Entre os melhores do Festival do Rio
21 de setembro de 2012 as 06:30
José Mariani e Marcelo Taranto
Dos 29 curtas-metragens selecionados para a 14ª edição do Festival do Rio, seis são da PUC. São eles: Souvenirs de verão, de Luiza Carneiro e Marina Erlanger, Bárbara em cena, de Ellen Ferreira, O sonho de Laura, de Sabrina Carauta e Jasmin Sánchez, Condição, de Victor Quintanilha, Palhaços não choram, de Luisa Mello, e Agoniza, mas não morre, de Gabriel Meyohas, sendo que os três últimos estão concorrendo na Mostra Competitiva. Desenvolvidos nas disciplinas Projeto de Filme I, com o professor José Mariani, e Projeto de Filme II, com o professor Marcelo Taranto, os curtas estão representando o curso de Cinema no Festival. Os professores, que orientaram as equipes no processo de produção, conversaram com o PUC URGENTE a respeito da seleção e do que ela representa para o curso.
É a primeira vez que projetos acadêmicos de alunos passam para festivais do porte do Festival do Rio?
José Mariani: Quando você vai inscrever um filme em um festival, universitário ou não, você tem uma quantidade enorme de filmes. O processo seletivo é muito exaustivo pela quantidade. Então o filme que passa por esse filtro, tem méritos. O que está acontecendo agora é que um número expressivo de filmes da PUC furou, ao mesmo tempo, essa barreira dos festivais. Anteriormente, os alunos já buscavam participar de festivais, universitários e não só universitários, mas esse conjunto, seis ao mesmo tempo, é que é interessante.
Marcelo Taranto: Acho também que é uma evolução do processo implantado pelo Departamento e pelo Mariani e por mim. Nada é por acaso. A maneira como o processo foi amadurecendo, a maneira como isso foi sendo feito, com contratos, banca de professores, a ideia de financiamento, saber lidar com recursos, não é só uma questão de fornecer equipamentos. Tudo isso faz com que hoje sejam feitos filmes maduros, filmes com propostas maduras. Conseguir unir conteúdo e qualidade de produção faz com que o filme, realmente, tenha chance.
Como vocês, professores, se sentem em relação à classificação dos filmes para a Mostra Competitiva?
Mariani: Acho que é natural, em certo sentido. Acho que, quando o aluno acredita no próprio projeto, é natural que isso ocorra. Está muito na mão do aluno colocar energia, criatividade, o que ele aprendeu no projeto. Quando o trabalho é feito com empenho, a qualidade é uma consequência natural. É mérito dele. Aí essas coisas acontecem. Você não faz filme por sorte, por acidente. É trabalho.
Taranto: Eu sinto primeiro uma satisfação, porque é exatamente isso, o resultado de um trabalho. Ainda mais com dois filmes que eu reconheço com grande valor, Palhaços não choram e Condição. Certamente é muito valoroso eles terem entrado na competição. Eu sinto como um reconhecimento do trabalho de um todo, de uma equipe, professor, alunos, universidade.
De que forma vocês acham que a PUC colaborou para isso?
Mariani: A PUC está estimulando muito que os alunos exibam os filmes fora da Universidade. Acho que essa é uma tendência das grandes escolas de cinema do mundo inteiro, estimular que os alunos completem o ciclo do filme ao levá-lo ao público. Acho que essa seleção de seis filmes é fantástica porque foram realizados ao mesmo tempo. Estão representando muito bem um conjunto dessa geração de cinema universitário da PUC.
Taranto: O papel da Universidade é enorme. A política traçada pela direção do Departamento, ou seja, o nível de investimento que o Departamento vem colocando, uma série de iniciativas da Universidade, desde os equipamentos até o aumento dos valores de cada curta, a autonomia dada aos professores, a gestão que é feita, tudo isso tem papel fundamental no resultado desses filmes. Não tenho a menor dúvida disso.
Que impacto essa seleção deve gerar para o curso de Cinema?
Mariani: Eu acho que isso no curso de Cinema deve virar rotina. A minha expectativa é que todo semestre tenha um conjunto de filmes participando dos mais diversos festivais, nacionais e internacionais. Ou seja, que o curso de cinema continue produzindo e que esses filmes desaguem, tenham visibilidade.
Taranto: Para um curso que tem só sete anos de existência e já conta com projetos com esse tipo de proposta e maturidade, é maravilhoso. Eu espero que os alunos realmente comecem a ter a noção de que aqui não é tapete vermelho, mas sim lugar de se pensar e produzir cinema com maturidade e responsabilidade. A classificação dos filmes para o Festival foi um estímulo para o curso e espero que isso prolifere pela Universidade toda.