e os adultos não, então só há aquele texto chapado. Há um empobrecimento na medida em que se abandona a literatura infantil.

Camêlo: Acho louvável a produção de teses e dissertações sobre livros infantis. Livros desse segmento suportam uma análise teórica e sustentam uma auto discussão conceitual. Isso mostra a qualidade e maioridade dessa literatura. É um objeto entre arte e educação, que, ao mesmo tempo, propicia informação crítica, social e cognitiva, serve para entreter. O livro infantil se caracteriza pela sua arte interdisciplinar.