O Mestrado Profissional em Ciência da Sustentabilidade da PUC-Rio, primeiro curso de pós-graduação do Brasil na área, vai encerrar as inscrições no dia 27 de março. A coordenadora do mestrado, professora Agnieszka Latawiec, e o coordenador adjunto, professor Rogério Oliveira, explicam o programa que atrai profissionais de várias formações. Segundo eles, a Ciência da Sustentabilidade é capaz de desenvolver soluções concretas para problemas constantes, por meio do diálogo interdisciplinar e inclusivo. O curso é oferecido pelo Departamento de Geografia e Meio Ambiente, em parceria com o Instituto para Sustentabilidade (IIS) e o Centro de Ciências da Conservação e Sustentabilidade (CSRio).

Como surgiu o Mestrado? De onde vem a inspiração?
O curso de Mestrado Profissional em Ciência da Sustentabilidade foi criado a partir de interesses de docentes e pesquisadores de diversos departamentos da PUC-Rio e de outras instituições do Rio de Janeiro, como: organizações do terceiro setor, demandas do setor público e parceiros internacionais como a Universidade de Cambridge, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Convenção de Diversidade Biológica e o Painel Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). Esta integração de diferentes olhares convergiu para trilharmos o caminho que hoje seguimos.

Qual o objetivo do curso? Quais são as expectativas?
Vivemos hoje momentos de gigantescos desafios para o chamado desenvolvimento sustentável. Muitos desses problemas são “varridos para debaixo do tapete” da sociedade, como os efeitos das mudanças climáticas, o sobreuso dos recursos naturais, a degradação ambiental e a urbanização desordenada que geram e intensificam as desigualdades que ameaçam a sociedade como um todo. O Mestrado tem por objetivo central apresentar à sociedade algumas alternativas a esses recorrentes problemas, sempre à luz da Ciência da Sustentabilidade.

Sobre a ciência da sustentabilidade: O que o curso traz de novo?
Já existem iniciativas acadêmicas com interesses próximos, como cursos de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável ou em Conservação da Natureza. No entanto, o enfoque que trazemos, o da Ciência da Sustentabilidade, coloca o curso em um patamar diferente e com conexões com pesquisas de grande alcance desenvolvidas em outros países. A Ciência da Sustentabilidade constitui uma interdisciplina que vem se pavimentando com pesquisas de ponta que integram ciências tanto físicas e biológicas quanto sociais. Ciência da Sustentabilidade promove diálogo das diferentes ciências para solucionar problemas complexos.

Quais são os desafios de abordar este tema em um país com pouca tradição na valorização da ciência e da sustentabilidade?
Estamos vindo de uma era muito próxima que se caracterizou por atitudes de negação da
ciência em nome de uma exploração sem limites do capital natural do país. Esta negação teve como consequências a gradual perda de controle dos mecanismos da sociedade relativos à sustentabilidade das gerações, ao uso racional dos recursos públicos e, principalmente, nas políticas públicas voltadas para camadas da população marginalizadas. O desafio é justamente se equilibrar entre duas crescentes necessidades. A primeira é a demanda de um mercado corporativo. A segunda são os processos históricos de exclusão que, em parte, é atendido pela contribuição da Ciência. Estes desafios podem ser resolvidos pelo diálogo inclusivo entre setor privado, terceiro setor, setor público e academia.

Como foi o processo de elaboração do currículo e o que ele busca contemplar?
Como se trata de um curso de Mestrado Profissional, a procura por soluções concretas é a base da elaboração do currículo. O curso tem uma grande procura por profissionais de diversas áreas, como sociólogos, biólogos, engenheiros, advogados, geógrafos, só para citar as mais usuais. Assim, o currículo procura sempre um equilíbrio entre disciplinas que funcionam como uma ferramenta e têm aplicabilidade imediata e disciplinas de cunho mais reflexivo e formativo. O produto final do mestrado pode ser tanto uma dissertação habitual como algum produto voltado para necessidades específicas do mercado ou de segmentos da sociedade.