Entrevistas

Ensinamentos Inacianos para jovens

Ensinamentos Inacianos para jovens

Com o objetivo de estimular o desenvolvimento da dimensão espiritual, o padre Paul Schweitzer, professor do Departamento de Matemática, e Patrícia Rodrigues, da Pastoral Universitária, estão organizando um retiro com base nos ensinamentos de Santo Inácio de Loyola. O encontro, chamado de Exercícios Espirituais para Jovens, ocorre durante os dias 6 e 8 de março, na Casa de Retiros Santa Juliana, Freguesia, para jovens de 18 a 32 anos. A taxa é de R$ 70 e as inscrições podem ser feitas até a véspera do encontro pelo e-mail exerciciosrio@gmail.com.

Qual é a motivação pessoal de vocês para organizar esse encontro?

Padre Paul Schweitzer: Eu acho que muitas pessoas têm um conceito de Deus como um carrasco, que quer punir, um Deus negativo. Isso é uma caricatura completamente errada, porque Deus quer o nosso bem, nos criou por amor. É importante para as pessoas conhecerem esse Deus bom. E eu acredito que esses momentos, que proporcionam o silêncio, a conversa com Deus, a partir de leituras da Bíblia, contribuem para isso.

Patrícia Rodrigues: O ser humano está muito sedento de transcendência, a humanidade está muito sem sentido, em busca de alguma coisa que não sabe nem o que é. E, infelizmente, há uma resistência muito grande à espiritualidade, a uma busca de uma religião qualquer. Eu acho que no fundo é isso o que as pessoas estão querendo e não sabem. Essa é a oportunidade de as pessoas, talvez, encontrarem consigo mesmas, com seus objetivos mais profundos. É pela espiritualidade que você tem um encontro com o seu eu mais profundo, e isso não acontece no dia a dia, nessa agitação em que vivemos.

Como será a divisão dessas cinco etapas?

Patrícia: Nós partimos dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola que foram concebidos, inicialmente, para serem dados em quatro semanas. No retiro de jovens, nós adaptamos para cinco semanas. Na primeira etapa, tentamos despertar no jovem a noção de que ele é amado, e o que há de bom na vida. Em seguida, é o início de uma reforma de vida, a noção de que eu poderia ser mais. É o que nós chamamos de Magis. Na terceira semana, propomos conhecer a história de Jesus Cristo. Não consideramos que o Evangelho é uma letra morta. É preciso confrontá-lo com a sua vida. É o que chamamos de contemplação Inaciana. Depois, nós convidamos os jovens a conhecer o amor que Jesus Cristo deixou no mundo. É o que chamamos de “contemplação para alcançar o amor”, que conclui esse processo.

Padre Paul: Eu acho que a experi- ência de Santo Inácio de Loyola é fundamental para esse processo. Os exercícios espirituais que ele organizou cabem nos dias atuais, porque podem ajudar as pessoas a sentirem o que Deus está oferecendo como caminho do bem. Oferecemos a primeira etapa mais de uma vez ao ano, porque não se pode participar de outras etapas sem passar pelas que a antecedem. Há um progresso e, quando se está construindo um prédio, não se pode construir o terceiro andar antes do primeiro.

Quais atividades serão oferecidas durante o retiro e como vai ocorrer a dinâmica do encontro?

Patrícia: Existem várias metodologias que podem ser aplicadas, mas como este retiro é voltado para o jovem – um público que não está acostumado a se interiorizar –, nós utilizamos momentos de oração em silêncio intercalados com as dinâmicas. É um convite para as pessoas ficarem sozinhas pensando na existência, à luz do Evangelho. Essa é a primeira etapa de cinco e, progressivamente, os encontros vão se tornando cada vez mais introspectivos.

No mundo de hoje podemos afirmar que a realização de retiros é uma medida que, entre outros objetivos, procura atrair o jovem para a Igreja Católica?

Patrícia: Esperamos que sim, mas nosso objetivo principal é que transforme a vida da pessoa. É fazer com que o ser humano se torne mais integrado, com valores. Se você vai ser uma pessoa ativa na Igreja, isso é uma decisão muito pessoal. Não sou a favor de “estratégias de marketing espiritual”. Nossa estratégia não é uma coisa imposta, alienante, mas que vai ao encontro do outro. Propomos, não impomos.